segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 

Arte malunga – OBRAS – 2º ato – Ivonete Aparecida Alves

Descrição das obras – Versão 2 – Com a Supervição de Paulo Henrique da Silva Leonardo

 

Página

Introdução

02

AKIlo Roxo: Pombagira Bará

03

Orixalás sobre capulana

04

Oxuns adrinkrerenes

05

Chippewa dremcattcher (filtro dos sonhos)

06

Krapa  Cruz Kopta

07

Kayalas sobre  grades

08

Waakanda (Oguns e Xangôs)

09

Oxum Atotô

10

Fofoo

11

 De uma Ibeji

12

 Festa de Abayomis

13

 Entre a Espada e o Espelho

14

Yemanjá Sessu

15

 Fafanto com Sônia

17

 Sankofando sobre madeira de lei

18

 Explendor em rosa

19

 Ossaim ou Caiporas

20

 Iroko

21

 Oxum Mai Mais

22

 Ogum Kekere

23

 Nana Nanã

24

 Oxossi encontra  Chippewas

25

 Ogum Onirê

26

 Opaxarô de Oxalá recebe Xaxará de Capanã

27

Considerações

28

 

 

Introdução

Esta Exposição chamada Arte Malunga da artista plástica Ivonete Aparecida Alves está instalada no Mocambo APNs Nzinga Afro-Brasil no Jardim Cambuci em Presidente Prudente, estado de São Paulo- Brasil.

Trata-se de 24 obras construídas com bonecas Abayomis sobre suportes variados. As bonecas Abayomis foram nomeadas pela artesã Lena Martins nos anos 1980, no Rio de Janeiro, quando ela, com retalhos de tecido da cor preta, fez nós para formar o corpo completo de um ser semelhante à estrutura do corpo humano. Com uma tira maior dobrada ao meio ela deu um nó formando a cabeça e com uma tira menor e mais estreita amarrou no centro, abaixo do nó da cabeça formando os braços. Para representar as mãos ela deu um nó em cada extremidade dos braços e outros nós para formar os pés.

Estruturado o corpo ela vestia as bonecas com tecidos coloridos. Abayomi é uma palavra africana muito comum em diversas línguas e significa “encontro precioso”. A boneca não tem marcação de boca, olhos, nariz e representa o princípio e todas as pessoas pretas. Portanto, não se faz Abayomi com o corpo de qualquer outra cor que não seja preto retinto.

Existe também uma lenda, muito difundida, de que as Abayomis foram criadas nos navios negreiros para consolar a crianças. É provável que várias bonecas tenham sido produzidas na travessia, mas a Abayomi é uma criação na diáspora negra.

Além das Abayomis a Exposição Arte Malunga  2º Ato, está composta com obras onde existem os  símbolos adinkras. Os adinkras possuem significados correspondentes aos provérbios. Por exemplo, o sankofa é a representação de um pássaro e significa: “Nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou para trás” ou aproximando de uma linguagem corrente: “Símbolo da sabedoria de estar com os pés no presente, aprender com o passado para construir o futuro”.  Foi utilizado como guia  o livro de Elisa Larkin Nascimento e Carlos Gá chamado “Adinkra – sabedoria em símbolos africanos” editado pela Ipeafro, 2009..

Compondo com as Abayomis e os símbolos adinkras, a maioria das obras foram criadas contendo tiras de tecido amarradas formando trouxinhas com as pontas soltas, doravante chamadas “trouxinhas”.

Assim as obras constroem uma ideia de cheio/vazio, de altos e baixos produzindo um relevo diferenciado e também texturas variadas no uso de materiais macios, outros de metais ou madeira, contas ou mesmo peças de cerâmica compondo as obras.

Todas foram produzidas para serem tocadas, sentidas, ouvidas promovendo um universo de ludicidade na apreciação da obra de arte.

Todas as bases utilizadas vieram de um processo de reaproveitamento por coleta em caçambas, encontradas nas calçadas ou adquiridas em lojas de materiais usados, como as grades de janelas ou portões, tampas de latão, suportes variados em ferro, madeira ou acrílico.



