sexta-feira, 25 de abril de 2025

 

Em 1993 defendi uma monografia em comunicação social chamada Metodologia da Elaboração de Subsídios para Comunicação em Agricultura Natural, na FAAC - Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP EM Bauru. Tive como orientador o professor Matsuel Martins da Silva.

Para compor o texto esta monografia eu produzi uma escrita com muitas imagens, artigos de jornais da época e também trechos ou matérias que foram publicadas sobre o trabalho que estava sendo realizado, que tinha várias interligações. A Introdução da monografia é:

"Na cidade das cerejeiras, os caminhões cortam as avenidas da cidade, sacolejando nos quebra-molas e gemendo nos buracos do asfalto.

Nas margens da estrada, o café não reina mais absoluto. Milho, seringueira, eucalipais, hortas, granjas e gora estufas, muitas estufas...

O trevo da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, que dá acesso à Gália, está em obras e logo depois existe uma estufa, abaixo adornada por uma represa para criação de peixes.

Na primeira vez que passei por esta estrada como técnica em agropecuária da Delegacia de Ensino de Garça, estava na companhia da Professora Rosa Elisa piola, coordenadora o projeto de Enriquecimento Curricular para as Escolas Públicas da Zona rural.

Senti a paisagem diferente ao observá-la através dos vidros do carro. Pelas frestas de um caminhão de bóia-fria, a paisagem entre pelos olhos acompanhada de poeira, ciscos de grama e fuligem de queimadas, ou às vezes gotas de chuva

Tínhamos o espaço de dentro do carro preenchido com planos e desejos de mudar a vida das pessoas da zona rural. Em cada localidade visitada, havia muito a fazer. Os prédios precisavam e reformas, luz, água potável, banheiro, merenda, mais professoras... Os professores precisavam de ajuda para transporte, de um auxiliar de serviços, de melhores salários, etc.

Hoje o panorama não mudou muito. É com pesar que constato uma pobreza muito maior nas vilas, ruas, cortiços e escolas. O número de caminhões de bóias-frias nos pontos diminuiu bastante.

o Projeto Experimental para a graduação saiu espremido na roda viva deste Brasil de fome, recessão, sal, sol e carnaval.

O Projeto de Enriquecimento Curricular para as Escolas Públicas de Zona Rural foi implantado em 1989, através do "Programa de Reforma da Escola Pública localizada na Zona rural", de Chopin Tavares de Lima, então secretário de Educação do Estado de São Paulo. Virou história de futura jornalista, aqui neste relato, nem sempre claro e objetivo."

Eu havia finalizado o curso Técnico em Agropecuária em 1985, desde então procurando trabalho na área. Como não consegui, aceitei uma vaga de um concurso estadual para ser escriturária, trabalho que odiei ter que fazer, apesar de várias coisas que aprendi  de mulheres maravilhosas que pude conviver naquela cidade de Garça e na região. Assim que soube do concurso para as escolas de zona rural fiquei empolgada e me dediquei muito no processo seletivo. As escolas agrícolas eram majoritariamente reduto masculino e nós as meninas éramos poucas e sofremos várias discriminações de gênero. tivemos um professor da disciplina de Veterinária que pediu demissão porque tinha vergonha de explicar processos reprodutivos dos animais com as garotas na sala. Os anos de Colégio Agrícola foram repletos de casos de discriminação, mas eu queria muito continuar e semprei amei o trabalho n a roça, com uma proposta de vida no campo e para o campo.

Nascida numa família de bóias frias tudo que se referia a agropecuária me interessava, além de um gosto aguçado de aprender. Foram anos de muito trabalho e no período das férias eu trabalhava na lavoura de café, indo de caminhão para a roça.


Como éramos transportados para a lavoura de café nos anos 1980 - foto Ivonete Alves



A escola do Bairro CAIC  - Foto Ivonete Alves

Como técnica em agropecuária eu também encontrei uma variedade de desafios para chegar às escolas de zona rural, porque eu não tinha carro e nem moto. Então em muitas ocasiões cheguei nas escolas de bicicleta ou de carona na estrada a CAIC. Foram raras, mas cheguei a distância a pé, de Gália até o Sítio da Família Belusi, onde existiu um núcleo do Projeto.

Como fato histórico nesta monografia registrei:

O Decreto 29.499 de 05 de janeiro de 1989, do Governo do Estado de São Paulo, implantou o Projeto de Enriquecimento Curricular para as Escolas Públicas de Zona rural considerando a necessidade de: 

- enriquecer o currículo das escolas de zona rural objetivando ampliar as oportunidades educacionais para crianças, jovens e adultos da zona rural;

- estabelecer condições que garantam o acesso e a permanência do educando na escola de zona rural;

- racionalizar o trabalho nas escolas da zona rural, agrupando-as de acordo com as características e peculiaridades locais;

- organizar gradativamente o agrupamento visando promover a interação de zona rural com a comunidade e viabilizar a integração do ensino regular com oportunidades de aprendizagem de noções de agropecuária para a produção educacional da zona rural. (CHOPIN, 1989, P. 21).

