Arte malunga –
OBRAS – 2º ato – Ivonete Aparecida Alves
Descrição das obras
– Versão 2 – Com a Supervição de Paulo Henrique da Silva Leonardo
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Página |
Introdução |
02 |
AKIlo Roxo: Pombagira Bará |
03 |
Orixalás sobre capulana |
04 |
Oxuns adrinkrerenes |
05 |
Chippewa dremcattcher (filtro dos
sonhos) |
06 |
Krapa
Cruz Kopta |
07 |
Kayalas sobre grades |
08 |
Waakanda (Oguns e Xangôs) |
09 |
Oxum Atotô |
10 |
Fofoo |
11 |
De uma Ibeji |
12 |
Festa de Abayomis |
13 |
Entre a Espada e o Espelho |
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Yemanjá Sessu |
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Fafanto com Sônia |
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Sankofando sobre madeira de lei |
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Explendor em rosa |
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Ossaim ou Caiporas |
20 |
Iroko |
21 |
Oxum Mai Mais |
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Ogum Kekere |
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Nana Nanã |
24 |
Oxossi encontra Chippewas |
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Ogum Onirê |
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Opaxarô de Oxalá recebe Xaxará de Capanã |
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Considerações |
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Introdução
Esta
Exposição chamada Arte Malunga da
artista plástica Ivonete Aparecida Alves está instalada no Mocambo APNs Nzinga
Afro-Brasil no Jardim Cambuci em Presidente Prudente, estado de São Paulo-
Brasil.
Trata-se
de 24 obras construídas com bonecas Abayomis sobre suportes variados. As
bonecas Abayomis foram nomeadas pela artesã Lena Martins nos anos 1980, no Rio
de Janeiro, quando ela, com retalhos de tecido da cor preta, fez nós para
formar o corpo completo de um ser semelhante à estrutura do corpo humano. Com
uma tira maior dobrada ao meio ela deu um nó formando a cabeça e com uma tira
menor e mais estreita amarrou no centro, abaixo do nó da cabeça formando os
braços. Para representar as mãos ela deu um nó em cada extremidade dos braços e
outros nós para formar os pés.
Estruturado
o corpo ela vestia as bonecas com tecidos coloridos. Abayomi é uma palavra
africana muito comum em diversas línguas e significa “encontro precioso”. A
boneca não tem marcação de boca, olhos, nariz e representa o princípio e todas
as pessoas pretas. Portanto, não se faz Abayomi com o corpo de qualquer outra
cor que não seja preto retinto.
Existe
também uma lenda, muito difundida, de que as Abayomis foram criadas nos navios
negreiros para consolar a crianças. É provável que várias bonecas tenham sido
produzidas na travessia, mas a Abayomi é uma criação na diáspora negra.
Além
das Abayomis a Exposição Arte Malunga 2º
Ato, está composta com obras onde existem os
símbolos adinkras. Os adinkras possuem significados correspondentes aos
provérbios. Por exemplo, o sankofa é a representação de um pássaro e significa:
“Nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou para trás” ou aproximando de
uma linguagem corrente: “Símbolo da sabedoria de estar com os pés no presente,
aprender com o passado para construir o futuro”. Foi utilizado como guia o livro de Elisa Larkin Nascimento e Carlos Gá
chamado “Adinkra – sabedoria em símbolos africanos” editado pela Ipeafro, 2009..
Compondo
com as Abayomis e os símbolos adinkras, a maioria das obras foram criadas
contendo tiras de tecido amarradas formando trouxinhas com as pontas soltas,
doravante chamadas “trouxinhas”.
Assim
as obras constroem uma ideia de cheio/vazio, de altos e baixos produzindo um
relevo diferenciado e também texturas variadas no uso de materiais macios,
outros de metais ou madeira, contas ou mesmo peças de cerâmica compondo as
obras.
Todas
foram produzidas para serem tocadas, sentidas, ouvidas promovendo um universo
de ludicidade na apreciação da obra de arte.
Todas
as bases utilizadas vieram de um processo de reaproveitamento por coleta em
caçambas, encontradas nas calçadas ou adquiridas em lojas de materiais usados,
como as grades de janelas ou portões, tampas de latão, suportes variados em
ferro, madeira ou acrílico.
