terça-feira, 22 de maio de 2018

Aulas 03 e 04 de Cerâmica ancestral


Cerâmica Ancestral – aulas 03 e 04

Na aula 01 tivemos um contato inicial com a produção de massa cerâmica: uma mistura de barros para produzir uma massa que suporte a queima ancestral, sem rachar.
Estamos denominando queima ancestral a realizada com madeiras naturais, com a  ajuda de galhos finos para aumentar a temperatura da queima, do meio até as etapas finais do processo. Este tipo de queima teve uma ampla difusão, em todas as partes da Terra e vários povos criaram suas formas de queimar ou cozer o barro, transformando suas propriedades.
Nesta aula vamos modelar uma peça fundamental na cultura afro-brasileira que é o Exu ou a Pombagira. Primeiro modelei os Exus e já na minha primeira queima, em respeito à minha ancestralidade, modelei um Exu. Aos poucos fui me perguntando por quais razões não tinha criado e modelado uma Pombagira e então fui modelando uma orixá Pombagira. Minha intenção é também oferecer uma oportunidade de relação de afeto positivo com estas entidades do Candomblé e da Umbanda tão pouco compreendidos e usados para ofender  o povo preto e suas iconografias de fé, que também são fundamentais para quem trabalha e pesquisa as iconografias de matriz africana no Brasil.
De qualquer maneira, as pessoas que mais se interessam por estas peças são as filhas e filhos de fé das religiões de matriz africana.
Peço licença aos meus mais velhos e mais velhas para compartilhar o que aprendi com minha ancestralidade e ensinar um pouco da modelagem destes seres de nossa proteção.

Modelando um Exu ou uma Pombagira

Nossa primeira tarefa será fazer uma bola de papel, prendendo bem com um barbante ou linha. A bola pode ser feita com papel  machê e seca ao sol, ou mesmo em local coberto. Lembre-se que a bola deve ser menor que a cabeça do Orixá. Então para confeccionar uma peça com uns 12 cm de altura, faremos uma bola com no máximo 2,5 cm de raio.

Veja abaixo alguns modelos de bolas de papel para fazer as modelagens em cerâmica:




A próxima etapa é bater e preparar a massa cerâmica, como ensinamos na aula 1.


Recubra a bola de papel com a massa cerâmica, deixando massa suficiente para modelar a boca, os olhos e a cabeça da peça. Vamos modelar somente o rosto, pois fazer uma peça com membros neste momento é mais difícil.



Tanto o Exu, como a Pombagira  que modelo possui chifres “móveis”, pois foi desta forma que estas entidades se presentaram à minha percepção, já que são trabalhadoras e trabalhadores de proteção, em situações onde a aparência “bruta” se faz necessária.
Na peça acima já deixei a massa no jeito de modelar os detalhes da pele, dos olhos, boca, orelhas e chifres.
Montada esta etapa basta que, com paciência, vá modelando os olhos, boca e outras detalhes da peça. Caso não consiga finalizar a modelagem, guarde a peça com uma chuviscada de água, em embalagem de plástico e continue modelando no dia seguinte. Evite que entre ar de fora, senão a peça seca e aí não é possível mais continuar modelando. Ainda será possível esculpir a peça, mas é muito mais trabalho e exigirá uma boa ferramenta de corte.

A peça final deve estar mais ou menos assim:




Este Exu já foi queimado e decorado com sementes e búzios, além do uso de uma tinta em relevo. A Pombagira que fiz, acrescentei o cabelo e uma cor nos lábios.

Paper clay – argila com papel ou com fibras naturais batidas em liquidificador

Esta mistura pode ser usada quando a pessoa tem pressa para fazer uma peça e quer queimar logo.
Bata metade de argila com metade de papel jornal ou massa de papel já pronta no liquidificador. Deixe escorrer ou aperte bem para retirar o excesso de água. Vá secando a massa em uma base de gesso ou sobre tecidos velhos até conseguir uma boa consistência.
Para este processo é bom deixar o papel de molha na água um dia antes. Estando bem hidratado, o papel vai bater mais fácil e produzir uma massa de modelagem mais homogênea.



terça-feira, 15 de maio de 2018


Cerâmica Ancestral – Aula 02

Na nossa primeira aula fizemos uma massa cerâmica, usando uma mistura de argila com alto teor de areia e uma massa cerâmica já pronta para modelagem. A mistura é ideal para queima em fogo de lenha, com testes já realizados.
Nesta segunda aula vamos trabalhar os moldes para fabricação de peças usando a massinha para modelar.
A sugestão é que façamos peças com adinkras.



