sexta-feira, 30 de maio de 2025

 

pimenta rosa

Aroeira mansa, Aroeira da praia, Pimenta brasileira, Pimenta de sabiá

 



Àrvore que cresce nas áreas de Mata Atlântica em todo o Brasil. Pode chegar a 10m de altura, mas é comum encontrar exemplares menores. Seus frutos são a famosa Pimenta Rosa, hoje presente nos restaurantes mais conceituados. No Nordeste sua coleta e beneficiamento tem se tornado uma alternativa econômica para muitas famílias de baixa renda. Em regiões quilombolas é realizado o extrativismo dos galhos. Depois é realizado  as bolinhas com a pimenta são retiradas dos galhos para comercialização.

Popularmente é muito utilizada para lavar feridas, para problemas vaginais, como corrimento, inflamações e infecções, inclusive para tratamentos pós-parto, no controle de hemorragias uterinas. Também é muito utilizado para problemas urinários e do aparelho respiratório, como gripes e bronquites.

A planta pode causar processos alérgicos na mucosa de pessoas sensíveis a seus princípios ativos, por este motivo é sempre recomendado testar as preparações antes de seu uso interno. Apesar disso, sua utilização, tanto das folhas quanto da casca do tronco são consideradas seguras nas doses recomendadas. Mulheres grávidas devem sempre buscar orientação médica.

Se extrato foi testado como anticancerígeno, no controle do desenvolvimento de linhagens de câncer de mama e apresentou relevantes resultados. Um de seus princípios ativos testado isoladamente, (a-pineno) demonstrou excelente resultado no controle do melanoma (Câncer de pele), levando as células cancerígenas a apoptose. Em outro estudo com células de câncer da próstata resultado semelhante foi evidenciado com o uso do extrato de suas folhas.

 Como antimicrobiano, as folhas de Aroeira-vermelha demonstraram excelente ação contra vários tipos de bactérias. Outros estudos demonstram sua eficiência em combater fungos. Sua ação impediu que o fungo Candida albicans, causador da candidíase se fixasse e no caso das cáries dentárias, impediu a formação de filme pelo S. mutans. Num outro estudo com vaginose bacteriana, o uso da aroeira demonstrou excelentes resultados.

Seu efeito anti-inlflamatório também foi avaliado e comprovado. Nos casos de gengivite, a ação do extrato de aroeira foi bastante eficiente em reduzir a inflamação e o sangramento. Nos casos de estomatite gengival por conta de prótese dentária, os resultados também foram excelentes.

Como cicatrizante, os extratos das folhas de aroeira melhoraram muito a cicatrização em casos de cirurgia de bexiga. No caso de úlceras na boca, os extratos de aroeira vermelha aceleraram a cicatrização de maneira muito eficiente.

No combate a úlceras, os extrato de  Aroeira vermelha mostraram capacidade de reduzir a acidez estomacal e aumentar o volume de suco gástrico, melhorando a cicatrização, além de controlar hemorragias estomacais e acelerar a cicatrização da parede do estômago. Avaliada em comparação com Omeprazol no tratamento da gastrite, Aroeira Vermelha mostrou os mesmos resultados, comprovando mais uma vez sua ação benéfica ao estomago.

 

USO RELIGIOSO DAS CASCAS, FOLHAS E FRUTOS

Suas propriedades energéticas espirituais estão diretamente ligadas as questões de purificação e  aroeira é uma planta muito utilizada com fins espirituais, destacando-se pelo seu poder de descarrego. Quando há energias densas alojadas em seu corpo espiritual, o banho de aroeira pode ajudar a purificar e renovar suas energias.

Além disso, a aroeira-vermelha possui uma longa história de uso medicinal na medicina tradicional. Diversas partes da árvore são utilizadas para a produção de medicamentos naturais, devido às suas propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias, antifúngicas e a Analgésicas. Base de estudos :descarrego.

Possui poder de limpeza energética profunda retirando energias negativas, espíritos obssesores, inveja, olho gordo e feitiçarias.

A aroeira é uma planta muito utilizada com fins espirituais, especialmente pela umbanda. Entre as finalidades espirituais do banho de aroeira destaca-se principalmente o seu poder de descarrego.

O Banho de Descarrego com Aroeira tem um propósito muito específico: curar males provenientes do corpo e restaurar a imunidade.

Quando há energias densas alojadas em seu corpo espiritual, essa planta pode te ajudar.

Se há uma sensação de que a vida não caminha para frente, aposte no banho de aroeira. Além da limpeza espiritual, a planta também realiza uma abertura de caminhos, por isso está presente em banhos de amor e prosperidade. O banho com as folhas de aroeira pode ser feito sozinho ou junto com outras ervas, tudo depende da finalidade desejada. Se é um banho potente de descarrego, por exemplo, é possível fazer junto com o banho de sal grosso. Mas se é um banho para abertura de caminhos e prosperidade, então é possível fazer com alecrim, canela, entre outras plantas ligadas à prosperidade.