1. AKIlo Roxo: Pombagira Bara
AKilo
Roxo é uma peça produzida com abayomis em variados tons de tecido vermelho
sobre uma moldura de ferro pintado de vermelho, preenchida com uma tela de
galinheiro sobre a qual chama a atenção um falo exagerado coberto com tecido
preto enrugado com pequenos laços em vermelho e búzios aplicados em sua
superfície entre laços de malha em vermelho. Acima do falo há um vulva com dois
búzios africanos produzida com tecido imitando pele preto. Sua estética foi
composta por 4 símbolos adinkras chamado Tabono traduzido como Remo: símbolo de
força, confiança e persistência, símbolo este de formato curvilíneo. Os quatros
símbolos foram preenchidos com trouxinhas vermelhas e pretas em contraste. No
entorno dos símbolos preenchendo as 4 sessões de AKilo Roxo estão as mais de
120 abayomis com alguns apliques de fuxicos feitos com chitão colorido. Uma
faixa de tricô de lã em tons degradê vermelha compõe uma parte desta obra. As
abayomis foram costuradas à tela de galinheiro e as demais peças foram fixadas por amarrio em 2 ou mais lugares diferentes.
Orixalás
sobre capulana
Oxuns
adrinkrerenes
Obra
composta também sobre a tampa de uma caixa de som recoberta por uma capulada
onde se destacam símbolos adinkras do tipo “Adinkra Hene 2” uma das versões do
rei dos adinkras que significa “A supremacia e a onipotência de Deus”. Estampados
nesta capulana 3 círculos concêntricos em vermelho no centro, depois azul
escuro, depois um estreito círculo vermelho e um círculo mais largo branco com
risquinhas azul escuro, com as imitações do batique na base do tecido onde se
destaca o amarelo no fundo. Todas as abayomis presentes nesta obra são em tons amarelo, com
algumas em laranja e branco organizadas em torno dos símbolos adrinkras do
próprio tecido.
Chippewa
dremcattcher (filtro dos sonhos)
A
base desta obra foi a parte de uma escada para cama do tipo beliche, então ela
é retangular com a parte superior maior que a base. Sua estrutura foi encapada
com malha preta. Ao centro e acima há um filtro do sonho em formato de meia lua
produzido com linhas alaranjadas, deixando pontas finalizadas com contas
coloridas.
Na
parte inferior há um filtro dos sonhos tradicional produzido com cipós
entrelaçados feito com linhas vermelhas escuras e na área mais próxima ao
centro com linha amarelo ouro. O miolo foi produzido com 3 pedras verdes. O
canto esquerdo superior foi preenchido com Abayomis vestidas com uma malha de
fundo branco com risquinhas em amarelo, vermelhas, azuis e verdes bem fininhas.
O canto inferior esquerdo tem trouxinhas de malha branca com risquinhas pretas.
O canto superior direito tem as mesmas trouxinhas e no inferior direito as Abayomis.
Krapa Cruz Kopta
A
base desta obra, em três seções, foi o encosto e os dois pés traseiros de uma
cadeira originalmente de metal tubular. Duas das partes do meio da cadeira compuseram
sessões separadas, uma abaixo à esquerda e outra acima à direita unidas por
várias tiras de malha preta em diagonais indo e vindo. Destaca-se no acima ao
centro, o símbolo adinkra chamado Krapa ou Musuyide que significa “a boa fortuna
ou a santidade”; “a santidade é como o gato, odeia a sujeira”: “símbolo da boa
sorte, da santidade, do bom espírito, da força espiritual”. A obra foi completada com trouxinhas de
malhas coloridas de fundo branco e riscadinhas de preto com detalhes rosa. A parte
tubular, tanto das seções 1 como da 3, foram recobertas com malha laranja vivo
onde se aplicaram um conjunto de abayomis margeando a obra. O conjunto central
e maior tem Abayomis somente na área central.
Kayalas
sobre grades
Esta
obra foi construída sobre uma base de metal quadriculado recoberto com tecido
azul celeste, e um trançado irregular de tiras de malha azul celeste em toda a
base amarrado nas bordas da base. As Abayomis foram aplicadas aleatoriamente
aqui e acolá. Cordões do tipo utilizado pelo Bispo do Rosário em seu Manto de
Apresentação contendo pequenas flores em tons claros, pendem irregularmente de
toda a obra, vazando para fora da tela. Em cima há tecido rendado em azul
turquesa claro com bordados em relevo que está fora e vem para dentro da tela.