Símbolos adinkras
           

             DUAFE – o pente ritual                                        SANKOFA – pés no presente, sem esquecer o passado, em direção ao futuro.
A palavra adinkra,  significa "adeus" no idioma Twi, falado entre os akan. Conforme escreveu Nei Lopes para a professora Elisa Larkin, é possível ainda desmembrar a palavra em "di" e "nkra", ou seja, despedir-se do "kra" (alma), da maneira que fez o rei de Gyaman quando deixou seu legado.
Existem mais de 400 símbolos organizados. No Brasil uma boa fonte de pesquisa é o livro Adinkras: Sabedoria Africana, organizado pela Prof. Elisa Larkin Nascimento, com desenhos de Carlos Gá.



Técnica:
Modelagem com massinha para produção de forma em gesso







Modelar a peça com massinha para produzir a forma de gesso no formato do Sankofa, com tamanho entre 3 e 5 cm. Evitar fazer partes muito fininhas, pois no processo de produzir a peça em cerâmica, estas partes podem quebrar com facilidade. Então, as patas do Sankofa devem ser um pouco mais grossas, mesmo que depois, quando a peça estiver em ponto de couro, sejam afinadas.

Modelagem  da forma para produção da forma dos adinkras




Faça um círculo com um papelão firme, cerca de uns 4 cm maior que as laterais da forminha.
Corte um fundo de papelão um pouco maior que o diâmetro do círculo. Prenda bem com fita crepe.
Fixe a forma com fitas, evitando deixar espaço entre as partes. O leite de gesso pode vazar pelos espaços ao ser despejado na forma.

Base de gesso para modelar e ajudar na secagem da massa cerâmica
O gesso é um material utilizando desde o Egito Antigo. Há uma peça da Rainha Nefertith em gesso, que foi mantida preservada até os dias atuais. Os traços negroides são facilmente perceptíveis nesta peça.
Além de ser excelente como forma, o uso do gesso ajuda a retirar a água da peça em massa cerâmica.

 Material para fazer o leite de gesso…
•          água potável
•          bacia  ou balde de plástico
•          batedor (pode utilizar as mãos para homogeinizar)
•          lixeira
•          lugar para lavar ferramentas, mãos, etc.

1) A água usada para fazer gesso deve ser sempre limpa.
2) A bacia ou balde deve ser de plástico ou borracha, para facilitar a sua limpeza ( o gesso que sobra endurece no fundo da bacia, com uma pequena torção fará saltar fora o excedente).
3) O batedor poderá ser uma colher , garfo, espátula, etc., qualquer tipo de misturador de metal ou madeira.
Também pode ser limpo com uma pequena torção, raspado com uma espátula ou até batendo com martelo no gesso endurecido, caso o volume de material assim o exija.
4) O gesso deve ser o stucco (normal, usado na construção civil), de boa qualidade e recentemente fabricado.
As grandes lojas de materiais são o melhor lugar para comprar pela alta rotatividade de estoque. Quando comprado em sacos de 20 ou 40 quilos seu preço é mais acessível.
Não pode estar empedrado ou com embalagem úmida.
5) A espátula é muito útil para raspar os restos de gesso endurecido e as ferramentas
6) A lixeira é o recipiente para onde irão todas as sobras do material.
Obs: Nunca faça um novo gesso numa bacia que contenha restos de um gesso anterior.

Como fazer o gesso
 Colocar um pouco água limpa e na temperatura ambiente no fundo de um recipiente.
Sempre a água em primeiro lugar, depois o gesso.
 A seguir derramar na água (com a mão) o pó de gesso, como se estivesse peneirando, até formar uma ilha.
Deixe repousar por um ou dois minutos a fim de  o gesso absorva bem toda a água. Em seguida  misture com vigor com uma espátula (colher. garfo, etc…)
Quando a mistura estiver homogênea e sem caroços, o gesso estará pronto para ser usado.
Agora é preciso rapidez já tendo pronta a forma e o recipiente para fazer a forminha para a massa cerâmica.
 Por esta razão ( rapidez ) é que se trabalha sempre com pequenas porções.
É natural que o gesso aqueça durante o processo de endurecimento.