Rodovia e casinha típica do bairro CAIC - Em 1989 era distrito de Gália, passando depois a pertencer a Fernão Dias.


 Fonte: site da Prefeitura Municipal de Fernão Dias


Detalhe da lagarta que produz a seda


Barracão típico do bicho da seda

Imagens: Bruno Ferraro| divulgação Folha de Londrina: 08 de maio de 2021: 


Em 1989 quando iniciamos as visitas para convidar as escolas de zona rural a participarem do projeto de enriquecimento curricular a Família Belusi já não criava mais bicho da seda, priorizando a cultura do café e a construção de uma estufa para produção de hortaliças, processo que estagiários que coordenei contribuíram, no período das férias escolares.


Desde a início do nosso trabalho na Delegacia de Ensino de Garça me defrontei com a necessidade de pensar na formação continuada de professores e professoras da rede pública, fato bem pautado durante os anos em que atuei como técnica em agropecuária. 

Um fato foi um divisor de águas na minha formação como educadora popular: ter conhecido Paulo Freire em 1990 numa formação para nós do Projeto de enriquecimento Curricular do estado todo, organizada pela FDE - Fundação para o desenvolvimento da Educação de São Paulo (estado). Ele estava como Secretário da Educação da gestão de Luiza Erundina. Éramos técnicos em agropecuária e coordenadoras pedagógicas de várias Delegacias de Ensino e as trocas de saberes, fofocas, projetos e planos dentro de uma instituição era muito novo para mim.
Nós conversávamos muito, mas eu não tinha como dimensionar a importância daquele encontro histórico na nossa formação.

FDE - 1990 - Auditório lotado para ouvirmos Paulo Freire - fotos Ivonete Alves

Eu estava no 1º ano da Faculdade de Comunicação, empolgadíssima com o curso de fotografia e tinha comprado uma máquina profissional, que eu não sabia usar com competência. Fiz algumas fotos inéditas e tive a inspiração de solicitar a gravação da palestra de Paulo Freire para o técnico da FDE.



As fotos não ficaram tão boas como poderiam, mas o registro do momento foi muito importante. A gravação da palestra que solicitei ao técnico da FDE também, porque ano seguinte teve uma inundação na Fundação e o acervo foi todo perdido, então mesmo despois de 30 anos somente eu tenho esta gravação. Tentei entregar para Nita Freire váias vezes, mas não chegou às mãos dela. A pessoa ficou com as fitas cassete. Depois transcrevi e envieei para ela o texto escrito dentro de um livro que escrevi e ela pediu que eu retirasse do livro. Retirei do livro. Não publiquei nem o livro, nem o texto.

Décadas mais tarde, em 2021 apresentei um trabalho na Faculdade de Educação da Unicamp, onde me doutorei, chamado "A voz de Paulo Freire em minha Casa" porque fiz a transcrição da palestra dele em um período onde sofria com minha filha pequena, já em Presidente Prudente e foi este trabalho de transcrição que me deu forças para continuar lutando.


 
  

A Educação Ambiental dentro na Monografia que ficou na vida

Durante os primeiros anos em que atuei na Delegacia de Ensino de Garça as questões liadas à produção através da Agricultura natural esteve no foco das minhas preocupações e aprendizado. Foi durante uma reunião com três mulheres incríveis que mergulhei também na Educação Ambiental. Estiveram na Delegacia de Ensino Suzana Machado Pádua, Marlene Francisca Tabanez e Maria das Graças Souza para propor uma formação em Educação ambiental para a rede de ensino de Garça e o delegado de ensino da época José Benevides Cavalcanti pediu que eu participasse da reunião com elas. 
Fizemos uma parceria de trabalho e a Estação Ecológicas dos Caetetus passou a ser outro lugar mágico onde aprendi muito sobre a conservação da natureza, construindo um liame teórico que deu corpo ao meu trabalho de conclusão do curso de Jornalismo.
Maia que isto, me possibilitou compreender as malhas de destruição do mundo que a classe dominante agrária decidiu fazer com o apoio da elite escravocrata que segue agindo nos poros sociais no mundo todo. 

