segunda-feira, 14 de setembro de 2020

 

ARTE MALUNGA: processo criativo

Um  enorme desafio a minha pretensão de juntar desde a arte egípcia até algumas manifestações tributárias de diversos grupos étnicos africanos contemporâneos.

O encanto que a imagética africana provoca em nós na diáspora negra, me parece, no geral, não ser compartilhado pelos nativos do continente.

Meu contato com a arte africana se deu primeiramente com a mediação do educativo do Museu Afrobrasil, da cidade de São Paulo/SP. É deste Museu uma boa parte do acervo de catálogos, fotos (imagética, enfim) que utilizo . Faço visitas sistemáticas desde 2006 para acompanhar as pesquisas e acervo do Museu. Em 2006 fiz um curso sobre Arte Africana cm uma educadora do Museu e desde então venho buscando compreender as funções de cada máscara ou iconografia que utilizo, mas sempre existe um profundo vazio deixado pelo período escravocrata nas nossas subjetividades negras.

O encontro de uma peça que desejo elaborar não tem um critério definido. Já utilizei de tudo: escolhi cerca de 80 etnias africanas das quais queria ter uma peça perto de mim. As peças produzidas pela cultura yorubá estiveram em primeiro lugar. Fiz o Velho Yorubá “com profundas escarificações no rosto” e em seguida tentei seguir o roteiro de confecção de máscaras, mas não consegui.


Velho Yorubá -modelada em papel-machê


peça e foto de Ivonete Alves - 2006


Para chegar á esta Exposição, em 2020, aprendi a modelar o barro. A técnica ancestral na produção da cerâmica à partir da modelagem do barro foi um dos aprendizados mais acalentados com tive.
Aprendi em um cuso no Sesc Thermas de Presidente Prudente, com o Prof. Kleber José da Silva da Universidade Federal de São João del Rei e nosso amigo Deva Bagtha, agora funcionário do Sesc Unidade de Birigui.

o curso de Cerâmica coordenado pelos dois professores foi fundamental para que eu tivesse segurança, principalmente no processo da queima do barro. Importante lembrar que o Prof. Kleber estava realizando estudos que resultou no seu doutoramento no Instituto de Artes da Unesp em São Paulo: "A construção de fornos de baixo custo para queimas cerâmicas em alta temperatura: um percurso alternativo", defendida em 2017.(Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/150545>.)


Curso de cerâmica ofertado na Unicamp em 2017

foto: divulgação
Processo de elaboração de formas em gesso para produção de símbolos adinkras pelas alunas do Curso de Cerâmica ancestral



Assim, o processo de elaboração desta Exposição atual foi sendo construído à partir dos saberes de várias pessoas, na colaboração de ente interessada na arte negra brasileira, tributária da arte milenar africana.

               Peça inspirada no símbolo adinkra "fofoo", confeccionada com abaymis e tecido

Arte Malunga está em Processo.








quarta-feira, 2 de setembro de 2020

 Mocambo APNs Nzinga Afrobrasil e meu trabalho com arte afro-brasileira

Os anos passaram e ficou muito difícil manter em espaços diferentes o meu trabalho como artista plástica, educadora, professora de artes, malunga mais velha de um Mocambo e pesquisadora, além de várias outras atividades que venho exercendo.

Então vieram as novas formas de comunicação: facebook, twuiter, sites e agora o instagram. Na verdade formas de comunicação que tentam atingir o maior número possível de pessoas

Acontece que não tenho como atender milhares de pessoas com o meu trabalho. Até porque posso até ter estas ações comemoradas por milhares de pessoas, mas elas só tem valor para mim, diante da minha ancestralidade negra se for inspirada em ações realizadas, avaliadas e compartilhadas com o grupo de pessoas da comunidade onde vivo. 

Então vou continuar utilizando este blog e doravante vou publicar o que estamos realizando no momento, inclusive as propostas de trabalho planejada para ir a público à partir de outubro de 2020.