Usando as formas para produzir moldes para os adinkras
A peça a ser produzida nas formas de gesso deve ter o tamanho exato modelada em massinha. Caso a massinha esteja muito mole, misture com outra massinha um pouco mais firme. Alé do duage e do Sankofa vários formatos podem ser modelados, como os muiraquitãs, por exemplo.





Lembrar que estamos trabalhando com cultura afro-brasileira e os símbolos adinkras são importantes como modelo estético para o trabalho. As técnicas utilizadas foram pensadas par ao trabalho na escola também.




terça-feira, 8 de maio de 2018

Mãos Negras no Maracatu Baque Mulher em Maringá – Paraná



Uma Nação de Maracatu comandada por uma jovem linda mulher negra. Não é pouca coisa. Não só por isto o baque do tambor sacudiu nossos corpos em sintonia com a batida de nossos corações, profundamente agradecidos por esta vivência, nos dias  05, 06 e 07 de maio de 2018.
Joana D’arc da Silva Cavalcante, neta da yalorixá, dona Maria de Quixaba, sacerdotisa do Ylê Axé Oxum Deym, Pina, no Recife, desde criança esteve presente nas atividades religiosas e culturais desenvolvidas dentro do Ylê. Confirmada yakekeré Mãe Joana da Oxum. Mãe Pequena do Terreiro é segunda pessoa na hierarquia da casa de candomblé e herdeira do Axé .
O Baque Mulher tem um estatuto discutido, aprovado que milita a favor das mulheres, em um processo de empoderamento afrocentrado. Uma das bandeiras deste Baque é dar força para que as mulheres possam resistir e enfrentar as opressões familiares e sociais . Uma das Loas mais importantes e interpretada por Mestre Joana e Mãe Tenily é sobre a Lei Maria da Penha:






Composição de Mãe Joana de Oxum

Maria da Penha é forte /  É forte pra valer
Com sua força e coragem fez a lei acontecer
A lei Maria da Penha / Agora eu já sei
11.340 do ano 2006
Mulheres do Mundo inteiro / Com garra pra vencer
Vamos unir as nossas forças e fazer acontecer
Tem direito a liberdade /Tem direito de viver
Tem direito de ter direito, tem direito de vencer.

Mãe Tenily atua no Rio de Janeiro dando prosseguimento ao trabalho do Baque e compôs uma Loa onde declara sua origem do Candomblé:

Composição: Tenily
As mulheres da minha nação
São guerreiras, batuqueiras
Baianas e yalorixás

São guerreiras, batuqueiras
Baianas e yalorixás

Conhecem a fundo
O segredo do mundo
Com brilho da Oxum
E a coragem de Oyá
(repete coro)

A dama do paço carrega a calunga
Mãe Yemanjá vem nos abençoar
(repete coro)

Composição: Mestra Joana
Bate o tambor ó negra
Eu quero ver a poeira subir
É nesse baque que
Eu vou
É nesse baque
Meu amor
Mulher guerreira tocando tambor
Rosa e laranja
Eu sou eu sou
Baque mulher
Com muito amor
Mulher guerreira a raiz nagô


sábado, 28 de abril de 2018

Sacolas Culturais Afro-Brasileiras


SACOLAS CULTURAIS AFROBRASILEIRAS: UM CENTRO DE LEITURA DENTRO DE CASA - Ivonete Aparecida Alves[1]

Este é um trabalho que iniciamos em 2009, com sacolas culturais, que após circularem em Cambuci, bairro de Pres. Prudente/SP, agora também funciona em outros locais do município (Escola Municipal, COOPERLIX, órgão de serviços; etc); em Paracatu/MG e Almeirim/PA, no primeiro semestre de 2011 com financiamento da FUNARTE – Fundação Nacional das Artes, do Ministério da Cultura.
O  objetivo das sacolas é compartilhar conhecimentos sobre leitura, literatura e peças étnicas que valorizem a cultura afrobrasileira, brasileira e africana, desconstruindo preconceitos e processos discriminatórios; amparando uma   práxis, onde está inclusa a estética dos povos da diáspora africana e suas reelaborações no contato intercultural: uma outra leitura do mundo, que passa também pela leitura da palavra e avança na construção de outras estéticas.
A leitura, a arte, e o artesanato fazem parte de nosso cotidiano porém, nem sempre é fácil identificar a origem histórica desses traços que permeiam nossa cultura. Esta é uma leitura de negação, que ao ser desvelada, diante da história das peças artísticas vivenciadas, há a emergência do Real e descoberta das nossas manifestações culturais. Ainda que existam manifestações culturais empapadas das mais diferentes etnias que compuseram a sociedade brasileira, há indícios de uma riqueza enorme das culturas africanas e indígenas que aqui estão, realocadas aos poucos e eficientemente com as sacolas culturais, pois com elas vão as exposições de arte africana e diaspórica, música, teatro, rodas de conversa, artesanato étnico e revistas diferenciadas.
Palavras-chaves: Cultura afrobrasileira, literatura afrobrasileira, arte e negritude
Key words: Afro-brasilian culture, afro-brasilian literature,  art and negritude






