quinta-feira, 21 de março de 2019

A história das Abayomis no Brasil



História das Abayomis no Mocambo APNs Nzinga Afrobrasil
Uma versão de Ivonete Alves

Dizem que em alguns navios negreiros (ou tumbeiros) eram transportadas “cargas especiais”, do tipo meninas de carnes roliças, mulheres para serem parideiras-amas-de-leite, e crianças pequenas para crias de dentro, uma espécie de bichinhos de estimação das crianças filhas de senhores de escravizados.
Para que revoltas não fossem organizadas dentro desses navios negreiros, os traficantes de escravos que serviam ao Brasil, habituaram-se em separar suas famílias originais e até mesmo pessoas dos mesmos grupos étnicos. Falando línguas diferentes (sem saberem as línguas de viagens, porque não eram comerciantes de rotas), alguns de grupos rivais até no campo de batalha no território africano; o laço apertado da escravização segurava alguns impulsos. As crianças pequenas choravam muito e as mulheres com as tetas vazando o leite precioso de suas crias, deixadas para morrer no solo africano (quando não havia ninguém interessado nas criancinhas pequenininhas, transformadas em pequenos pacotes de carnes macias para os felinos) também choravam desconsoladas, até que o choro das criancinhas pequenininhas traziam as mulheres de volta à vida, que seguia pulsando e em um gesto de consolo mútuo, as que traziam as capulanas sobre sua pele negra, rasgavam com os dentes fortes, tiras de suas vestes, e dando nós apertados faziam bonequinhas.
Estas bonecas de nós, com o corpo preto como ébano, são até hoje vestidas com tecidos coloridos, chegando aos nossos dias como abayomis, que em yorubá (não se sabe ao certo) significa “encontro precioso”.
As abayomis tornaram-se então, no Brasil, um símbolo de força e coragem, da arte que brota da dor para colorir, perdoar e encher de esperança o povo negro desse país.

 




Cada boneca destas constroe uma ponte com nosso passado ancestral. 

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