No Brasil, nos candomblés jeje-nagôs, onde é chamada ajobí (àjóbi), ajobí oilê (àjóbi oilé) e ajobí pupá (àjóbi pupa), a aroeira-vermelha é usada nos sacrifícios de animais quadrúpedes em ebós e sacudimentos, além do emprego medicinal como remédio antirreumático, contra feridas, inflamações, corrimentos e diarreias. Nestas crenças também é uma planta associada a orixá Oçânhim,  e aos orixás Ogum e Exu. Segundo os mitos do candomblé, pela manhã é atribuída a Ogum, e pela tarde a Exu, bem como é utilizada na vestimenta de Oçânhim.

Eu conheci a aroeira como uma árvore de Nanã. lá no município de Cacheira na Bahia. Isto significa que existe a tradição criada em cada casa de matriz africana, além de tradições que se complementam quando há junções ou troca de saberes entre uma casa e outra.

 TEMPERO DA ÀGBÀ


Criei uma fórmula de tempero, onde a pimenta rosa tem uma participação interessante. Os outros ingredentes são: sal marinho integral, urucum (extraído das sementes por mim), açafrão, orégan, pimenta do reino da minha amiga Madalena e coentro. Nas últimas formulações acrescentei pó de moringa oleífera e também erva baleeira desidratada em pó.

Assim, este tempero produz um efeito muito benéfico para a saúde, além de transformar pratos veganos em comida vibrante de sabor, facilitando o gosto das pessoas que apreciam o sabor africano nos alimentos: intenso e marcante. Vim de uma família de cozinheiras célebres e o sabor na comida sempre foi muito importante. Ao deixar de comer carne e peixes o desafio foi alimentar o paladar com comidas de excelência, sem o uso de carnes e  peixes, além de necessitar da complementação alimentar que tanto a erva baleeira como a moringa oleífera promovem.


CARATERIZAÇÃO TÉCNICA DA PLANTA

Engº Florestal: Paulo Hernani Carvalho - EMBRAPA

De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a taxonomia de Schinus terebinthifolius obedece à seguinte hierarquia: 

Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)

Classe: Magnoliopsida (Dicotiledonae)

Ordem: Sapindales

Família: Anacardiaceae

Espécie: Schinus terebinthifolius Raddi; Mem.

Soc. Ital. Sci., 18: 399, 1820.

Sinonímia botânica: Schinus aroeira Vellozo; Schinus terebinthifolius Raddi var. acutifolia

Engler; Schinus terebinthifolius var. pohlianus Engl.; Schinus terebinthifolius Raddi var. rhoifolia (Martius) Engler.

Nomes populares: abacaíba; aguaraíba; araguaraíba,  no Estado de São Paulo; aroeira; aroeira-braba e aroeira-precoce, no Rio Grande do Sul; aroeira-branca, aroeira-comum, aroeira-legítima, aroeira-de-remédio e aroeira-do-brejo, na Bahia; aroeira-corneíba; aroeira-mansa, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Estado de São Paulo; aroeira-negra; aroeira-pimenteira, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Estado de São Paulo; aroeira-preta, no Rio Grande do Sul e no Estado de São Paulo; aroeira-rasteira; aroeira-da-praia, em Alagoas, em Pernambuco, no Estado do Rio de Janeiro e em Sergipe; aroeira-de-minas; aroeira-de-sabiá; aroeira-do-campo, no Estado do Rio de Janeiro, em Santa Catarina e no Estado de São Paulo; aroeira-do-paraná; aroeira-do-sertão, no Ceará, na Bahia e em Pernambuco; aroeirinha, em Minas Gerais e no Estado de São Paulo; aroeirinha-do-campo; árvore-da-pimenta; arundeuva; bálsamo; cabuí; cambuí;  coração-de-bugre; coraciba; corneíba; fruta-de-cutia; fruta-de-sabiá; fruto-de-raposa, em Minas Gerais; fruto-de-sabiá; jejuíra; lentisco; pimenteira-do-peru.

Etimologia: Schinus vem de Schinos, nome usado pelos antigos gregos para a árvore do mástique. Pistacia lentiscus é também da família das anacardiáceas. A resina de algumas espécies de Schinus se assemelha ao mástique.

Por sua vez, o termo schinos provém do verbo grego schizein, que significa “cortar, fazer incisão”, por causa do corte que se faz na casca para fluir a resina. O termo terebinthifolius vem do latim (folia), porque as folhas assemelham-se às espécies do gênero Terebinthus P. Miller, da família das anacardiáceas (Fleig, 1989).

Semente: reniforme e única por fruto. O envoltório é liso, de coloração amarelo-clara,

sendo que a região da calaza e rafe assume uma coloração marrom-escura (Carmelo-Guerreiro & Paoli, 1995), com um funículo fibroso aderido ao tegumento de polpa oleosa. A micrópila não é visível e o endosperma é ausente.