1.                  AKIlo Roxo: Pombagira Bara



 

AKilo Roxo é uma peça produzida com abayomis em variados tons de tecido vermelho sobre uma moldura de ferro pintado de vermelho, preenchida com uma tela de galinheiro sobre a qual chama a atenção um falo exagerado coberto com tecido preto enrugado com pequenos laços em vermelho e búzios aplicados em sua superfície entre laços de malha em vermelho. Acima do falo há um vulva com dois búzios africanos produzida com tecido imitando pele preto. Sua estética foi composta por 4 símbolos adinkras chamado Tabono traduzido como Remo: símbolo de força, confiança e persistência, símbolo este de formato curvilíneo. Os quatros símbolos foram preenchidos com trouxinhas vermelhas e pretas em contraste. No entorno dos símbolos preenchendo as 4 sessões de AKilo Roxo estão as mais de 120 abayomis com alguns apliques de fuxicos feitos com chitão colorido. Uma faixa de tricô de lã em tons degradê vermelha compõe uma parte desta obra. As abayomis foram costuradas à tela de galinheiro e as demais peças foram  fixadas por amarrio  em 2 ou mais lugares diferentes.





Orixalás sobre capulana


Esta obra foi composta utilizando como base a tampa de uma caixa de som sobre a qual foi aplicado um tecido conhecido no Brasil como capulana, que é muito colorido e este imita o batique, em tons verde, amarelo, marrom em contraste com o fundo branco. As abayomis Orixalás vestidas com calças de túnicas brancas tem um adorno em vermelho na cintura e têm entre 7 a 12 centímetros de comprimento, costuradas aos pares sobre a base. No centro da obra há uma faixa preta onde se destacam ninhos de landejoulas bege bordadas a certa distância umas das outras e separadas por pedras de vidro bordadas sobre a faixa preta. Margeando a faixa há bonecas Abayomis vestidas de azul claro a moda de Yemanjá.



Oxuns adrinkrerenes




Obra composta também sobre a tampa de uma caixa de som recoberta por uma capulada onde se destacam símbolos adinkras do tipo “Adinkra Hene 2” uma das versões do rei dos adinkras que significa “A supremacia e a onipotência de Deus”. Estampados nesta capulana 3 círculos concêntricos em vermelho no centro, depois azul escuro, depois um estreito círculo vermelho e um círculo mais largo branco com risquinhas azul escuro, com as imitações do batique na base do tecido onde se destaca o amarelo no fundo. Todas as abayomis  presentes nesta obra são em tons amarelo, com algumas em laranja e branco organizadas em torno dos símbolos adrinkras do próprio tecido.



Chippewa dremcattcher (filtro dos sonhos)


A base desta obra foi a parte de uma escada para cama do tipo beliche, então ela é retangular com a parte superior maior que a base. Sua estrutura foi encapada com malha preta. Ao centro e acima há um filtro do sonho em formato de meia lua produzido com linhas alaranjadas, deixando pontas finalizadas com contas coloridas.

Na parte inferior há um filtro dos sonhos tradicional produzido com cipós entrelaçados feito com linhas vermelhas escuras e na área mais próxima ao centro com linha amarelo ouro. O miolo foi produzido com 3 pedras verdes. O canto esquerdo superior foi preenchido com Abayomis vestidas com uma malha de fundo branco com risquinhas em amarelo, vermelhas, azuis e verdes bem fininhas. O canto inferior esquerdo tem trouxinhas de malha branca com risquinhas pretas. O canto superior direito tem as mesmas trouxinhas e no inferior direito as Abayomis.



Krapa  Cruz Kopta

     

A base desta obra, em três seções, foi o encosto e os dois pés traseiros de uma cadeira originalmente de metal tubular. Duas das partes do meio da cadeira compuseram sessões separadas, uma abaixo à esquerda e outra acima à direita unidas por várias tiras de malha preta em diagonais indo e vindo. Destaca-se no acima ao centro, o símbolo adinkra chamado Krapa ou Musuyide que significa “a boa fortuna ou a santidade”; “a santidade é como o gato, odeia a sujeira”: “símbolo da boa sorte, da santidade, do bom espírito, da força espiritual”.       A obra foi completada com trouxinhas de malhas coloridas de fundo branco e riscadinhas de preto com detalhes rosa. A parte tubular, tanto das seções 1 como da 3, foram recobertas com malha laranja vivo onde se aplicaram um conjunto de abayomis margeando a obra. O conjunto central e maior tem Abayomis somente na área central.



Kayalas sobre  grades




Esta obra foi construída sobre uma base de metal quadriculado recoberto com tecido azul celeste, e um trançado irregular de tiras de malha azul celeste em toda a base amarrado nas bordas da base. As Abayomis foram aplicadas aleatoriamente aqui e acolá. Cordões do tipo utilizado pelo Bispo do Rosário em seu Manto de Apresentação contendo pequenas flores em tons claros, pendem irregularmente de toda a obra, vazando para fora da tela. Em cima há tecido rendado em azul turquesa claro com bordados em relevo que está fora e vem para dentro da tela. 