ARTE MALUNGA (a gênese)


Esta exposição começou a ser planejada há mais de uma década, quando fizemos uma Exposição de Arte Afro-Brasileira nos muros da nossa casa. Em maio de 2009, esta primeira Exposição trouxe peças de inspiração afro definida, como uma máscara Gueledés, Fang, Choke e outras. Além do trabalho coletivo nosso com uma peça inspirada  em obra da  Feira de Futungo de Angola.

E assim fomos confeccionando confeccionado as bonecas abayomis. Um desafio: produzir 4 mil bonequinhas de retalhos.




As primeiras semanas fizemos experiências no processo de confecção das abayomis, até que conseguimos produzir 100 peças de qualidade. Organizando a produção chegamos à meta de produzir 200 bonecas por mês.


Agora estamos na etapa de montagem de algumas obras:



A KILO Roxo.
1,20 mX 0,90. Base aramada em metal pintado, com tela aramada.



Orixalás


E assim segueremos.




quinta-feira, 21 de março de 2019


Descrição: C:\Users\ivonete\Desktop\AT WORDS E PASTAS\ADINKRA\2014-09-01 18.19.17.jpgDescrição: C:\Users\USUARIO\Desktop\FOTOS cerâmica etc\DSCN2482.JPG












O gesso é um material utilizando desde o Egito Antigo. Há uma peça da Rainha Nefertith em gesso, que foi mantida preservada até os dias atuais. Os traços negroides são facilmente perceptíveis nesta peça.
Descrição: C:\Users\ivonete\Desktop\AT WORDS E PASTAS\ADINKRA\2014-09-16 01.13.42.jpg





Descrição: C:\Users\USUARIO\Desktop\FOTOS cerâmica etc\DSCN2490.JPG
Cerâmica Ancestral – Aula 02
Na nossa primeira aula fizemos uma massa cerâmica, usando uma mistura de argila com alto teor de areia e uma massa cerâmica já pronta para modelagem. A mistura é ideal para queima em fogo de lenha, com testes já realizados.
Nesta segunda aula vamos trabalhar os moldes para fabricação de peças usando a massinha para modelar.
A sugestão é que façamos peças com adinkras.
Símbolos adinkras
           














             DUAFE – o pente ritual                                        SANKOFA – pés no presente, sem esquecer o passado, em direção ao futuro.


















A palavra adinkra,  significa "adeus" no idioma Twi, falado entre os akan. Conforme escreveu Nei Lopes para a professora Elisa Larkin, é possível ainda desmembrar a palavra em "di" e "nkra", ou seja, despedir-se do "kra" (alma), da maneira que fez o rei de Gyaman quando deixou seu legado.
Existem mais de 400 símbolos organizados. No Brasil uma boa fonte de pesquisa é o livro Adinkras: Sabedoria Africana, organizado pela Prof. Elisa Larkin Nascimento, com desenhos de Carlos Gá.

Técnica:
Modelagem com massinha para produção de forma em gesso






Modelar a peça com massinha para produzir a forma de gesso no formato do Sankofa, com tamanho entre 3 e 5 cm. Evitar fazer partes muito fininhas, pois no processo de produzir a peça em cerâmica, estas partes podem quebrar com facilidade. Então, as patas do Sankofa devem ser um pouco mais grossas, mesmo que depois, quando a peça estiver em ponto de couro, sejam afinadas.

Modelagem  da forma para produção da forma dos adinkras


Faça um círculo com um papelão firme, cerca de uns 4 cm maior que as laterais da forminha.
Corte um fundo de papelão um pouco maior que o diâmetro do círculo. Prenda bem com fita crepe.
Fixe a forma com fitas, evitando deixar espaço entre as partes. O leite de gesso pode vazar pelos espaços ao ser despejado na forma.

Base de gesso para modelar e ajudar na secagem da massa cerâmica


Além de ser excelente como forma, o uso do gesso ajuda a retirar a água da peça em massa cerâmica.

 Material para fazer o leite de gesso…
          água potável
          bacia  ou balde de plástico














          batedor (pode utilizar as mãos para homogeinizar)
          lixeira
          lugar para lavar ferramentas, mãos, etc.