Waakanda
(Oguns e Xangôs)
Esta
obra está composta em 3 seções. A da direita está posicionada acima da parte
posicionada na esquerda. Ao centro ficaram as ferramentas de Ogum e o Oxé de
Xangô sobre o qual há uma escultura do Pantera Negra em miniatura, de onde
provém o seu nome Waakanda, em homenagem a Chadwick Boseman. No total tem 2
metros de largura por um metro e sessenta centímetros de comprimento. A sessão
um, lateral esquerda, tem 2 ângulos retos formando um quase retângulo, já que a
parte central possui a tela de galinheiro afrouxada podendo ser movimentada. O
mesmo acontece na sessão três só que os ângulos retos estão da direita para a
esquerda.
A
sessão um foi composta por Abayomis de uns 10 cm em tons azuis cobalto até azul
marinho, representando Oguns e Abayomis também de uns 10 cm em tons vermelho
representando Xangôs. As trouxinhas foram utilizadas em formado de linhas
curvilíneas e são em tons variados com estampas claras. A lado côncavo do
telado está com um acabamento com as trouxinhas. No centro inferior há um Oxê
de Xangô – machado com dois lados – pintado em vermelho com estrias azul
cobalto, tendo um adorno em tecido vermelho bordado com miçangas e lantejoulas
prateadas. Sobre esta enxó há a escultura do Pantera Negra em posição de combate, vestido com sua roupa
preta colada ao corpo, colar de unhas de felinos em prata e máscara aderente.
Acima há uma enxada pintada de vermelho e abaixo uma foice e um facão também
pintados de vermelho. A sessão 3 imita a sessão 1, posicionada abaixo uns 30
centímetros da linha limite da sessão 1. Das sessões 1 e 3 destacam-se um
símbolo adinkra chamado Hwehemudua que é o bastão da procura ou de medida, símbolo
da excelência, da perfeição, do conhecimento e da qualidade superior. Seu
formado é como o de uma taça com três astes sobre base larga retangular
sustentada por uma aste central sobre a qual está emborcada outra taça com 2
astes. Foi feito com madeira recoberta com tecido aveludado verde escuro,
colado sobre a madeira.
Oxum
Atotô
Neste segundo ato da Exposição Arte Malunga há
5 obras constituídas sobre rodas de pneus para bicicletas, sem as
borrachas, doados pela malunga Selma. Esta obra foi encapada com tecido de
malha frisada em amarelo limão e todos os aros foram encapados e após foi feito
um trançado irregular com malha formando uma rede para acolher as Abayomis.
Para completar a estética foram recortados com tesoura de picotar peças
circulares de capulana sobre as quais foram aplicadas as Abayomis em conjunto
de duas, por vezes três Abayomis em variados tons de amarelo. O centro do aro
foi preenchido com uma trouxinha grande produzida com retângulos de malha
formando uma sombra de Obaluaê, cujo comprimento é Atotô, nas cores de Oxum.
Fofoo
é o nome do símbolo adinkra que representa a planta africana símbolo, da
necessidade de evitar o ciúme e a inveja. Este símbolo foi produzido com o
estofamento em verde claro com seis pontas arredondadas e um centro oco, onde
na peça, há uma trouxinha produzida com retalhos verde escuro. A peça circular
veio de um aro de um grande abajur redondo e foi base para um conjunto de Abayomis
coloridas que circundam o símbolo Fofoo. Na parte superior há seis pedras
verdes de cristal de vidro que indicam a parte para cima da peça. Todas as Abayomis
foram dispostas tendo como guia as pedras de cristal com a cabeça assim
posicionada: para cima.
De uma
Ibeji
Este
peça foi encapada e produzida com o gosto de uma criança: a Ana, aprendiz do
Mocambo Nzinga, agora com 11 anos. Ela escolheu as cores e as Abayomis para produzir
uma peça colorida, sem uso de outras simbologias. Tem muitas Abayomis coloridas
destacando-se o rosa choque do aro e trouxinhas amarelas dispostas entre o
bloco de Abayomis.
Festa
de Abayomis
Também produzida pela Ana, esta peça com base em um
dos aros de bicicleta, destaca-se pelo um miolo onde são colocadas as correntes
da bicicleta de marcha, pintado em amarelo ouro em contraste com as Abayomis em
tecido de malha branca riscadinha de vermelho, azul amarelo e verde claro. Como
não houve Abayomis suficiente, a Ana escolheu Abayomis com roupinhas rosa
choque para completar a obra. As trouxinhas de tecido branco com risquinhas
completam a obra cheia, plena. No centro há um fluflu de linha vermelha.