ABSTRATCT

AFRO-BBRAZILIAN CULTURAL BAGS: A READING CENTER AT HOME. - Ivonete Aparecida Alves

RESUMO/ ABSTRACT
This is a project we started in 2009, in which cultural bags go around Cambuci, a district of Presidente Prudente/SP. Nowadays the project is in other districts too (Municipal School, COOPERLIX, service departments, etc.); in Paracatu/MG and  Almeirim/PA. In the first semester of 2011 it was financed by FUNARTE – Arts National Foundation, of Cultural Department.
The aim of such bags is to share knowledge about reading, literature and ethnical objects that value Afro-Brazilian, Brazilian and African culture, deconstructing prejudice and discriminative processes; supporting the praxis, where it is included the aesthetic of African Diaspora and their re-elaborations in intercultural contact: another view of the world, which goes through word reading and goes ahead to other aesthetics construction.    
Reading, art, handcraft are part of our daily life, but sometimes it is not easy to identify the historical origin of such traits that permeate our culture. This is a denying reading, when it is unveiled, through the experience with the history of artistic objects there is a need for Real and our cultural manifestation discovery. Even there are cultural manifestation dip in different ethnicity that compose Brazilian society, there are evidences of a great abundance of African and Indian cultures here, slowly and efficiently re-located through cultural bags, once they carry African art exhibition and Diasporic, music, theater, talking groups, ethnic handcrafts and different magazines.   
  
Key words: Afro-Brazilian culture, Afro-Brazilian literature, art and negritude




Nossa história
Depois de muito dialogar com várias pessoas que já atuam em projetos culturais e participar do 17º. COLE – Congresso de Leitura do Brasil, na UNICAMP, em julho de 2009, assisti à comunicação das professoras da Educação Infantil de Campinas, Sidinéia Ferreira Lopes e Cassia Arlete Tossini da Costa, na sessão 4 do Tema: Políticas Públicas em Leitura. As professoras narraram sobre 2 sacolas de leitura que circulavam entre as famílias das crianças de suas turmas da Educação Infantil, onde elas também haviam detectado as poucas experiências leitoras que realizavam em casa, além da qualidade e variedade destas leituras. As professoras decidiram enviar contos em trechos para as famílias das crianças até chegarem a enviar a sacola com livros e revistas. O projeto deu tão certo que muitos familiares começaram a pedir livros extras para continuarem a ler.
Também buscávamos uma maneira de ampliar o universo leitor das pessoas do bairro onde atuamos e cada idéia necessitava do trabalho de pessoas que ainda não tínhamos formado. (Temos um grupo que coopera com a formação de participantes para a Economia Solidária e auto-gestão)
Nosso coletivo, Nzinga AfroBrasil, Arte, Educação, Cultura já atuava com as crianças desde o início de 2009, mas a participação dos familiares era ínfima, inclusive na hora de compartilhar conhecimento sobre nosso trabalho e peças que as crianças elaboravam.
Decidi então, fazer uma provocação, escolhendo autores e autoras que nos pereciam muito diferentes daqueles que compõem o universo das pessoas das classes mais excluídas de nosso município e compor as 10 primeiras sacolas culturais que circularam em 2009 e 2010 no bairro, e no início do ano letivo em 2010 circularam na Escola Municipal Profª “Vilma Alvarez Gonçalvez”, a  mais próxima do Nzinga, também em Cambuci, entre as professoras da escola. Em 2011 essas primeiras sacolas ficaram como referenciais para divulgação do Projeto e então elaboramos 10 sacolas com conteúdos novos para implementarem o trabalho no Vilma; 10 para circularem na COOPERLIX – Cooperativa de Reciclagem do Lixo de Pres. Prudente; 10 para Paracatu/MG e 10 para Almeirim/PA (onde também circulam 5 sacolas de literatura), compondo 03 Territórios da Cidadania, como previa o Edital da Bolsa de Literatura da FUNARTE – MinC, com o financiamento desse órgão.