Para aprender sobre Agricultura Natural fiz estágio na Fundação Mokiti Okada em Mogi das Cruzes, depois em Ipeúna. Para aprender sobre Educação Ambiental já pude ir direto para a organização de um processo formativo. Foram alguns anos de negociação para que a CENP certificasse o trabalho e também houvesse as negociações para permitir que as professoras da rede estadual pudessem fazer a formação. 
Em 1994 a formação aconteceu. Eu já tinha minha filha e fomos com todas as tralhas fazer trilhas no mato.  Como presente uma família de micos leões preto ficou brncando na trilha com um gande equipe admirada com tanta harmonia. Muitos pesquisadores ficavam a semana toda tentando ver os micos e iam embora frustrados porque não os encontravam e eles vieram na trilha principal e ficaram brincando enquanto a gente podia admirá-los. Foi um encontro muito importante.


A Educação Ambiental na Febem

Em 1995 encerrou meu contrato na Delegacia de Ensino de Garça. Eu já tinha o diploma de jornalista, uma experiência profissional relevante e muitos sonhos de que conseguiria trabalho com facilidade. Fui embora de Garça para Porto Seguro na Bahia. Lá conheci pessoas Pataxós, pessoas de uma organização ambientalista e tive que voltar para São Paulo. 
Atuei na Folha de São Paulo, fiz pesquisas de campo, tentei entrar no mestrado muitas vezes e passei no concurso da Febem para ser Educadora Ambiental.

Daí em diante a narrativa já está presente na minha tese de Doutorado:

https://unicamp.br/unicamp/teses/2022/10/07/mulheres-negras-sankofando-no-mocambo-nzinga





Fontes:

ALVES, Ivonete Aparecida. Metodologia da Elaboração de Subsídios para Comunicação em Agricultura Natural. Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Comunicadora Social. Orientação de Matsuel Martins da Silva. FAAC/ Unesp de Bauru, 1993.

 

https://www.folhadelondrina.com.br/folha-rural/bicho-da-seda-e-fonte-de-renda-para-mais-de-2-mil-familias-no-pr-3070234e.html?d=1


terça-feira, 1 de abril de 2025

 LAVANDAS   LAVANDIN  ALFAZEMAS

                                             CULTIVO DE LAVANDA NO SUL DO BRASIL


Esta planta é uma das mais utilizadas na aromoterapia e também na indústria de cosméticos. Seu óleo essencial é, sem dúvida o mais procurado e comentado.

Existem  três tipos importantes de Lavanda: L. angustifolia, L. latifolia e o híbrido L. x intermedia (cv grosso).

Comumente denominadas de lavanda verdadeira, lavanda spike e lavandin, respectivamente. O lavandin é um híbrido natural entre a lavanda verdadeira e a lavanda spike e é esta espécie que existe cultivada no Brasil. Acontece que esta lavanda possui propriedades diferentes da chamada lavanda francesa (oficinalis). A lavanda brasileira ou lavandin tem propriedades estimulante e a francesa é que ´tem propriedades calmantes.

As principais áreas de produção do mundo são a Haute Provence (França), Bulgária, Ucrânia, Austrália e Espanha (Beus, 2006). O Brasil é um grande importador de óleo essencial de lavanda e ainda produz pouco de seu consumo, com um aumento expressivo por plantas para aromoterapia e perfumaria.

A lavanda brasileira ou lavandin, também é conhecida como alfazema.


LAVANDA DENTATA - A MAIS COMUM NO BRASIL



Lavandula oficinalis (lavanda francesa)

O nome é derivado do latim “lavare”, que significa “lavar”.  O óleo foi utilizado pelos romanos para lavar roupa, tomar banho, aromatizar ambientes, e para diferentes fins medicinais. Muito popular na Idade Média era usada em sachês para proteger roupas das traças. Era queimada em quartos de doentes durante a Peste Negra, para prevenir a expansão da doença. Foi a precursora da arte da perfumaria e cosmética na Europa.

Mesmo a Lavanda francesa precisa de altitudes acima de mil metros, clima seco, com solo fértil e técnicas de adaptação da espécie para que seja semiperene. Fora de seu local de nascimento as lavandas, inclusive os híbridos secam depois de um ou dois anos, mesmo com cuidados adequados.

As plantas do gênero Lavandula apresentam características marcantes, como folhas estreitas e flores em espigas que variam em tonalidades de roxo, azul e branco. A Lavanda é uma planta perene, o que significa que pode viver por vários anos, e é conhecida por sua resistência à seca, tornando-a ideal para climas quentes e secos. Além disso, a Lavanda atrai polinizadores, como abelhas e borboletas, contribuindo para a biodiversidade do jardim ou da horta.

As plantas possui odor agradabilíssimo. As lavandas brasileiras podem ser utilizadas na aromoterapia, observando seus efeitos em cada pessoa.