Waakanda (Oguns e Xangôs)






Esta obra está composta em 3 seções. A da direita está posicionada acima da parte posicionada na esquerda. Ao centro ficaram as ferramentas de Ogum e o Oxé de Xangô sobre o qual há uma escultura do Pantera Negra em miniatura, de onde provém o seu nome Waakanda, em homenagem a Chadwick Boseman. No total tem 2 metros de largura por um metro e sessenta centímetros de comprimento. A sessão um, lateral esquerda, tem 2 ângulos retos formando um quase retângulo, já que a parte central possui a tela de galinheiro afrouxada podendo ser movimentada. O mesmo acontece na sessão três só que os ângulos retos estão da direita para a esquerda.

A sessão um foi composta por Abayomis de uns 10 cm em tons azuis cobalto até azul marinho, representando Oguns e Abayomis também de uns 10 cm em tons vermelho representando Xangôs. As trouxinhas foram utilizadas em formado de linhas curvilíneas e são em tons variados com estampas claras. A lado côncavo do telado está com um acabamento com as trouxinhas. No centro inferior há um Oxê de Xangô – machado com dois lados – pintado em vermelho com estrias azul cobalto, tendo um adorno em tecido vermelho bordado com miçangas e lantejoulas prateadas. Sobre esta enxó há a escultura do Pantera Negra  em posição de combate, vestido com sua roupa preta colada ao corpo, colar de unhas de felinos em prata e máscara aderente. Acima há uma enxada pintada de vermelho e abaixo uma foice e um facão também pintados de vermelho. A sessão 3 imita a sessão 1, posicionada abaixo uns 30 centímetros da linha limite da sessão 1. Das sessões 1 e 3 destacam-se um símbolo adinkra chamado Hwehemudua que é o bastão da procura ou de medida, símbolo da excelência, da perfeição, do conhecimento e da qualidade superior. Seu formado é como o de uma taça com três astes sobre base larga retangular sustentada por uma aste central sobre a qual está emborcada outra taça com 2 astes. Foi feito com madeira recoberta com tecido aveludado verde escuro, colado sobre a madeira.




Oxum Atotô


Neste segundo ato da Exposição Arte Malunga há 5 obras constituídas sobre rodas de pneus para bicicletas, sem as borrachas, doados pela malunga Selma. Esta obra foi encapada com tecido de malha frisada em amarelo limão e todos os aros foram encapados e após foi feito um trançado irregular com malha formando uma rede para acolher as Abayomis. Para completar a estética foram recortados com tesoura de picotar peças circulares de capulana sobre as quais foram aplicadas as Abayomis em conjunto de duas, por vezes três Abayomis em variados tons de amarelo. O centro do aro foi preenchido com uma trouxinha grande produzida com retângulos de malha formando uma sombra de Obaluaê, cujo comprimento é Atotô, nas cores de Oxum.


Fofoo
      



Fofoo é o nome do símbolo adinkra que representa a planta africana símbolo, da necessidade de evitar o ciúme e a inveja. Este símbolo foi produzido com o estofamento em verde claro com seis pontas arredondadas e um centro oco, onde na peça, há uma trouxinha produzida com retalhos verde escuro. A peça circular veio de um aro de um grande abajur redondo e foi base para um conjunto de Abayomis coloridas que circundam o símbolo Fofoo. Na parte superior há seis pedras verdes de cristal de vidro que indicam a parte para cima da peça. Todas as Abayomis foram dispostas tendo como guia as pedras de cristal com a cabeça assim posicionada: para cima.


De uma Ibeji


Este peça foi encapada e produzida com o gosto de uma criança: a Ana, aprendiz do Mocambo Nzinga, agora com 11 anos. Ela escolheu as cores e as Abayomis para produzir uma peça colorida, sem uso de outras simbologias. Tem muitas Abayomis coloridas destacando-se o rosa choque do aro e trouxinhas amarelas dispostas entre o bloco de Abayomis.