1) A água usada para fazer gesso deve ser sempre limpa.
2) A bacia ou balde deve ser de plástico ou borracha, para facilitar a sua limpeza ( o gesso que sobra endurece no fundo da bacia, com uma pequena torção fará saltar fora o excedente).
3) O batedor poderá ser uma colher , garfo, espátula, etc., qualquer tipo de misturador de metal ou madeira.
Também pode ser limpo com uma pequena torção, raspado com uma espátula ou até batendo com martelo no gesso endurecido, caso o volume de material assim o exija.
4) O gesso deve ser o stucco (normal, usado na construção civil), de boa qualidade e recentemente fabricado.
As grandes lojas de materiais são o melhor lugar para comprar pela alta rotatividade de estoque. Quando comprado em sacos de 20 ou 40 quilos seu preço é mais acessível.
Não pode estar empedrado ou com embalagem úmida.
5) A espátula é muito útil para raspar os restos de gesso endurecido e as ferramentas
6) A lixeira é o recipiente para onde irão todas as sobras do material.
Obs: Nunca faça um novo gesso numa bacia que contenha restos de um gesso anterior.
Como fazer o gesso
 Colocar um pouco água limpa e na temperatura ambiente no fundo de um recipiente.
Sempre a água em primeiro lugar, depois o gesso.
 A seguir derramar na água (com a mão) o pó de gesso, como se estivesse peneirando, até formar uma ilha.
Deixe repousar por um ou dois minutos a fim de  o gesso absorva bem toda a água. Em seguida  misture com vigor com uma espátula (colher. garfo, etc…)
Quando a mistura estiver homogênea e sem caroços, o gesso estará pronto para ser usado.
Agora é preciso rapidez já tendo pronta a forma e o recipiente para fazer a forminha para a massa cerâmica.
 Por esta razão ( rapidez ) é que se trabalha sempre com pequenas porções.
É natural que o gesso aqueça durante o processo de endurecimento.

Usando as formas para produzir moldes para os adinkras

A peça a ser produzida nas formas de gesso deve ter o tamanho exato modelada em massinha. Caso a massinha esteja muito mole, misture com outra massinha um pouco mais firme. Alé do duage e do Sankofa vários formatos podem ser modelados, como os muiraquitãs, por exemplo.

Descrição: C:\Users\USUARIO\Desktop\FOTOS cerâmica etc\DSCN2476.JPG

Lembrar que estamos trabalhando com cultura afro-brasileira e os símbolos adinkras são importantes como modelo estético para o trabalho. As técnicas utilizadas foram pensadas par ao trabalho na escola também.

Descrição: C:\Users\USUARIO\Desktop\FOTOS cerâmica etc\DSCN2489.JPG


A história das Abayomis no Brasil



História das Abayomis no Mocambo APNs Nzinga Afrobrasil
Uma versão de Ivonete Alves

Dizem que em alguns navios negreiros (ou tumbeiros) eram transportadas “cargas especiais”, do tipo meninas de carnes roliças, mulheres para serem parideiras-amas-de-leite, e crianças pequenas para crias de dentro, uma espécie de bichinhos de estimação das crianças filhas de senhores de escravizados.
Para que revoltas não fossem organizadas dentro desses navios negreiros, os traficantes de escravos que serviam ao Brasil, habituaram-se em separar suas famílias originais e até mesmo pessoas dos mesmos grupos étnicos. Falando línguas diferentes (sem saberem as línguas de viagens, porque não eram comerciantes de rotas), alguns de grupos rivais até no campo de batalha no território africano; o laço apertado da escravização segurava alguns impulsos. As crianças pequenas choravam muito e as mulheres com as tetas vazando o leite precioso de suas crias, deixadas para morrer no solo africano (quando não havia ninguém interessado nas criancinhas pequenininhas, transformadas em pequenos pacotes de carnes macias para os felinos) também choravam desconsoladas, até que o choro das criancinhas pequenininhas traziam as mulheres de volta à vida, que seguia pulsando e em um gesto de consolo mútuo, as que traziam as capulanas sobre sua pele negra, rasgavam com os dentes fortes, tiras de suas vestes, e dando nós apertados faziam bonequinhas.
Estas bonecas de nós, com o corpo preto como ébano, são até hoje vestidas com tecidos coloridos, chegando aos nossos dias como abayomis, que em yorubá (não se sabe ao certo) significa “encontro precioso”.
As abayomis tornaram-se então, no Brasil, um símbolo de força e coragem, da arte que brota da dor para colorir, perdoar e encher de esperança o povo negro desse país.

