ARTE MALUNGA: processo criativo
Um enorme desafio a minha pretensão de juntar
desde a arte egípcia até algumas manifestações tributárias de diversos grupos
étnicos africanos contemporâneos.
O encanto que a imagética africana
provoca em nós na diáspora negra, me parece, no geral, não ser compartilhado
pelos nativos do continente.
Meu contato com a arte africana se
deu primeiramente com a mediação do educativo do Museu Afrobrasil, da cidade de
São Paulo/SP. É deste Museu uma boa parte do acervo de catálogos, fotos
(imagética, enfim) que utilizo . Faço visitas sistemáticas desde 2006 para
acompanhar as pesquisas e acervo do Museu. Em 2006 fiz um curso sobre Arte
Africana cm uma educadora do Museu e desde então venho buscando compreender as
funções de cada máscara ou iconografia que utilizo, mas sempre existe um
profundo vazio deixado pelo período escravocrata nas nossas subjetividades
negras.
O encontro de uma peça que desejo
elaborar não tem um critério definido. Já utilizei de tudo: escolhi cerca de 80
etnias africanas das quais queria ter uma peça perto de mim. As peças
produzidas pela cultura yorubá estiveram em primeiro lugar. Fiz o Velho Yorubá “com
profundas escarificações no rosto” e em seguida tentei seguir o roteiro de confecção
de máscaras, mas não consegui.
Velho Yorubá -modelada em papel-machê
peça e foto de Ivonete Alves - 2006
Para chegar á esta Exposição, em 2020, aprendi a modelar o barro. A técnica ancestral na produção da cerâmica à partir da modelagem do barro foi um dos aprendizados mais acalentados com tive.
Aprendi em um cuso no Sesc Thermas de Presidente Prudente, com o Prof. Kleber José da Silva da Universidade Federal de São João del Rei e nosso amigo Deva Bagtha, agora funcionário do Sesc Unidade de Birigui.
o curso de Cerâmica coordenado pelos dois professores foi fundamental para que eu tivesse segurança, principalmente no processo da queima do barro. Importante lembrar que o Prof. Kleber estava realizando estudos que resultou no seu doutoramento no Instituto de Artes da Unesp em São Paulo: "A construção de fornos de baixo custo para queimas cerâmicas em alta temperatura: um percurso alternativo", defendida em 2017.(
Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/150545>.)
Curso de cerâmica ofertado na Unicamp em 2017
foto: divulgação
Processo de elaboração de formas em gesso para produção de símbolos adinkras pelas alunas do Curso de Cerâmica ancestral
Assim, o processo de elaboração desta Exposição atual foi sendo construído à partir dos saberes de várias pessoas, na colaboração de ente interessada na arte negra brasileira, tributária da arte milenar africana.
Peça inspirada no símbolo adinkra "fofoo", confeccionada com abaymis e tecido
Arte Malunga está em Processo.
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