Festa de Abayomis



Também produzida pela Ana, esta peça com base em um dos aros de bicicleta, destaca-se pelo um miolo onde são colocadas as correntes da bicicleta de marcha, pintado em amarelo ouro em contraste com as Abayomis em tecido de malha branca riscadinha de vermelho, azul amarelo e verde claro. Como não houve Abayomis suficiente, a Ana escolheu Abayomis com roupinhas rosa choque para completar a obra. As trouxinhas de tecido branco com risquinhas completam a obra cheia, plena. No centro há um fluflu de linha vermelha.




Entre a Espada e o Espelho




No centro desta obra dedicada à Yansã está o símbolo adinkra Me Ware Wo – Vou me casar com você, símbolo de compromisso e perseverança. Provérbio que canta “ninguém mistura às presas o concreto que sustentará o lar do matrimônio”. São 4 círculos acoplados aos pares, ligados por uma pequena aste no centro no sentido de cima para baixo, e na parte superior nas 4 seções do símbolo Me Ware Wo há uma meia aste que acaba antes do centro de cada círculo.

A obra foi confeccionada sobre um aro de bicicleta todo encapado. É toda em vermelho. A  rede que sustenta as Abayomis são feitas em malha entrecruzadas. As abayomis também são em vermelho em diversos tons. Na parte superior da obra há um apêndice robusto em formato de uma meia lua irregular com uma parte bem mais larga que a outra. Neste apêndice fixado na parte superior do aro está contido um espelho com bordas douradas. No canto superior do círculo está uma espada dourada produzida artesanalmente com uma cabo de pincel e lataria recortada. Abaixo um saco de tule vermelho contem contas coloridas em diversos tamanhos, trazendo para a obra uma leve sonoridade ao toque. 


Yemanjá Sessu


Yasessu é uma Yemanjá contada como velha e esquecida, mas outras vezes como nova e desmiolada. Quando velha, o mais corrente, é  Yaba importante. 

Esta obra é composta sobre um suporte em sessões contornadas por madeira pintada, com um cano pintado de dourado escurecido no centro do retângulo, sobre o qual estão sentadas 6 Yemanjás em tons variando do azul celeste ao verde água. Sobre este espaço há uma faixa produzida em tecido grosso com 3 quadros recortados de uma capulana de fundo rosa choque, onde estão desenhadas em preto, 3 mulheres africanas ligadas pelos braços. Separando os quadros, duas pequenas Yemanjas estão assentadas sobre uma flor verde de pontas afiadas. Abaixo um tecido em brim bege sustenta colar prateado de um lado e do outro 7 pequenas Yemanjás que ao final pende um chumaço de fitas azuis brilhantes. Depois de um espaço só com o telado há uma renda larga e sobre sua beirada mais 5 Abayomis. Outro espaço em telado e há um cordão adornado com contas de vidro transparente. Mais uma faixa com abayomis finaliza a borda inferior da obra. Já a borda superior recebe um símbolo adinkra estilizado com canutilhos de plástico e pintura a dedo em azul cobalto.

      O símbolo adinkra é o Owo Foro Adobe – a cobra sobe a palmeira ráfia: símbolo da engenhosidade e da execução de uma façanha extraordinária, baseado na capacidade da cobra que, sem mãos nem pés, sobe a palmeira ráfia. Este símbolo possui 2 pilares retangulares paralelos na esquerda e no centro os bordados com o canutilho representam a cobra do símbolo com os outros 2 pilares paralelos na direita da obra. São estilizados e nas duas bordas, uma na direita e outra na esquerda foram pintados o símbolos simplificados com apenas um pilar cada.


Fafanto com Sônia





Inspirada na obra da artista mineira Sônia Gomes, de quem herdou as torções e materiais e na de Artur Bispo do Rosário o reaproveitamento de obras, Fafanto é borboleta, um símbolo adinkra da ternura, delicadeza, honestidade e fragilidade, aqui representada no quadro com dois Fafantos desenhados com tinta preta e coloridos com bolinhas amarelas e azuis. Além dos desenhos o quadro possue apliques de abelhas confeccionadas com miçangas brancas, amarelas e pretas produzidas por uma criança já há mais de 8 anos. A obra recente compondo com as abayomis, possui um eixo central que se alonga para baixo. Encima possui com 3  arremedos de asas cuja asa central está encimada com um chumaço de retalhos amarrados em vermelho. Ao redor de suas bases circulares foram pregadas Abayomis bordadas em retalhos retangulares de tecido, podendo ser apreciada em vários ângulos. As abayomis são em cores variadas e o eixo central horizontal onde se encontram os arremedos de asas está repleto de Abayomis aplicadas. 