 



 

 Fontes de pesquisa:

https://eic.ifsc.usp.br/lavanda-2/ - Instituto Federal de Santa Catarina

https://sbpmed.org.br/admin/files/papers/file_5nNqTx9fIBGE.pdf - Revista Brasileira de Plantas Medicinais

LORENZI, H.; MATOS, E. J. A. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2. ed. 2008. 576 p.

MACHADO, M. P. et al. Propagação in vitro e caracterização química do óleo essencial de Lavandula angustifólia cultivada no Sul do Brasil. Ciência Rural, vol.43, n.2 p. 283-289. 2013.

RIVA, A. D. Caracterização morfológica e anatômica de Lavandula dentata e L. angustifolia e estudos de viabilidade produtiva na região centro norte, RS. 2012. 185p, 2012. Dissertação (Mestrado em Agronomia)- Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS.

https://doi.org/10.1590/S1516-05722011000400007. Teor e composição do óleo essencial de inflorescências e folhas de Lavandula dentata L. em diferentes estádios de desenvolvimento floral e épocas de colheita.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

 

Afrocentricidade e psicoaromoterapia

 



São dois campos de conhecimento que só encontra possibilidade de existência nas atividades afrocentradas cotidianas. De forma geral as discussões filosóficas sobre afrocentricidade ficam restritas nas áreas circunscritas das universidades, e mesmo assim em alguns grupos de pesquisa, sejam organizados pelas professoras ou alunes negres comprometidos com a causa.

 

Aqui no Mocambo Nzinga nós trabalhos com questões urgentes e atendemos demandas que nos são impostas pelas pessoas com as quais entramos em contato em muitas ambiências onde nós atuamos. Esta atuação nos solicitou a produção de óleos essenciais através de tecnologias ancestrais, com plantas que cultivamos ou cultivadas por parcerias de extrema confiança. Sabemos exatamente de onte são extraídas as folhas e partes vegetais das plantas que utilizamos.

 

Os métodos convencionais de produção dos óleos essenciais impõem um ritmo de produção, colheita e extração do óleo que não permitem a ação energética da pessoa produtora do óleo, que no caso da afrocentricidade é a gente mesma.

 

Em toda etapa de produção há um campo energético pessoal, de propósito de tratamento e cura exigentes com a demanda da espiritualidade negra ancestral que nos acompanha, com uma equipe de trabalho de seres pindorâmicos, conhecedores do território em uma profundidade que possibilita a interação na terapia com estes óleos produzidos.

 

     

                                                              


Os princípios da aromoterapia afrocentrada

 

Basicamente, a aromoterapia atua em campos energéticos guiados por um processo intencional que correlaciona a psicologia, a terapia integrativa e a utilização dos óleos essências ou das seivas extraídas das plantas por outros sistemas. A atuação sensorial é de fundamental importância no sucesso do tratamento.

 


Assim, na afrocentricidade a aromoterapia deve:

1.      Basear sua atuação em óleos e extratos cultivados de forma agroecológica e em áreas protegidas de contaminação;

2.      Ter o acompanhamento desde plantio e em casos de coleta externa virem de áreas próximas à reservas florestais naturais, garantindo assim a biodiversidade natural nas interações de produção das essências que serão utilizadas na terapia;

3.      Extrair os princípios terapêuticos das plantas, observando o período de coleta das folhas, galhos e flores, de forma que exista o maior concentração possível de ativos biodinâmicos no produto final.

Óleos essenciais  que já produzimos e suas funções principais:

 

1.         AlecrimRosmarinus officinalisAntioxidante, cicatrizante, diurética, estimulante.

2.         Alfavaca: Analgésica, Antimicrobiana, Antifúngica, Anestésica, Imunoestimulante, Antioxidante.

3.         Assa peixe: Vernonia pholysphaera. Combate afecções na pele, bronquite, cásculos renais, retenções de líquido, c´calculos e tosse. Contra pneumonia.

4.         Camomila: Matricaria Chamomila L.   Aliviar dores de cabeça, dentes, ouvidos e musculares, combater enjoos, cólicas, diarreias e gases, aliviar articulações inflamadas, combater a insônia, tensão pré-menstrual, estresse e ansiedade, aliviar vermelhidão, queimação, dor, prurido e congestão, aliviar desconfortos e resgatar o bem-estar em caso de alergias de pele ou respiratórias. Tem efeito calmante e sedativo, agindo positivamente sobre irritabilidade, choque nervoso e insônia; Atua positivamente sobre a depressão, ansiedade e apatia; ajuda a lidar com sentimentos de raiva, especialmente em crianças, promovendo tranquilidade; Proporciona uma sensação de segurança e acolhimento e ajuda a estabilizar o sistema nervoso central.