 




Cada boneca destas constroe uma ponte com nosso passado ancestral. 

terça-feira, 22 de maio de 2018

Aulas 03 e 04 de Cerâmica ancestral


Cerâmica Ancestral – aulas 03 e 04

Na aula 01 tivemos um contato inicial com a produção de massa cerâmica: uma mistura de barros para produzir uma massa que suporte a queima ancestral, sem rachar.
Estamos denominando queima ancestral a realizada com madeiras naturais, com a  ajuda de galhos finos para aumentar a temperatura da queima, do meio até as etapas finais do processo. Este tipo de queima teve uma ampla difusão, em todas as partes da Terra e vários povos criaram suas formas de queimar ou cozer o barro, transformando suas propriedades.
Nesta aula vamos modelar uma peça fundamental na cultura afro-brasileira que é o Exu ou a Pombagira. Primeiro modelei os Exus e já na minha primeira queima, em respeito à minha ancestralidade, modelei um Exu. Aos poucos fui me perguntando por quais razões não tinha criado e modelado uma Pombagira e então fui modelando uma orixá Pombagira. Minha intenção é também oferecer uma oportunidade de relação de afeto positivo com estas entidades do Candomblé e da Umbanda tão pouco compreendidos e usados para ofender  o povo preto e suas iconografias de fé, que também são fundamentais para quem trabalha e pesquisa as iconografias de matriz africana no Brasil.
De qualquer maneira, as pessoas que mais se interessam por estas peças são as filhas e filhos de fé das religiões de matriz africana.
Peço licença aos meus mais velhos e mais velhas para compartilhar o que aprendi com minha ancestralidade e ensinar um pouco da modelagem destes seres de nossa proteção.

Modelando um Exu ou uma Pombagira

Nossa primeira tarefa será fazer uma bola de papel, prendendo bem com um barbante ou linha. A bola pode ser feita com papel  machê e seca ao sol, ou mesmo em local coberto. Lembre-se que a bola deve ser menor que a cabeça do Orixá. Então para confeccionar uma peça com uns 12 cm de altura, faremos uma bola com no máximo 2,5 cm de raio.

Veja abaixo alguns modelos de bolas de papel para fazer as modelagens em cerâmica:




A próxima etapa é bater e preparar a massa cerâmica, como ensinamos na aula 1.


Recubra a bola de papel com a massa cerâmica, deixando massa suficiente para modelar a boca, os olhos e a cabeça da peça. Vamos modelar somente o rosto, pois fazer uma peça com membros neste momento é mais difícil.



Tanto o Exu, como a Pombagira  que modelo possui chifres “móveis”, pois foi desta forma que estas entidades se presentaram à minha percepção, já que são trabalhadoras e trabalhadores de proteção, em situações onde a aparência “bruta” se faz necessária.
Na peça acima já deixei a massa no jeito de modelar os detalhes da pele, dos olhos, boca, orelhas e chifres.
Montada esta etapa basta que, com paciência, vá modelando os olhos, boca e outras detalhes da peça. Caso não consiga finalizar a modelagem, guarde a peça com uma chuviscada de água, em embalagem de plástico e continue modelando no dia seguinte. Evite que entre ar de fora, senão a peça seca e aí não é possível mais continuar modelando. Ainda será possível esculpir a peça, mas é muito mais trabalho e exigirá uma boa ferramenta de corte.

A peça final deve estar mais ou menos assim:




Este Exu já foi queimado e decorado com sementes e búzios, além do uso de uma tinta em relevo. A Pombagira que fiz, acrescentei o cabelo e uma cor nos lábios.