Sankofando sobre madeira de lei



Sankofando foi produzida sobre um tampo de mesa de madeira de lei feito com 3 tábuas pregadas em cima e em baixo sobre outras tábuas. A tábua à esquerda possui acima um saco emborcado de tecido de algodão tingindo com urucum, de onde parece cair penas de pássaros sobre um adereço de metal arredondado com bordas trabalhadas. Logo abaixo um travesseiro de bordas irregulares e mais um adereço de metal arredondado. Abaixo um sankofa pintado de verde marrom e branco seguido de um aplique de um símbolo sankofa produzido em cerâmica ancestral tingido de marrom com pintas verdes em relevo. Na tábua central foram aplicadas almofadas irregulares produzidas com capulanas coloridas e na terceira tábua, mais à direita  acima, foi aplicada uma almofada de capulana e na borda final um cachecol de tricô feito com linha lilás e fios brilhantes porta várias Abayomis coloridas costuradas sobre o cachecol que parece displicentemente arranjado na borda e sai para abaixo além dela. Foram aplicados 2 peças de metal arredondado, uma no canto superior desta 3ª sessão e outra logo abaixo da almofada de capulana ainda na parte superior direita da obra.


Explendor em rosa


A base principal desta obra foi composta com uma cabeceira cama antiga encontrada na calçada da Vila Líder. Esta base foi pintada com tinta acrílica em tom rosa e posicionada na vertical. Sobre a madeira foi estampado o símbolo adinkra Gye Nyame que significa “ninguém entende os mistérios da vida exceto Deus”. Destaca-se na parte inferior direita um leque aberto e no canto superior esquerdo um espelho dourado. Algumas tiras de malha azul turquesa compõem por cima de toda a obra, à imitação de traços que cortam a obra em diagonal.

A base da cabeceira da cama serviu como guia para a aplicação da tela de galinheiro nos lados, preenchidas com Abayomis em tons rosa e trouxinhas em quantidade. A obra tem duas sessões: uma principal na cabeceira da cama e uma lateral esquerda composta por uma grade retangular com Abayomis vestidas com capulanas coloridas. Nesta sessão retangular o fundo foi implementado com um tecido azul celeste entrevisto sob as Abayomis de capulana,  e as trouxinhas em tons rosa.

Por baixo rente ao muro, compondo o contraste espacial existe um trançado de malha azul escuro, azul celeste que se entrecruzam em amarrios geométricos que salta das duas sessões da obra.

 


Ossaim ou Caiporas




A amiga folhagem está composta em uma obra circular do aro de bicicleta recoberta com tecidos de cetim em tons de verde bandeira nas extremidades, e nos aros internos com malha em verde limão. As Abayomis foram feitas com chitão verde estampada de flores rosa, e outras em tons verdes sobre verde, além de algumas com chitão rosa com estampas de pequenas flores brancas. Acima ao centro 2 cabaças naturais foram amarradas com tecido verde e no centro um chumaço de penas de pássaros adornam a obra.


Iroko




Um abacateiro gigante foi escolhido para ser Iroko – o Tempo. Um laço enorme branco feito com espumas recoberto de tecido macio e com uma renda tem no seu centro uma coruja encrustada de pedras brilhantes. O laço é completado por duas abas em tecido rendado que caem ocultando parte do tronco da árvore. Abaixo e ao centro um cesto de bambu recebe uma grande Abayomi vestida a moda de Iroko quando desce nos terreiros de branco e com pedras, sementes e contas dependuradas no seu corpo. A Abayomi está sentada sobre as palhas com várias cabaças pequenas redondas ao seu entorno, conhecidas como caeté pequena. Há também no balaio de Iroko frascos de vidro com perfume, produzidos pelas mulheres do Pará no Mercado Ver o Peso.


Oxum Mai Mais


Esta Oxum está instalada em um tripé de ferro com pouco mais de um metro de altura todo trabalhado em tiras de malha laranja e roxa que se cruzam em formatos triangulares e retangulares de cima abaixo. A Abayomi foi produzida como a tradição de malha preta retinta vestida em amarelo ouro com uma renda na guisa de sobre-peça. De seu pescoço pende 3 conjuntos de plumas amarelas que descem quase até o chão. Em uma mão ela traz uma espada e na outra um espelho com moldura de prata.