5.         Canela - Cinnamomum verum. Combate às cáries, estimulante para o cérebro, ajuda com problemas respiratórios, previne doenças cardíacas, previne infecções, auxilia na amamentação, reduz a dor da artrite, melhora a digestão, combate infecções urinárias, alivia resfriados, alivia dores de cabeça e enxaquecas, reduz o colesterol e uxilia na perda de peso.

6.         Capim santo - Cymbopogon citratus . Calmante e relaxante, Sedativo, Anti-inflamatório, Antisséptico, Antibacteriano, Antifúngico, Analgésico.

7.         Crajiru - Arrebidaea chica Verlot. Infecções de origem uterinas. O chá das folhas combate males do fígado, estômago e intestino, servindo para diarréias, leucemia, lavagem de feridas e atua também nos casos de anemias.

8.         Cravo - Syzygium aromaticum.  Anti-inflamatória (leve), analgésica, antioxidante, digestiva, antidiarreica, antiemética (evita náuseas) e carminativa.

9.         Embaúba - Cecropia hololeuca Miquel. Hipotensora, diurética, anti-inflamatória (leve) e

Antioxidante.

10.       Erva baleeira - Cordia verbenácea. Anti-inflamatórias, analgésicas, antiartríticas, tônicas, antiulcerogênicas, diurética (leve) e antinoceciptiva

11.       Erva de bicho – (quebra demanda) Polygonum acre H. Adstringente, febrífuga, diurética, anti-hemorroidária, anti-inflamatória, hemostática hipotensora, antimicrobiana.

12.       Erva doce: Alivia cólicas menstruais, regula o ciclo menstrual, alivia sintomas da TPM e menopausa

estimula a produção de leite materno, alivia náuseas e vômitos, auxilia em casos de constipação, trata celulite

alivia dores e desconfortos estomacais, auxilia em casos de retenção de líquidos. Benefícios emocionais: Fortalece a autoestima, Estimula a comunicação e a expressão, Ajuda a tratar timidez e insônia, Promove confiança e perseverança, Equilibra o humor.

13.       Eucalipto: Eucalyptus globulus Labill  - Para problemas respiratórios como gripes, resfriados, sinusites e rinites. Possui ação antisséptica, anti-inflamatória e cicatrizante.

14.       Guaco: Analgésica, sudorífica, antitérmica, antiofídica, depurativa, tônica, antialérgica suave, antisséptica das vias respiratórias, desintoxicante, antimicrobiana, bactericida (contra Escherichia coli e Staphylococcus aureus), antiparasitária.

15.       Hortelã comum: Mentha piperita.

16.       Hortelã gorda:  Mentha piperita. Vasoconstritor, analgésico, anti-inflamatório, carminativo, cefálico e bactericida.

17.       Jatobá (casca)  : Hymenaea courbaril. Dores de cabeça, problemas intestinais, equilibra a homeostase, é um bálsamo geral para o corpo. Eficiente para dor lombares.

18.       Lavanda (lavandim): Lavandula dentata. Aliviar dores de cabeça, enxaquecas e tensões musculares

Combater a insônia, o estresse e a depressão, Curar irritações da pele, acne, queimaduras e picadas de insetos

Promover o crescimento das células e a formação de pele nova e saudável, Aliviar sintomas de asma, congestão dos brônquios, resfriados, gripes e dor de garganta.

19.       Lipia alba - Combater a insônia, aliviar a tosse, combater a retenção de líquidos, combater a indigestão e flatulência, combater a ansiedade, o nervosismo e a inquietação, combater a asma e combater o alcoolismo.

20.       Manga ubá: Possui fortes propriedades anti-inflamatórias e regeneradoras, antioxidantes, antiespasmódicas, hipoglicemiantes e anti-inflamatórias. Por seus compostos as propriedades da manga ubá ajudam no emagrecimento.

21.       Manjericão: Ocimum basilicum, L. Para tratar dores de cabeça, tosses, diarreia, constipação, gripes e resfriados,  aftas, gengivite, dor de garganta e amigdalite. Também é útil no controle da pressão arterial e do açúcar no sangue. Melhora a função respiratória e reduz crises de asma.

22.       Mastruz: Chenopodium ambrosioides. Efeitos contra a Leishmania sp., Helicobacter pylori, Giardia lamblia e Schistosoma mansoni, anti-inflamatória, ansiolítica e antipirética, ação antibiótica nas infecções do trato respiratório e a atuação contra a epilepsia. Contra doenças inflamatórias, parasitárias e microbiológicas

23.       Pimenta de macaco: Piper aduncum.  Inseticida, diurético, cicatrizante e anti-inflamatório. Para tratar hemorragias e úlceras, doenças genitais e urinárias, , feridas, combater alergias, coceiras e picadas de insetos,  tratar diabetes, para tratar hipertensão e problemas estomacais.