Paper clay – argila com papel ou com fibras naturais batidas em liquidificador

Esta mistura pode ser usada quando a pessoa tem pressa para fazer uma peça e quer queimar logo.
Bata metade de argila com metade de papel jornal ou massa de papel já pronta no liquidificador. Deixe escorrer ou aperte bem para retirar o excesso de água. Vá secando a massa em uma base de gesso ou sobre tecidos velhos até conseguir uma boa consistência.
Para este processo é bom deixar o papel de molha na água um dia antes. Estando bem hidratado, o papel vai bater mais fácil e produzir uma massa de modelagem mais homogênea.



terça-feira, 15 de maio de 2018


Cerâmica Ancestral – Aula 02

Na nossa primeira aula fizemos uma massa cerâmica, usando uma mistura de argila com alto teor de areia e uma massa cerâmica já pronta para modelagem. A mistura é ideal para queima em fogo de lenha, com testes já realizados.
Nesta segunda aula vamos trabalhar os moldes para fabricação de peças usando a massinha para modelar.
A sugestão é que façamos peças com adinkras.



Símbolos adinkras
           

             DUAFE – o pente ritual                                        SANKOFA – pés no presente, sem esquecer o passado, em direção ao futuro.
A palavra adinkra,  significa "adeus" no idioma Twi, falado entre os akan. Conforme escreveu Nei Lopes para a professora Elisa Larkin, é possível ainda desmembrar a palavra em "di" e "nkra", ou seja, despedir-se do "kra" (alma), da maneira que fez o rei de Gyaman quando deixou seu legado.
Existem mais de 400 símbolos organizados. No Brasil uma boa fonte de pesquisa é o livro Adinkras: Sabedoria Africana, organizado pela Prof. Elisa Larkin Nascimento, com desenhos de Carlos Gá.



Técnica:
Modelagem com massinha para produção de forma em gesso







Modelar a peça com massinha para produzir a forma de gesso no formato do Sankofa, com tamanho entre 3 e 5 cm. Evitar fazer partes muito fininhas, pois no processo de produzir a peça em cerâmica, estas partes podem quebrar com facilidade. Então, as patas do Sankofa devem ser um pouco mais grossas, mesmo que depois, quando a peça estiver em ponto de couro, sejam afinadas.

Modelagem  da forma para produção da forma dos adinkras




Faça um círculo com um papelão firme, cerca de uns 4 cm maior que as laterais da forminha.
Corte um fundo de papelão um pouco maior que o diâmetro do círculo. Prenda bem com fita crepe.
Fixe a forma com fitas, evitando deixar espaço entre as partes. O leite de gesso pode vazar pelos espaços ao ser despejado na forma.

Base de gesso para modelar e ajudar na secagem da massa cerâmica
O gesso é um material utilizando desde o Egito Antigo. Há uma peça da Rainha Nefertith em gesso, que foi mantida preservada até os dias atuais. Os traços negroides são facilmente perceptíveis nesta peça.
Além de ser excelente como forma, o uso do gesso ajuda a retirar a água da peça em massa cerâmica.

 Material para fazer o leite de gesso…
•          água potável
•          bacia  ou balde de plástico
•          batedor (pode utilizar as mãos para homogeinizar)
•          lixeira
•          lugar para lavar ferramentas, mãos, etc.

1) A água usada para fazer gesso deve ser sempre limpa.
2) A bacia ou balde deve ser de plástico ou borracha, para facilitar a sua limpeza ( o gesso que sobra endurece no fundo da bacia, com uma pequena torção fará saltar fora o excedente).
3) O batedor poderá ser uma colher , garfo, espátula, etc., qualquer tipo de misturador de metal ou madeira.
Também pode ser limpo com uma pequena torção, raspado com uma espátula ou até batendo com martelo no gesso endurecido, caso o volume de material assim o exija.
4) O gesso deve ser o stucco (normal, usado na construção civil), de boa qualidade e recentemente fabricado.
As grandes lojas de materiais são o melhor lugar para comprar pela alta rotatividade de estoque. Quando comprado em sacos de 20 ou 40 quilos seu preço é mais acessível.
Não pode estar empedrado ou com embalagem úmida.
5) A espátula é muito útil para raspar os restos de gesso endurecido e as ferramentas
6) A lixeira é o recipiente para onde irão todas as sobras do material.
Obs: Nunca faça um novo gesso numa bacia que contenha restos de um gesso anterior.