Entre a
Espada e o Espelho
No
centro desta obra dedicada à Yansã está o símbolo adinkra Me Ware Wo – Vou me
casar com você, símbolo de compromisso e perseverança. Provérbio que canta
“ninguém mistura às presas o concreto que sustentará o lar do matrimônio”. São
4 círculos acoplados aos pares, ligados por uma pequena aste no centro no
sentido de cima para baixo, e na parte superior nas 4 seções do símbolo Me Ware
Wo há uma meia aste que acaba antes do centro de cada círculo.
A
obra foi confeccionada sobre um aro de bicicleta todo encapado. É toda em
vermelho. A rede que sustenta as Abayomis são feitas em malha entrecruzadas. As abayomis também são em vermelho
em diversos tons. Na parte superior da obra há um apêndice robusto em formato
de uma meia lua irregular com uma parte bem mais larga que a outra. Neste
apêndice fixado na parte superior do aro está contido um espelho com bordas
douradas. No canto superior do círculo está uma espada dourada produzida
artesanalmente com uma cabo de pincel e lataria recortada. Abaixo um saco de
tule vermelho contem contas coloridas em diversos tamanhos, trazendo para a
obra uma leve sonoridade ao toque.
Yemanjá
Sessu
Yasessu é uma Yemanjá contada como velha e esquecida, mas outras vezes como nova e desmiolada. Quando velha, o mais corrente, é Yaba importante.
Esta obra é composta sobre
um suporte em sessões contornadas por madeira pintada, com um cano pintado de
dourado escurecido no centro do retângulo, sobre o qual estão sentadas 6
Yemanjás em tons variando do azul celeste ao verde água. Sobre este espaço há
uma faixa produzida em tecido grosso com 3 quadros recortados de uma capulana
de fundo rosa choque, onde estão desenhadas em preto, 3 mulheres africanas
ligadas pelos braços. Separando os quadros, duas pequenas Yemanjas estão
assentadas sobre uma flor verde de pontas afiadas. Abaixo um tecido em brim
bege sustenta colar prateado de um lado e do outro 7 pequenas Yemanjás que ao
final pende um chumaço de fitas azuis brilhantes. Depois de um espaço só com o
telado há uma renda larga e sobre sua beirada mais 5 Abayomis. Outro espaço em
telado e há um cordão adornado com contas de vidro transparente. Mais uma faixa
com abayomis finaliza a borda inferior da obra. Já a borda superior recebe um
símbolo adinkra estilizado com canutilhos de plástico e pintura a dedo em azul
cobalto.
O
símbolo adinkra é o Owo Foro Adobe – a cobra sobe a palmeira ráfia: símbolo da
engenhosidade e da execução de uma façanha extraordinária, baseado na
capacidade da cobra que, sem mãos nem pés, sobe a palmeira ráfia. Este símbolo
possui 2 pilares retangulares paralelos na esquerda e no centro os bordados com
o canutilho representam a cobra do símbolo com os outros 2 pilares paralelos na
direita da obra. São estilizados e nas duas bordas, uma na direita e outra na
esquerda foram pintados o símbolos simplificados com apenas um pilar cada.
Fafanto
com Sônia
Inspirada
na obra da artista mineira Sônia Gomes, de quem herdou as torções e materiais e
na de Artur Bispo do Rosário o reaproveitamento de obras, Fafanto é borboleta,
um símbolo adinkra da ternura, delicadeza, honestidade e fragilidade, aqui representada
no quadro com dois Fafantos desenhados com tinta preta e coloridos com bolinhas
amarelas e azuis. Além dos desenhos o quadro possue apliques de abelhas
confeccionadas com miçangas brancas, amarelas e pretas produzidas por uma
criança já há mais de 8 anos. A obra recente compondo com as abayomis, possui
um eixo central que se alonga para baixo. Encima possui com 3 arremedos de asas cuja asa central está
encimada com um chumaço de retalhos amarrados em vermelho. Ao redor de suas bases
circulares foram pregadas Abayomis bordadas em retalhos retangulares de tecido,
podendo ser apreciada em vários ângulos. As abayomis são em cores variadas e o
eixo central horizontal onde se encontram os arremedos de asas está repleto de
Abayomis aplicadas.