24.       Pimenta rosa: Schinus terebinthifolia Raddi.      Anti-inflamatório e cicatrizante, dstringente,  e antisséptica, contra H. pilori, gastrite, úlcera e inflamações.

25.       Titônia: Mirasolia diversifolia Hemsl. Tratamento de distúrbios gástricos e hepáticos e como anti-inflamatória. Usado para atenuar a síndrome de abstinência a drogas psicotrópicas em dependentes químicos, como álcool e tabaco e outras.

 

Fontes de pesquisa:

 Horto didático das plantas medicinais: https://hortodidatico.ufsc.br/

https://br.linkedin.com/in/aza-njeri

https://www.tuasaude.com/aromaterapia/


Tese de Doutorado de Ivonete Aparecida Alves: 

  • ALVES, Ivonete Aparecida. Mulheres negras sankofando no Mocambo Nzinga. 2022. 1 recurso online (360 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/9888. Acesso em: 11 fev. 2025.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

 

Mio de grilho (Lantana trifolia L); Melissa (Melissa officinalis) e Lipia Alba

Aulão de fevereiro de 2025 - Parque do Jardim Cambuci - Presidente Prudente/SP


Mio de grilo                                               Melissa oficinalis

      


Lipia Alba

   

Estas plantas estão na mesa aula porque possuem características visuais em comum e várias pessoas  confundem estas plantas.

Segundo a literatura científica o milho-de-grilo é utilizado como planta medicinal pela população de vários países. Dentre os usos na medicina popular destacam-se a utilização contra gripe, asma, reumatismo, indigestão, micoses, malária, febre amarela, tosse, leishmaniose, tuberculose, gonorreia, como calmante e anti-inflamatório.


Mio de grilho (Lantana trifolia L)

As suas sementes quando roxas são comumente relatadas como comestíveis e de sabor doce, embora até a data dessa publicação não tenham sido encontrados estudos que indiquem a segurança para consumo dos frutos e outras partes da planta. Sendo assim, e visto que várias espécies do gênero Lantana possuem alguma toxicidade nas suas folhas. Acontece que as nossas gerações mais velhas comeram muito, eu também comi e deu para minha filha. então temos a prática do consumo tradicional das lindas bolinhas do mio de grilo.

 A planta de nome popular milho-de-grilo é um subarbusto nativo do Brasil e com ampla distribuição pelo país. Algumas informações foram consultadas na Tese com o título             “Estudo químico e avaliação do potencial antifúngico das folhas e frutos de Lantana trifolia L. (Verbenaceae)”      de autoria "VALERIO, Gaveni Barbosa" -  Primeira Orientadora:    PIVATTO, Amanda Danuello (https://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/521) . Tese apresentada na Universidade Federal do Triângulo mineiro.


Nome científico: Melissa officinalis L.

Sinonímia Científica: Melissa altissima Sibth e Sm.; Melissa cordifolia Pers.; Melissafoliosa Opiz.; Melissa graveolens Host.; Melissa hirsuta Hornens.; Melissa occidentalis Rafin.; Melissa romana Mill. Melissa bicornis Klokov.

Nome popular: Melissa, Melissa Verdadeira e Erva Cidreira.Família: Lamiaceae.

Parte Utilizada: Folhas e ramos.

Composição Química: Padronizado em 5% de Ácido Rosmarinico, Óleo Essencial: linalol, nerol, geraniol, citronelol, α-terpineol, terpineno-1-4-ol, neral, geranial, cariofilenol, farnesol, 10-epi-α-cadinol, α-cubebeno, α-copaeno, β-burboneno, βcariofileno, α-humuleno, 1,8-cineol, óxido de cariofileno e ocimenos; Flavonóides:luteolol-7-glicosídeo, ramnocitrosídeo, apigenina e quercitrosídeo; Ácidos Carboxílicos: cafêico, clorogênico, elágico e rosmarínico; Taninos; Princípio Amargo; Mucilagens Urônicas.

É indicada na inapetência (ausência do apetite), gastrite, espasmos gastrintestinais, disquinesias hepatobiliares, meteorismo (presença exacerbada de gases no trato gastrointestinal), coleocistites, diarréias, ansiedade, insônia, hipertensão arterial, taquicardia, enxaqueca, asma, dismenorréia, em feridas, hipertiroidismo e herpes simples. Também apresenta efeito sedativo e ligeiramente hipnótico, e antioxidante. O ácido rosmarínico presente no extrato é um dos principais componentes responsável resposta farmacológica da Melissa officinalis.