Cultura e leitura de mundo para diminuir as desigualdades

O Programa Territórios da Cidadania foi lançado em 2008, com o objetivo de diminuir a desigualdade no meio rural, construindo uma política de desenvolvimento sustentável conjunta: governos municipais, estaduais e a esfera federal.
Em 2009, o número de Territórios atendidos aumentou de 60 para 120, em todo o Brasil. O número de Ministérios envolvidos também subiu de 19 para 22, agora atingindo também a população urbana. 
Este bolsa FUNARTE, com a qual fui contemplada, objetivou fomentar ações de leitura e arte em 3 Territórios da cidadania: Presidente Prudente (Pontal do Paranapanema); Paracatu/MG, (Noroeste de Minas); e Almeirim/Pa, no (Baixo Amazonas).
O coletivo Nzinga Afrobrasil, Arte, Educação, Cultura nasceu dentro do Território do Pontal do Paranapanema, inicialmente com a vivência na confecção de bonecas e máscaras étnicas, depois com ação de fomento à leitura, iniciando em 2011  com as sessões de cinema regular, todos os sábados 19h30min, na sede do coletivo.
Pesquiso sobre a cultura africana desde 1998, mas foi em 2004 que comecei a confeccionar bonecas inspiradas em originais africanas. Uso garrafas pet, tecidos, contas, sobras de colares e os mais diferentes materiais que são despojados por essa sociedade de consumo. A transformação de despojos em arte é minha maneira de interferir no mundo, parindo outras peças e colaborando na sensibilização das pessoas.

A composição das sacolas culturais e as oficinas de leitura
São sacolas costumizadas contendo: 2 livros de literatura, 1 CD, 1 DVD, 1 Revista Raça Brasil, 1 revista de circulação nacional diferenciada (Caros Amigos, Fórum, CULT, Revista da Fundação Cultural Palmares, sempre com títulos ou números diferentes, etc...), uma peça étnica africana, afrobrasileira ou brasileira; e 1 caderno para anotações.  As sacolas circulam em grupos de 10, 5 ou 4 pessoas. Para divulgação usualmente deixamos 2 sacolas para serem compartilhadas com amigos, conhecidos ou no próprio ambiente de trabalho. Inicia-se com a proposta de adesão espontânea para participar do projeto, e isto firma um compromisso para participar de uma Oficina de Leitura, onde compartilhamos e apreciamos o conteúdo de cada sacola, podendo começar com a Exposição. É nesse momento que fazemos a tabela de circulação das sacolas, decidimos a periodicidade da troca das sacolas e quais outros grupos poderão ter acesso ao material. Em Paracatu/MG, o grupo decidiu que 4 sacolas ficariam no Quilombo S. Domingos (zona rural do município) e 6 sacolas ficariam com as pessoas da cidade, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Cultura.
Em Almeirim- Pará, como sugestão do diretor de Educação Municipal, Aldenis Rodrigues, propusemos como espaço-piloto a Escola Municipal Osvaldina Pinto da Rocha (mais conhecida como Jardim da Infância). Por solicitação da direção das escolas onde existe EJA – Educação de Jovens e Adultos, montamos 5 sacolas, só com literatura para circular entre estudantes da EJA ciclo 3 e 4 (correspondente à 5ª e 6ª séries).
As professoras da Escola Jardim de Infância também firmaram compromisso de se encontrarem uma vez por semana para discutir as peças étnicas e iniciar oficinas de confecção de material pedagógico inspirado no conteúdo das sacolas culturais, além de começar sessões de cinema na escola, compartilhando atividades entre as séries.
Lemos alguns trechos de algumas estórias, apreciamos as peças étnicas, com a leitura de algumas fichas (que acompanham cada peça étnica).
                    
Bonequinhas que compõem as sacolas culturais                            Peças de artesanato étnico paraense; e da etnia Kaipó-Asurini
               
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As sacolas culturais com seu conteúdo variado são uma síntese de vários trabalhos de pesquisa, cursos de arte e artesanato, exposições, rodas de conversa e demandas das crianças do coletivo Nzinga Afrobrasil, do município e da região, além de locais distantes com os quais mantivemos contato participando de feiras, congressos, seminários e fóruns no Brasil.