Sankofando
sobre madeira de lei
Sankofando
foi produzida sobre um tampo de mesa de madeira de lei feito com 3 tábuas
pregadas em cima e em baixo sobre outras tábuas. A tábua à esquerda possui
acima um saco emborcado de tecido de algodão tingindo com urucum, de onde parece cair penas de
pássaros sobre um adereço de metal arredondado com bordas trabalhadas. Logo abaixo
um travesseiro de bordas irregulares e mais um adereço de metal arredondado. Abaixo
um sankofa pintado de verde marrom e branco seguido de um aplique de um símbolo
sankofa produzido em cerâmica ancestral tingido de marrom com pintas verdes em
relevo. Na tábua central foram aplicadas almofadas irregulares produzidas com
capulanas coloridas e na terceira tábua, mais à direita acima, foi aplicada uma almofada de capulana
e na borda final um cachecol de tricô feito com linha lilás e fios brilhantes
porta várias Abayomis coloridas costuradas sobre o cachecol que parece
displicentemente arranjado na borda e sai para abaixo além dela. Foram
aplicados 2 peças de metal arredondado, uma no canto superior desta 3ª sessão e
outra logo abaixo da almofada de capulana ainda na parte superior direita da
obra.
Explendor
em rosa
A
base principal desta obra foi composta com uma cabeceira cama antiga encontrada
na calçada da Vila Líder. Esta base foi pintada com tinta acrílica em tom rosa
e posicionada na vertical. Sobre a madeira foi estampado o símbolo adinkra Gye
Nyame que significa “ninguém entende os mistérios da vida exceto Deus”. Destaca-se
na parte inferior direita um leque aberto e no canto superior esquerdo um
espelho dourado. Algumas tiras de malha azul turquesa compõem por cima de toda
a obra, à imitação de traços que cortam a obra em diagonal.
A
base da cabeceira da cama serviu como guia para a aplicação da tela de
galinheiro nos lados, preenchidas com Abayomis em tons rosa e trouxinhas em
quantidade. A obra tem duas sessões: uma principal na cabeceira da cama e uma
lateral esquerda composta por uma grade retangular com Abayomis vestidas com
capulanas coloridas. Nesta sessão retangular o fundo foi implementado com um tecido
azul celeste entrevisto sob as Abayomis de capulana, e as trouxinhas em tons rosa.
Por
baixo rente ao muro, compondo o contraste espacial existe um trançado de malha
azul escuro, azul celeste que se entrecruzam em amarrios geométricos que salta
das duas sessões da obra.
Ossaim
ou Caiporas
A
amiga folhagem está composta em uma obra circular do aro de bicicleta recoberta
com tecidos de cetim em tons de verde bandeira nas extremidades, e nos aros
internos com malha em verde limão. As Abayomis foram feitas com chitão verde
estampada de flores rosa, e outras em tons verdes sobre verde, além de algumas
com chitão rosa com estampas de pequenas flores brancas. Acima ao centro 2
cabaças naturais foram amarradas com tecido verde e no centro um chumaço de
penas de pássaros adornam a obra.
Iroko
Um
abacateiro gigante foi escolhido para ser Iroko – o Tempo. Um laço enorme
branco feito com espumas recoberto de tecido macio e com uma renda tem no seu
centro uma coruja encrustada de pedras brilhantes. O laço é completado por duas
abas em tecido rendado que caem ocultando parte do tronco da árvore. Abaixo e
ao centro um cesto de bambu recebe uma grande Abayomi vestida a moda de Iroko
quando desce nos terreiros de branco e com pedras, sementes e contas dependuradas
no seu corpo. A Abayomi está sentada sobre as palhas com várias cabaças
pequenas redondas ao seu entorno, conhecidas como caeté pequena. Há também no
balaio de Iroko frascos de vidro com perfume, produzidos pelas mulheres do Pará
no Mercado Ver o Peso.
Oxum
Mai Mais
Esta
Oxum está instalada em um tripé de ferro com pouco mais de um metro de altura
todo trabalhado em tiras de malha laranja e roxa que se cruzam em formatos
triangulares e retangulares de cima abaixo. A Abayomi foi produzida como a
tradição de malha preta retinta vestida em amarelo ouro com uma renda na guisa
de sobre-peça. De seu pescoço pende 3 conjuntos de plumas amarelas que descem
quase até o chão. Em uma mão ela traz uma espada e na outra um espelho com
moldura de prata.