Efeito antiviral: Um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado com placebo, avaliou o efeito antiviral do extrato aquoso de Melissa officinalis em 116 pacientes com infecção de HSV (herpes) da pele ou da mucosa de transição. Houve melhora estatisticamente significativa do grupo tratamento em relação ao grupo placebo.

Efeito sedativo: M. officinalis pode modular várias medidas de comportamento, como um moderado sedativo em transtorno do sono, na atenuação de sintomas de desordens nervosas, inclusive a redução de excitabilidade, ansiedade e tensão. Em estudo pré-clínico em camundongos, foi administrado um extrato hidroalcoólico de folhas de M.oficinalis, houve redução significativa da atividade comportamental em dois testes em comparação com o controle, o que sugere que o extrato apresenta efeito sedativo.

 

 A Lippia alba, espécie nativa do continente americano, é conhecida mundialmente por suas propriedades medicinais. De plantio fácil e econômico, a planta, também chamada de erva-cidreira, melissa, salva-limão e alecrim-do-campo, produz óleos essenciais usados na fabricação de produtos de perfumaria e cosméticos. Suas folhas estão presentes em chás, compressas, banhos e xaropes.

 

Lipia Alba 

Seu nome é uma homenagem ao médico, botânico e naturalista francês Augustin Lippi (1678-1704), daí o “Lippia”. “Alba” vem do latim, albus, em referência às flores brancas. Em algumas regiões, a planta é conhecida como falsa-melissa, por sua semelhança morfológica com a erva-cidreira, a Melissa officinalis L. Na nossa região há a variedade da Lipia com flores lilases.

Características:  Essa planta apresenta propriedades calmantes e aromáticas, é perene e muito ramificado, apresentando brotações eretas que se curvam conforme o desenvolvimento da planta, atingindo o solo e se enraizando. As moitas do arbusto variam entre 1,5 a 2 metros de altura. Suas folhas são pecioladas, com lâmina cartácea, ovada, elíptica ou lanceolada, opostas, inteiras, de bordos serreados e ápice agudo. Apresenta flores azuis-arroxeadas em inflorescências axilares capituliforme, com eixo curto e tamanho variável. Já seus frutos são do tipo drupa e dão globosas de cor rosada a arroxeada.

 Originária da América do Sul, ocorrendo principalmente na Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Brasil e Argentina. Também pode ser encontrada no sul dos Estados Unidos, México e nas Antilhas. Cultivada para fins medicinais, cosmecêuticos, ornamentais e culinários. Suas principais indicações são: sedativa, antiespasmódica, antidispéptica, antitérmica, antiviral, antibacteriana, antiparasitária, antisséptica, hipotensora, cardiotônica, expectorante, anti-inflamatória, analgésica, antinociceptiva, anticonvulsivante e cicatrizante.

O óleo essencial de Lipia Alba tem um cheiro maravilhoso e é a planta da calmaria. A que serve para aliviar as dores da alma e abrir espaço para o perdão.

 

 



terça-feira, 26 de novembro de 2024

 

POÉTICAS DAS ÁGUAS


Processo criativo coletivo. Coordenação de Ivonete Aparecida Alves

18-99740-6152

 

 Local: Quintal do SESC Thermas de Pres. Prudente

                Em cartaz até janeiro de 2025.

 

Nesta intervenção, obras que se interligam para ilustrar o desejo de proteção das águas e da terra, com o uso da técnica da kizombagem, criada pela artista plástica Ivonete Aparecida Alves. Em espírito, o mergulho na arte de vários povos negros presentifica uma poética de cores, tecidos, contas, agulhas e arames torcidos, respostas e indagações sobre as histórias negras. As acolhidas transformam a história sankofando nas paredes, nos ares e outros espaços através da kizombagem.

Sem lamentações, esta técnica preenche fissuras e repõe beleza, utilizando sobras variadas. Reutiliza. É coleta do desprezo, de tudo que a Terra não pode se nutrir.


PROCESSO CRIATIVO DAS OBRAS

Em 2017 iniciei um trabalho criativo com a inspiração de artistas negres pindorâmicos e da diáspora africana. Impressionada com o trabalho de Mama Esther Mahlangu da etnia Ndebele da África do Sul, que pintou carros na Europa e nos EUA eu também planejava a pintura do corsinha e ficava olhando para os diversos materiais presentes no quintal de casa com a intenção de transformar todo aquele entulho em obras de artes.

As edições de Arte Malunga  depois as Residências Artísticas que aconteceram no Mocambo Nzinga deram resultados animadores. As obras produzidas para as residências artísticas resistindo ao tempo,  abriu caminhos para aplicar a técnica da kizombagem em outras instituições.

Assim, esta Exposição teve uma história de longo tempo, tempo sankofado: o tempo de me fazer artista nas pesquisas e experimentações; o tempo de ensinar e aprender o fazer artístico de outras pessoas e também o tempo de experimentarmos as mais diversas técnicas de montagem das obras.