Leitura do mundo, leitura da palavra
A nossa participação em encontros internacionais tem possibilitado o intercâmbio de informações e vivências também com pessoas das nações africanas, com o que as sacolas culturais podem ser enriquecidas e/ou valorizadas.
Em julho de 2011 participando do FREPOP – Fórum Regional de Educação Popular em Lins/SP, reafirmamos o compromisso de valorizar nossas experiências culturais, trazendo para Presidente Prudente o Profº Liam Kane da Universidade de Glasgow – Reino Unido (Escócia). O professor fez uma roda com as crianças do coletivo e pudemos compartilhar vários saberes, facilitando o intercâmbio que já estamos tentando firmar tem 4 anos. O objetivo é trazer para morar em Presidente Prudente estudantes ou militantes da Escócia e assim vivenciar o inglês e o português na comunidade, iniciando um processo de ensino-aprendizagem diferenciado para o grupo de crianças e jovens da comunidade. Sem uma intermediação é praticamente impossível para crianças e jovens desses Territórios viajarem para fora do país.

 As sacolas culturais na COOPERLIX
“Nós somos os meninos carrapichos,
Tiramos nossa vida do lixo
É do lixo que aprendi,
Eu aprendi a trabalhar
Então joga tudo no lixo
Que nós vamos lá buscar...” Efigênia dos Santos Roldão
 (moradora de rua em Porto Alegre)
O chorume é o caldo do capitalismo e o que fica para a população pobre, a taça de champanhe que o povo da periferia é obrigado a beber, cheirar, comer ou retirar dele o necessário para alimentar uma cadeia enorme de exploração. Mas é também no trabalho de coleta, seleção, agregando valor que o lixo para a ser produto. Com todas as críticas não ingênuas que a gente pode fazer.
Ao iniciarmos o convite para que os recicladores/as da COOPERLIX pudessem participar das Sacolas Culturais já sabíamos que o desafio seria maior e diferente de outros locais onde as Sacolas já circularam. A autogestão ainda não foi conquistada e as trocas das sacolas só acontecem se a gente for lá realizá-las. Já na elaboração do invólucro  procuramos fazer uma pesquisa para montar sacolas que tivessem vindo de um trabalho coletivo. Assim compramos tapetinhos confeccionados em Ibitinga/SP, com as sobras de colchas que fazem do município paulista a capital de peças bordadas para enxovais. Então passamos a pensar na maneira de montá-las e seus conteúdos. As peças étnicas, livros de literatura, CDs e DVDs também foram escolhidos com um propósito de pensar a agregação de valor cultural ao material coletado.
Durante a Exposição na COOPERLIX e apresentação das peças, buscamos intensificar a importância dos materiais que a COOPELIX tem fornecido para nosso trabalho no campo das artes plásticas e do artesanato étnico.
Os materiais e produtos que reaproveitamos são inócuos à saúde das pessoas e do meio ambiente e todo o processo de fabricação de objetos artesanais e de arte da cultura afrobrasileira, brasileira ou inspirados na cultura africana atendem aos princípios da originalidade, da confecção manual, do estudo e planejamento de cada linha de peças e principalmente no uso desse objeto como material de apoio pedagógico, valorizando a interculturalidade e promovendo dinâmicas que ajudem a organização de demandas entre quem pode produzir essas peças, a maneira de organizar essa produção enquanto buscamos pensar, de forma coletiva como melhorar a qualidade de vida de quem precisa sobreviver com a coleta desses materiais.
Não há dúvida de que o papel dos catadores é fundamental para que possamos repensar nossa maneira de interferirmos nas dinâmicas ambientais que estão afetando de forma negativa o planeta. Até para propormos novas maneiras de produzir e sobreviver é necessário registrar o que é impossível ficar a cargo dos catadores e recicladores, como o manuseio dos componentes eletrônicos, por exemplo, onde é preciso um treinamento mais acurado para fazer do reaproveitamento das peças e componentes eletrônicos uma atividade segura para quem manuseia e também para o meio ambiente.
São desafios que acompanham a circulação das sacolas, porque a gente dialoga com muitas pessoas e busca registrar soluções possíveis, fazendo o papel de intermediação de experiências. Trouxemos de uma cooperativa de Paracatu, idéias de agregação de valor que estamos organizando para que os cooperados daqui possam ter acesso.
É de fato a vivência mais ética possível da chamada pesquisa-ação.