Ogum
Kekere
Uma
cesta de metal retangular encapada com
malha deu base para esta obra composta em azul profundo onde Ogum brincante, criança representado por
Abayomis em vários tamanhos penduradas na base da cesta, com a frente aberta
chegam até encima como se estivessem em uma corda bamba. Um grupo de Abayomis
está na parte superior da obra como se de lá fossem pular. O efeito foi obtido
com a aplicação de um sistema de água para bidê. Os dois fechos da torneira de
metal antigo em prata e o cano da torneira foi colocado de modo que salta na
parte superior da cesta de metal e pode ser movido como peça articulada à base
principal.
Nana
Nanã
Esta
obra foi produzida sobre 4 cestas de palha articuladas entre si com tranças de
tecido rosa esmaecido de algodão. Acima da composição um Ibiri gigante
produzido com palha de bananeira e capulana. As cestarias receberam Abayomis
vestidas em tons lilás representando Nanã e outras em tons terrosos
amarronzados representando Onilé. Em cada cesta de palha, ao centro dela um Ibiri
produzido com palha da costa e tecido no local destinado a ser segurado. As
cestarias estão posicionadas em alturas diferentes, com um eixo central onde
aparecem as cordas de tecido trançadas e nós para seguram a obra.
Oxossi
encontra Chippewas
Chippewas
vivem nos EUA e criaram os filtros dos sonhos presente nesta obra em um formato
circular com duas penas pendendo de suas laterais. Este filtro foi produzido pela Tati, uma negra indígena mãe do Ao centro há um SEPOW – o símbolo adinkra conhecido como o
punhal do carrasco, com o qual se perfura as bochechas da vítima para evitar
que invoque uma maldição contra o rei, pé o símbolo da justiça, do castigo e do
ofício da justiça. Este Sepow foi produzido à partir de uma lata de 20 litros e
recoberto com tecido colorido com pimentas verdes, amarelas e vermelhas. Na
esquerda abaixo, destaca-se um plumário de aves brasileiras e logo abaixo um grupo de Abayomis vestidas em verde limão
com risquinhos pretos. No canto superior direito o símbolo de Oxossi em metal
prateado e logo abaixo uma Abayomi vestida com malha adornada com estampa
imitando pele felina e como blusa um tecido vindo da África do Sul em laranja
vivo estampado com fotos das penas de pavão. Este Oxossi carrega seu arco de
bambu e flechas com plumo de penas naturais. No centro pende tiras de tecido
irregulares de fundo branco e flores vermelhas. Acima, à direita um conjunto de
folhas artificias foram colocadas em verdes de diferentes tonalidades.
Ogum
Onirê
Ogum cortador de cabeça, ora repousando no fundos
das águas recebe uma única Abayomi com roupas em azul profundo de capulana. A
obra tem como base as pernas de uma tábua de passar roupa e a estrutura
original foi mantida e toda ela encapada com malha lilás e roxa em diversas
tonalidades. Sua posição vertical imita a pilastra onde está instalada com a
Abayomi pendurada em um cordão com contas coloridas em azul, madeira natural e
marrom, à guisa de móbile, quase fora da estrutura de madeira onde fica pendurado.
Acima e ao fundo do Ogum há um grande laço roxo produzido com tecido fino e
leve.
Opaxarô
de Oxalá recebe Xaxará de Capanã
Esta
obra foi produzida usando-se como base
uma cesta de frutas dupla em metal, de cabeça para baixo. A parte superior, acrescida à base de metal, foi
feita com uma tábua redonda em madeira pintada de branco e fixada na base com
um pedaço de cabo de vassoura. Um tripé foi feito com ferro soldados para
receber cartaz de propaganda e nele foi encaixado a parte superior da obra,
toda base pintada de branco. A parte superior do Opaxarô recebeu um conjunto de
Abayomis vestidas de Oxalá dependuradas em tiras de malha como se estiverem em
um carrossel. Encimado no Opaxarô a pomba prateada em metal fundido, onde na
borda há o acabamento com uma renda prateada sobre a qual foram aplicados um
conjunto alternado de búzios nacionais e tento (olho de cabra). O carrossel central recebeu Oxalás e Capanãs
ou Obaluaê vestidos de cor branca com a cobertura de palha. O terceiro
carrossel recebeu Capanãs dependurados na parte central da cesta emborcada.
Entre o 2° e o 3° carrossel foi produzido um arremedo de Xaxará recoberto de tecido de ráfia com búzios
nacionais e africanos sobre uma cobertura de palha da costa que vaza pelo eixo da ferramenta e cascateia em dois blocos
até perto do chão. O eixo superior e o
inferior receberem um tecido bordado com lantejoulas prateadas amarrado com
fitas de malha branca.