 Obra em criação


Sandra e Sara no trabalho artístico




Obra na fase final de elaboração


Tinturas naturais na confecção de elementos das obras


Durante o planejamento de elaboração desta Exposição muitas ideias pululavam na minha mente, buscando valorizar o processo criativo. Algumas destas ideias estão diretamente relacionadas com o rio que passa escondido dentro do SESC Thermas de Presidente Prudente. Daí o título "Poéticas das Águas". Sinto uma enorme tristeza quando olho um rio doente. A tristeza é ainda maior quando este rio doente é retirado das vistas e das corporeidades vivas.

Então temperar as partes das peças com tituras naturais é nutrir de vida o lugar onde o rio deveria emergir.


Tintura com urucum
  





Tintura com açafrão





Tintura com flores de critória



A KizomBagem

 

Esta técnica artística possui três princípios básicos:

 

Ser produzida por pessoas negras;

 

Ter inspiração nas obras artísticas de pessoas negras brasileiras ou da diáspora africana;

 

Utilizar (prioritariamente)  sobras de processos produtivos.


A kizombagem, uma festa de surpresas arranjadas

Sobre as mesas, terrenos e muros

Sem Lamentações...

Preenche fissuras

Repõe belezuras um tanto de emoção

Kizombagem é uma técnica que usa elementos

Terra, cores, sobras e  até cimento

Sobre qualquer superfície abandonada

É a coleta do desprezo

De tudo que a Terra não pode se nutrir

Ela rejeita e nem sabe quanto na linha de Iroko: o tempo

Irá consumir... Se con- sumir

A Terra dá, a Terra quer de seu orgânico

O organismo vivo

A terra não quer as sobras humanas elaboradas em laboratório

Kizombagem se faz com mãos negras

Em processo juntinho

Com outras mãos negras

Malungas estas mãos de lá e pra cá

Preenche o portão

As telas das grades

Os aros da bicicleta

Os tampos das mesas, afasta a tristeza que o mundo nos dá

Evita o consumo

Evita as sobras que enchem os rios

De plástico, urros e frios

Calafrios do horror

Mas até quando tantas sobras

Algumas não dobram

Algumas só sobram

Indagando da artista

E agora?

Que obra de arte

É possível fazer

Antes que o mundo expulse você!




POÉTICAS DAS ÁGUAS

POÉTICAS DAS ÁGUAS


Um mito de Olocum repõe esta Orixá nas profundezas das águas

É metade mulher e metade peixe

Com a cauda bipartida na imagética iorubana

Ela é toda família, protege a família humana

Olocum protege os mares todos e leva suas águas para territórios de Nanã

E Nanã adentra as águas doces grandes de Yemanjá

E as águas de rios de Osun: irmã mas nova das duas

Olocum, Yemanjá, Nanã e Osun olocupretam territórios sobre a Terra de Onilé: a quem Olodumaré deixou o governo dos territórios de Ayé, a Terra.

 

OBRAS INSTALADAS NA EXPOSIÇÃO POÉTICAS DAS

ÁGUAS



Deusa Attie - peça produzida em cerâmica



                                                                                                    
Oxum - Osun sobre o Rio Escondido



                

Bará e elementos





Sobras que não irão para as águas sessão 1




Sobras que não irão para as águas Sessão 3

Esta obra chega a 3 metros de cumprimento, por isso as imagens foram capturadas por sessão. Ela foi instalada entre duas grandes malaleucas. Uma árvore originária da Austrália, que possui um tranco com uma casaca bem macia. Suas folhas produzem um óleo maravilhoso, com várias substâncias terapêuticas.









Yabás 

Esta obra tem Olocum, Yemanjá, Onilé, Oxum e elementos de várias Yabás. As Yabás são as grandes mães do povo negro de origem iorubana (nagô) por origem, ou na diáspora, por adoção.

As obras foram produzidas com diversas técnicas de trabalho como costura, colagem, emendas, bordado, crochê, etc.

Há componentes nas obras que foram produzidos na arte da costura que cuida de detalhes como mimos produzidos com fuxicos coloridos, babadinhos produzidos com rendas, fluflus coloridos de lãs e de linhas.

Na obra Yabás existe uma denúncia do que seja a apropriação cultural. Qual não foi minha surpresa ao encontrar no calcadão da cidade a estampa de uma capulana africana numa sacola de muamba feita de plástico.
a sacola estaa com defeito e então consegui adquiri-la por um preço módico para outra Ocupação Artística e sobrou retalhos. Produzimos bonecas Abayomis com as capulanas originais e as dispusemos próximas ao plástico da sacola de muamba.