Forcluídos
É um conceito que vivenciamos por alguns anos estudando psicanálise da educação em seminários organizados pela Profª Leny Magalhães Mrech da FEUSP e para mim ficou que: forcluídos, à partir dos conceitos de Lacan, são aqueles que embora componham a teia de relações sociais, ficam à margem dessa teia, sendo explorados eficientemente. Com o estudo da economia solidária é possível compreender que existam pessoas que não podem suportar a dominação de seus corpos. Não suportam o controle mais sutil e por isso eficiente de suas ações, tão estudado por Foucault, apresentado em Vigiar e Punir.
Então quebrar um circuito de “eu não quero saber de nada disso”, ou “isto não me diz respeito” exige um comprometimento que necessita ser vivenciado. Na verdade não é possível garantir que qualquer das ações que estamos intentando no campo cultural surta efeito a curto prazo. Nossa garantia é que estamos estabelecendo alguns laços. Os laços de comprometimento que é possível fazer por onde passamos é que colabora na quebra de algumas “cadeias de gozo”: a pessoa que está lamentando demais, com a cara carrancuda, reclamando, reclamando e ficando na dor de seu pior.
A arte impera nos seus sentidos. Ela quebra certas imobilidades e nessa quebra, abre brechas por onde o conhecimento estanque, avassala. A grande questão que nos incita é que, ao mexer com estruturas alienantes, doloridas, porém conhecidas, a gente firma um compromisso de responsabilidade, no conceito que Antoine de Saint-Exupéry divulgou em  “O Pequeno Príncipe”: “você é responsável por aquilo que cativas”.
Agora já nos metemos a cativar gentes daqui, de Almeirim e também de Paracatu, sem nenhuma garantia, a não ser um desejo forte de trabalho, de que poderemos dar continuidade ao que já temos iniciado. Sem uma formação de rede de trabalho, fica impossível atender demandas que provocamos nesses forcluídos. Há pessoas daqui do bairro, que não conseguimos trazer para o grupo, pois necessitam de monitoria especializada e não podemos assumir o transporte, o cuidado para levá-las em casa depois da sessão de cinema e um desafio que tem chegado com a possibilidade de iniciar um processo para implantar em Prudente, algumas sessões de cinema para cegos, que vai exigir um compromisso do poder público, das instituições e de outras pessoas que ainda não se sentem responsáveis pela construção social e com políticas de acesso.
Estando na finada Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, em Brasília trouxemos para Pres. Prudente, publicações que possibilitam o início da experiência, mas para tanto estamos fomentando o Conselho da Igualdade Racial para então aglutinarmos forças com o Conselho da Pessoa Portadora com Deficiência de Presidente Prudente para mobilizar a Associação de Cegos e demais entidades daqui e aí sim, iniciar  mais esse trabalho.