Ogum Kekere




Uma cesta  de metal retangular encapada com malha deu base para esta obra composta em azul profundo  onde Ogum brincante, criança representado por Abayomis em vários tamanhos penduradas na base da cesta, com a frente aberta chegam até encima como se estivessem em uma corda bamba. Um grupo de Abayomis está na parte superior da obra como se de lá fossem pular. O efeito foi obtido com a aplicação de um sistema de água para bidê. Os dois fechos da torneira de metal antigo em prata e o cano da torneira foi colocado de modo que salta na parte superior da cesta de metal e pode ser movido como peça articulada à base principal.


Nana Nanã



Esta obra foi produzida sobre 4 cestas de palha articuladas entre si com tranças de tecido rosa esmaecido de algodão. Acima da composição um Ibiri gigante produzido com palha de bananeira e capulana. As cestarias receberam Abayomis vestidas em tons lilás representando Nanã e outras em tons terrosos amarronzados representando Onilé. Em cada cesta de palha, ao centro dela um Ibiri produzido com palha da costa e tecido no local destinado a ser segurado. As cestarias estão posicionadas em alturas diferentes, com um eixo central onde aparecem as cordas de tecido trançadas e nós para seguram a obra.


Oxossi encontra  Chippewas



Chippewas vivem nos EUA e criaram os filtros dos sonhos presente nesta obra em um formato circular com duas penas pendendo de suas laterais. Este filtro foi produzido pela Tati, uma negra indígena mãe do  Ao centro há um    SEPOW – o símbolo adinkra conhecido como o punhal do carrasco, com o qual se perfura as bochechas da vítima para evitar que invoque uma maldição contra o rei, pé o símbolo da justiça, do castigo e do ofício da justiça. Este Sepow foi produzido à partir de uma lata de 20 litros e recoberto com tecido colorido com pimentas verdes, amarelas e vermelhas. Na esquerda abaixo, destaca-se um plumário de aves brasileiras e logo abaixo  um grupo de Abayomis vestidas em verde limão com risquinhos pretos. No canto superior direito o símbolo de Oxossi em metal prateado e logo abaixo uma Abayomi vestida com malha adornada com estampa imitando pele felina e como blusa um tecido vindo da África do Sul em laranja vivo estampado com fotos das penas de pavão. Este Oxossi carrega seu arco de bambu e flechas com plumo de penas naturais. No centro pende tiras de tecido irregulares de fundo branco e flores vermelhas. Acima, à direita um conjunto de folhas artificias foram colocadas em verdes de diferentes tonalidades.



Ogum Onirê




Ogum  cortador de cabeça, ora repousando no fundos das águas recebe uma única Abayomi com roupas em azul profundo de capulana. A obra tem como base as pernas de uma tábua de passar roupa e a estrutura original foi mantida e toda ela encapada com malha lilás e roxa em diversas tonalidades. Sua posição vertical imita a pilastra onde está instalada com a Abayomi pendurada em um cordão com contas coloridas em azul, madeira natural e marrom, à guisa de móbile, quase fora da estrutura de madeira onde fica pendurado. Acima e ao fundo do Ogum há um grande laço roxo produzido com tecido fino e leve.



Opaxarô de Oxalá recebe Xaxará de Capanã




Esta obra foi produzida  usando-se como base uma cesta de frutas dupla em metal, de cabeça para baixo. A parte superior, acrescida à base de metal,  foi feita com uma tábua redonda em madeira pintada de branco e fixada na base com um pedaço de cabo de vassoura. Um tripé foi feito com ferro soldados para receber cartaz de propaganda e nele foi encaixado a parte superior da obra, toda base pintada de branco. A parte superior do Opaxarô recebeu um conjunto de Abayomis vestidas de Oxalá dependuradas em tiras de malha como se estiverem em um carrossel. Encimado no Opaxarô a pomba prateada em metal fundido, onde na borda há o acabamento com uma renda prateada sobre a qual foram aplicados um conjunto alternado de búzios nacionais e tento (olho de cabra).  O carrossel central recebeu Oxalás e Capanãs ou Obaluaê vestidos de cor branca com a cobertura de palha. O terceiro carrossel recebeu Capanãs dependurados na parte central da cesta emborcada. Entre o 2° e o 3° carrossel foi produzido um arremedo de Xaxará  recoberto de tecido de ráfia com búzios nacionais e africanos sobre uma cobertura de palha da costa que vaza pelo  eixo da ferramenta e cascateia em dois blocos até perto do chão. O  eixo superior e o inferior receberem um tecido bordado com lantejoulas prateadas amarrado com fitas de malha branca.



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