Como fazer o gesso
 Colocar um pouco água limpa e na temperatura ambiente no fundo de um recipiente.
Sempre a água em primeiro lugar, depois o gesso.
 A seguir derramar na água (com a mão) o pó de gesso, como se estivesse peneirando, até formar uma ilha.
Deixe repousar por um ou dois minutos a fim de  o gesso absorva bem toda a água. Em seguida  misture com vigor com uma espátula (colher. garfo, etc…)
Quando a mistura estiver homogênea e sem caroços, o gesso estará pronto para ser usado.
Agora é preciso rapidez já tendo pronta a forma e o recipiente para fazer a forminha para a massa cerâmica.
 Por esta razão ( rapidez ) é que se trabalha sempre com pequenas porções.
É natural que o gesso aqueça durante o processo de endurecimento.

Usando as formas para produzir moldes para os adinkras
A peça a ser produzida nas formas de gesso deve ter o tamanho exato modelada em massinha. Caso a massinha esteja muito mole, misture com outra massinha um pouco mais firme. Alé do duage e do Sankofa vários formatos podem ser modelados, como os muiraquitãs, por exemplo.





Lembrar que estamos trabalhando com cultura afro-brasileira e os símbolos adinkras são importantes como modelo estético para o trabalho. As técnicas utilizadas foram pensadas par ao trabalho na escola também.




terça-feira, 8 de maio de 2018

Mãos Negras no Maracatu Baque Mulher em Maringá – Paraná



Uma Nação de Maracatu comandada por uma jovem linda mulher negra. Não é pouca coisa. Não só por isto o baque do tambor sacudiu nossos corpos em sintonia com a batida de nossos corações, profundamente agradecidos por esta vivência, nos dias  05, 06 e 07 de maio de 2018.
Joana D’arc da Silva Cavalcante, neta da yalorixá, dona Maria de Quixaba, sacerdotisa do Ylê Axé Oxum Deym, Pina, no Recife, desde criança esteve presente nas atividades religiosas e culturais desenvolvidas dentro do Ylê. Confirmada yakekeré Mãe Joana da Oxum. Mãe Pequena do Terreiro é segunda pessoa na hierarquia da casa de candomblé e herdeira do Axé .
O Baque Mulher tem um estatuto discutido, aprovado que milita a favor das mulheres, em um processo de empoderamento afrocentrado. Uma das bandeiras deste Baque é dar força para que as mulheres possam resistir e enfrentar as opressões familiares e sociais . Uma das Loas mais importantes e interpretada por Mestre Joana e Mãe Tenily é sobre a Lei Maria da Penha:






Composição de Mãe Joana de Oxum

Maria da Penha é forte /  É forte pra valer
Com sua força e coragem fez a lei acontecer
A lei Maria da Penha / Agora eu já sei
11.340 do ano 2006
Mulheres do Mundo inteiro / Com garra pra vencer
Vamos unir as nossas forças e fazer acontecer
Tem direito a liberdade /Tem direito de viver
Tem direito de ter direito, tem direito de vencer.

Mãe Tenily atua no Rio de Janeiro dando prosseguimento ao trabalho do Baque e compôs uma Loa onde declara sua origem do Candomblé:

Composição: Tenily
As mulheres da minha nação
São guerreiras, batuqueiras
Baianas e yalorixás

São guerreiras, batuqueiras
Baianas e yalorixás

Conhecem a fundo
O segredo do mundo
Com brilho da Oxum
E a coragem de Oyá
(repete coro)

A dama do paço carrega a calunga
Mãe Yemanjá vem nos abençoar
(repete coro)

Composição: Mestra Joana
Bate o tambor ó negra
Eu quero ver a poeira subir
É nesse baque que
Eu vou
É nesse baque
Meu amor
Mulher guerreira tocando tambor
Rosa e laranja
Eu sou eu sou
Baque mulher
Com muito amor
Mulher guerreira a raiz nagô