Como discutir a apropriação da história dos povos africanos e afrodescendentes num contexto de leitura do mundo?
As sacolas que produzimos, além de possuírem toda uma história em seu processo de elaboração, são declaradamente utilizadas à partir de uma leitura de mundo: ética, séria, comprometida e com uma posição política! Não são neutras! Da mesma maneira como pensamos nas sessões de cinema (com títulos escolhidos cuidadosamente e depois de muita pesquisa), nas exposições, nas rodas de conversa, nas oficinas de trabalho e na opção por incentivarmos no coletivo as oficinas de teatro do oprimido. Cada escolha está empapada de nossas convicções políticas: “de que mudar o mundo é difícil, mas é possível!”  O termo  “freireano” só tem sentido se puder ser vivenciado até as últimas consequências, incluindo um diálogo, nem sempre acolhedor; principalmente de autoridades estabelecidas, ainda que sejam fruto de uma democracia de baixa intensidade, no dizer de [2]Boaventura de Sousa Santos.
Para uma intensa provocação, tivemos que realizar uma “graduação alternativa”. Não porque Florestan Fernandes não estivesse no referencial bibliográfico do curso de Sociologia da Educação, por exemplo; mas porque “O negro do mundo dos brancos”  não o compunha. Li, porque comprei e estudei; muito além do referencial presente no curso. Que dizer então de Octavio Ianni, Franz Fanon, Nei Lopes, Joseph Ki-Zerbo, Aimé Césaire, Carlos Moore, Beatriz Nascimento e tantos outros pesquisadores/as negros e negras que foram, sistematicamente boicotados/as na nossa formação, incluindo Paulo Freire, lido fora do contexto acadêmico, ainda que celebrado como “conhecido” nesse contexto da negação acadêmica. As indagações que essa leitura da negação provocou, necessitavam de uma resposta. E algumas dessas respostas precisam de materialidade, daí meu trabalho de recuperar na história das máscaras africanas algumas “sínteses imagísticas”.
Máscara Fang, pintura sobre madeira. Coleção Museu do Homem de Paris.         Portrait of Russolo, 1913. Coleção Particular.      
Peça Fang no Museu de      Portrait Of Russolo                            Peça que confeccionei em papel-machê
Paris                                      (coleção particular)                                 - ao lado vaso para ikebana
                      Desenho de Luigi Russolo          
Não foi preciso ler Raul Córdula[3]  para descobrir que a arte africana, brasileira e de outras localidades tinha sido apropriada por grandes, famosos e ricos artistas ocidentais. Quando comecei a estudar a arte africana descobri uma intensa semelhança entre Guernica de Pablo Picasso e a imagística Fang – povo que sobrevive em Gabão, Camarões e Guiné Equatorial.
Tive sérias dúvidas e me pus a pesquisar com mais eficiência, usando palavras-chaves e qual não foi minha surpresa ao saber que o Museu de Nova Iorque tinha já montado uma Exposição, composta por obras de Emil Nolde, Paul Gauguin, Henry Moore, Paul Klee, Henri Matisse, Mac Chagall, Max Ernest, Joan Miró, Amadeo Modigliani, Pablo Picasso e muitos outros artistas que usaram intensamente a arte africana, em uma época em que a ética era a do dominador e os povos explorados não tinham a internet para organizarem suas discussões e trocas de informação.
A questão que ficou e a gente pouco discute é: por quê essas informações continuam sendo sonegadas? E mesmo quando as informações são organizadas em artigos, eles estão recheados de expressões racistas como no de Leonor Amarante, na revista Brasileiros nº 5, de agosto de 2010 “Mergulho no primitivo para ousar na modernidade!”.
Ainda que pretensa à crítica a editora da revista flagrantemente desconhece as nuances profundas do artista africano e de como conseguiu compor peças com uma qualidade artística admirada (ainda que com ares de superioridade) por toda a sociedade acidental.
Dessa maneira adotamos o termo arte primeira, para destoar do termo “primitivo” que chega ao nosso universo carregado de uma carga ideológica negativa. Primeiro, primeira não importa muito para quem cria, mas arte também é engajamento político. Parte dessa luta pode ser realizada competentemente com a criação, divulgação e formação de público em literatura, leitura, artes plásticas e diversidade cultural.

Bibliografia

AGUIAR, Vera Teixeira. Conceito de leitura. In: Pedagogia cidadã: cadernos de formação: Língua Portuguesa. CECCANTINI & outros(orgs.)UNESP/ PROgrad, 2004, VOL. I.
ARTE! Brasileiros. Especial Primitivo Erudito Popular. Brasileiros nº 05: julho/agosto de 2010.
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http://www.zyama.com/ - Museu em Illinois/EUA.
http://www.remnantsofritual.com/ - Arquivo da coleção Remanescentes de Rituais de David Gelbard  - o livro está esgotado há anos e não foi reeditado.


[1] Nzinga Afrobrasil, Arte, Educação, Cultura. Rua Amélia Sanches Matheus, 305 – Jardim Cambuci – Presidente Prudente/SP – Brasil. CEP 19045-020. ivoneteambiente@gmail.com e nzingaafrobrasil@gmail.com / Realização: FUNARTE – Fundação Nacional das Artes – Esta obra foi selecionada pela Bolsa FUNARTE de Circulação Literária. MinC/Brasil.
[2] “Que instrumentos temos? Na realidade, contamos só com instrumentos hegemônicos para tentar enfrentar tudo isso, porque os conceitos para enfrentar o novo, a descontinuidade, a ruptura, a revolução, hoje nós não temos. Os instrumentos hegemônicos que temos são as semânticas legítimas da convivência política e social: a legalidade, a democracia, os direitos humanos.(...) É um problema complicado porque, se são instrumentos hegemônicos, por definição não vão resolver nossas inquietações, nossas aspirações, e não vão conseguir o que queremos alcançar, que é uma sociedade mais justa, reinventar a emancipação social.” Boaventura de Sousa Santos, tradução de Mouzar Benedito, Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social, São Paulo, Boitempo, 2007, p. 84.
[3] Raul Córdula. Erudição e dominação. In.: ARTE! Brasileiros. Especial Primitivo Erudito Popular. Brasileiros nº 05: julho/agosto de 2010.