Descrição

Forma biológica: de arbusto a árvore perenifólia, de porte variado. Comumente com 2 a 10 m de altura e 10 a 30 cm de DAP, podendo atingir até 15 m de altura e 60 cm de DAP, na idade adulta.

Tronco: reto a tortuoso, inclinado e curto. Fuste de até 11 m de comprimento na floresta. Ramificação: dicotômica, cimosa. Copa baixa, densifoliada a irregular, arredondada, densa e larga quando isolada.

Casca: com espessura de até 15 mm. A casca externa é cinza-escura e muitas vezes preta, áspera, sulcada, escamosa, desprendendo-se em placas irregulares. A casca interna é avermelhada, com textura fibrosa. Tem odor característico, com exsudação de terebintina (Ivanchechen, 1988).

Folhas: compostas imparipinadas, muito variáveis, alternas, com 9 a 11 folíolos. Os folíolos são sésseis, membranáceos, glabros, verdes a verde-escuros, oblongos a lanceolados, de ápice  agudo e base obtusa, com margem serreada a lisa. As primeiras folhas são trifolioladas. Apresentam,  como característica principal para identificação, a ráquis com ala estreita entre os pares de folíolos. Os brotos jovens são avermelhados. Flores: branco-amareladas a branco-esverdeadas, pequenas, numerosas, actinomorfas, reunidas em panículas axilares ou terminais, densas, multifloras, de 4 a 10 cm de comprimento, que surgem nos ramos (do ano). Fruto: drupáceo, globoso, pequeno, com 4 a 5,5 mm de diâmetro, levemente achatado no comprimento. O pericarpo é constituído por exocarpo friável, brilhante, semitransparente, de coloração vermelho-viva a purpúrea ou rosa forte, quando maduro, mesocarpo com grandes cavidades secretoras e endocarpo lignificado e pétreo (Kuniyoshi, 1983; Carmelo-Guerreiro & Paoli, 1995). O endocarpo contém óleo e, à semelhança do mesocarpo, quando macerado, exala um odor de fruto de manga imaturo (Kuniyoshi, 1983).

Frutificação: os frutos amadurecem de janeiro a fevereiro, no Estado do Rio de Janeiro; de janeiro a maio, no Paraná; em março, no Espírito Santo; de março a outubro, no Estado de São Paulo; de maio a junho, no Rio Grande do Sul e em julho, em Sergipe.

Os frutos persistem por um longo tempo na planta; ademais, há uma grande variação entre as

árvores, sendo impossível precisar épocas de floração e de frutificação. O processo reprodutivo inicia, precocemente, a partir do primeiro ano de idade, em plantio.

Dispersão de frutos e sementes: espécie amplamente disseminada por zoocoria, principalmente por aves. Todavia, Kuniyoshi (1983) observou mirmecoria (formigas) no chão.

Sementes

Colheita e beneficiamento: os frutos da aroeira-pimenteira devem ser colhidos quando

passam da coloração verde para róseo-vermelho-viva. A extração das sementes se faz por maceração dos frutos. Para remover a casca, lavar em água corrente.

Após a extração, as sementes devem ser postas em peneiras e secas em ambiente ventilado.

Número de sementes por quilo: 31 mil (Jesus & Rodrigues, 1991) a 42 mil (Durigan et al.,

1997).

Tratamento para superação da dormência: não apresentam dormência.

Longevidade e armazenamento: as sementes de aroeira-pimenteira apresentam comportamento não recalcitrante em relação ao armazenamento, podendo ser submetidas a processo de secagem, desde que as temperaturas utilizadas não sejam superiores a 40ºC (Barbosa et al., 1998). Sementes dessa espécie, com 7,8% de umidade, podem ser armazenadas em condições de câmara seca (14ºC ± 1ºC e 38ºC ± 2% UR), quando

embaladas em sacos de papel kraft permeável, por 360 dias, com perda de germinação em torno de 23% (Medeiros & Zanon, 1998a). Entretanto, as condições de câmara fria (4ºC ± 1ºC e 84ºC ± 2% UR), associadas com a embalagem de saco de plástico, não devem ser descartadas, porque podem ser utilizadas na conservação das sementes por até 180 dias, com perdas em torno de 33%, em relação à germinação inicial.

Germinação em laboratório: as sementes dessa espécie germinam tanto na luz como no escuro, sendo promovidas pela luz (Sardenberg & Lucas, 1991). A temperatura ótima está entre 25ºC e 30ºC.

 

Referências

PAULO ERNANI RAMALHO CARVALHO – EMBRAPA –

Possui graduação em Curso de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná(1971), mestrado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná(1978) e doutorado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná(1996). Atualmente é Pesquisador III da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Tem experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase em Silvicultura. Atuando principalmente nos seguintes temas: Silvicultura, Espécies florestais, Cabralea canjerana, Calophyllum brasiliense, Centrolobium robustum e Fisiologia vegetal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário