Axé
Axé com um mês, a mãe e uma irmãzinha. A mãe não aceitou ele de volta. Tivemos que ficar com ele.
O Axé nasceu dia 22 de
setembro de 2024, às duas da madrugada em Teodoro Sampaio no Assentamento Santa
Zélia, numa ninhada de 3 filhotes. A mãe dele é daquelas gatinhas bem miúdas,
por falta de cuidados adequados e uma fome quase constante. Do tipo animais do
tempo antigo, onde sua função não era a de PETS. Gato seve pra caçar ratos e
pronto. Daí se não estiverem com fome não vão caçar ratos.
Nós fomos visitar minha
sogra e sogro que lá vivem com a família de minha cunhada. Estavam lá de visita
de trabalho outra cunhada que reside em Campinas com seu filho mais novo, que
tinha 5 anos.
O menino escondeu o
gatinho recém nascido na lancheira no início da tarde e fico dentro do carro
para vir conosco para Presidente Prudente. Dormiram. Ele n colo da mãe e o
gatinho dentro da lancheira. No começo da noite eu até ouvi uns miadinhos, mas
pensei que era de algum destes brinquedos que tocam. Perguntei, ele riu e não
disse nada. Até que minha cunhada abriu a lancheira para trocar as frutas e
encontrou o gatinho, já quase sem forças para miar.
Foi um desespero. Ela entrou
em pânico. O menino esbugalhou os olhos, mas tinha certeza que fez a coisa
certa. Ele queria um gato. Pedia muito
um gato e daí trouxe o gato!
Peguei o gatinho na mão
e ele estava bem desidratado. Fraquinho. Com fome. Com sede e com frio.
Aconcheguei no meu colo e fui cozinhar um ovo para preparar um leite com mais proteína.
Eu já tinha cuidado de um gatinho abandonado, com os olhos fechados na rua tem
mais de 25 anos e o gatinho era do mesmo padrão de cores do Axé, que naquele
momento não tinha há nome.
Era domingo, de noite e
o único leite que tínhamos era um em pó comum. De qualquer maneira teria que
servir. Procurei uma seringa para dar o leite a ele, enquanto o ovo cozinhava. A
proporção do leite é a mesma que se faz para crianças pequenas. Para 50 ml de
água filtrada e fervida, uma colher de chá de leite em pó.
Usei um copinho daqueles bem pequenos para fazer a mistura. Já nas primeiras mamadeiras coloquei uma pitadinha de pó de erva baleeira e outra pitadinha de pó de moringa oleífera. As partes vegetais promovem a formação do bolo fecal para que o gatinho não tenha prisão de ventre.
Muito relacionada com a
alimentação está o processo digestório. No colostro das fêmeas tem todos os anticorpos
de proteção da ninhada e quando o mamífero não teve acesso a este leite rico é
preciso substituir por ervas seguras, sempre em dosagens mínimas. Outra forma
de dar acesso aos preventivos para os filhotinhos é através da massagem.
No caso de gatinhos
eles precisam de estímulo para fazer cocô e xixi. É a mesma coisa com
cachorrinhos filhotes. Por isso a mãe lambe tanto. A recomendação é de que se
estimule o filhote para fazer cocô e xixi primeiro. Nunca deu certo aqui em
casa. Então a gente alimenta primeiro e depois estimula o cocô e o xixi,
higieniza e coloca pra dormir.
Os
equipamentos que salvam!
Eu dou preferência para equipamentos de vidro, mas seringas e mamadeiras de vidro são difíceis de encontrar.
Água
limpa
Sempre usamos água de
poço artesiano para beber, depois de filtrar a água em filtro de barro com
velas a carvão.
É importante ter
sementes de moringa oleífera para higienizar a água no caso de precisar de água
pura. Mesmo com a filtragem, em casos de recuperação da saúde, a moringa faz o
papel de purificar totalmente a água.
Outra alternativa é ferver a água e depois esfriar. deixe a água em vasilhas de vidro. plástico são prejudiciais. quanto menos usar é melhor.
Lâmpada
para aquecer o animal
Animais muito
pequeninos precisam de aquecimento externo. Podem morrer de frio. Então a
lâmpada ajuda muito. Para regular a altura da lâmpada você coloca a mão e
verifique se não está muito quente. Caso esteja com frio o bichinho se treme
todo.
Tem alguns lugares que
ainda existem as lâmpadas analógicas. Em casas de agropecuária ou cooperativas agrícolas
dá pra encontrar. Enquanto não encontra,
use qualquer lâmpada ou abajur. O meu queimou depois de 15 horas ligado e tive
que r atrás de um soquete para montar uma lâmpada, improvisando um aquecimento.
Plantas
importantes para saúde animal
Mastruz: repele pulgas
Capim santo: inseticida
de amplo aspecto. Calmante, relaxante muscular, sedativo, antisséptico,
antibacteriano e analgésico
Pega pinto: cura
doenças de pêlo. (Use em quantidades muito pequenas)
Banana de macaco: trata
leishimaniose, anti-inflamatório.
Camomila: dá
tranquilidade e acalma.
Erva doce: alivia
cólicas.
Embaúba: é anti-inflamatória
e alivia dor de garganta. Trata qualquer problema respiratório.
Assa peixe: fortalece o
sistema imunológico do bichinho.
Titônia: trata
distúrbios gástricos e hepáticos.
Oleatos para massagem
Sempre tenho vários. Mas
uso nos animais o de capim santo, manjericão, alfavaca, titônia, embaúba e erva
de bicho. O de mastruz uso duas vezes ao ano para desvermifugar. Daí todos os
seres vivos da casa usam também.
Aquecimento
do filhote
Quando muito pequenos,
como era o Axé eu uso uma cestinha de bambu, caixa de papelão ou cestinha
produzida com palha de milho. Depois coloquei pedaços de um cobertor para ficar
macio e trocar caso escape um pouco de xixi. Quando está muito frio o bichinho fica
mais vulnerável. É preciso mantê-lo aquecido até durante o tempo de
alimentação.
Intervalos
das mamadas
O ideal seria a cada 3
ou 4 horas, mas nem sempre era possível. No período da noite ele mamava entre
nove e dez horas e depois na madrugada, entre 4 e cinco da manhã. Então ele
chegava a ficar 6 ou 7 horas sem mamar. Na verdade o importante era o
acolhimento que ele recebia e daí ele dormia bastante. Algumas vezes eu ia amamenta-lo
e ele estava dormindo. O sono alimenta tanto quanto a comida física.
Cuidados
compartilhados
Tive ajuda de algumas pessoas para cuidar dele em
algumas ocasiões. Meu marido aprendeu a dar mamadeira para ele e a Tereza, vez
ou outra limpava o ninho dele. Tive que carregar o Axé pra todo lugar onde fui
em novembro de 2025. Dois eventos na FCT Unesp, um em Ourinhos e também em
Garça ele foi comigo. Ficamos em um hotel em Ourinhos que tinha gatos. Foi muito
legal chegar lá e já encontra felinos pelo espaço.
A
preocupação com as prisões de ventre
Nestas saídas de casa
ele ficou com prisão de ventre. Eu levei
as ervas para acrescentar no leite dele, mas mesmo assim era um drama para
fazer cocô. O ambiente agidado dos lugares, o fato de não ter os cheiros que
ele estava acostumado e muito estímulo na sua rotina alterava o funcionamento
da digestão dele. Daí era um tal de massagem e nada. No fim ele ficou mais de
um dia sem faze cocô. Quando estava na estrada indo de Ourinhos para Garça, na
imineência de uma chuva intensa ele deve dor de barriga e comeou a reclamar. Parei
o carro na beira da estrada, entrei em um cruzamento de terra porque a rodovia
viscinal quase não tinha acostamento seguro. Foi muita bosta!
Então é preparar água
limpa, sabonete, álcool gel e toalhas limpas para carregar. Uma malinha como se
faz para os bebês humanos em tamanho menor.
Como eu estava sozinha
eu arrumei uma caixa de papelão muito funda para colocar no carro. Ele já saia
do ninho sozinho e é um perigo dirigir preocupada com um filhote. Mesmo reclamando
ele não poda sair da caixa sozinho.
Resposta
do gato aos cuidados
Eu fiquei com o coração
da mão no segundo dia de vida do
gatinho. Ele ainda não tinha nome. Deixei para nomeá-lo depois de 7 dias. Era
preciso ver se ele iria sobreviver. Na segunda feira ele ficou muito molinho. Respirava
com dificuldade e o abajur que o aquecia
deu curto circuito e não teve conserto. Eu já estava cuidando das galinhas, um
parque, uma casa, um monte de trabalho com prazos para cumprir, um quintal com
muitas árvores e um demanda enorme de editais para escrever, além de coordenação
e produção de exposições e projetos para novembro.
E o gato mole,
respirando com dificuldade. Fiz o que
sei fazer. Cantei pra ele. Fiz massagem. Soprei energia no ouvidinho dele e
pedi ajuda aos guias espirituais. Quando meu marido chegou da escola fomos atrás do leite especial. Que pancada
no bolso. Muuuuito caro!! Cento e sessenta e seis reais, 400 gramas de leite.
Só compramos desta vez, depois já compramos o leite para crianças humanas bem
mais barato. Daí o Fase Um da fórmula humana serviu.
Assim que consegui arrumar
a nova lâmpada para aquecê-lo e ele mamou a fórmula para felinos ele já
melhorou. Parece que o fato de ficar sem aquecimento é determinante na
sobrevivência dos filhotes. Além, é
claro de não ter recebido todas as defesas que o leite materno possui.
Assim, ele foi
acostumado a ouvir música. Assim que melhorou e ficou mais espertinho ele foi
apresentado aos outros gatos. Nós já tínhamos seis gatos em casa. Ôgho é um
gato grande que tem vocação para mãe. Cuidou do Nédio, um amarelinho que veio
embaixo de um caminhão de combustível que estaciona na rua do lado da nossa
casa. Ficou lá miando feito um doido de madrugada e não resisti e fui atrás do
choro. Ele demorou pouco para se
interessar pelo filhotinho, mas ficaram muito amigos depois.
Quem acabou cuidando do
Axé foi o Ôgho mesmo. Por mais que a gente limpe, quando começam a comer
sólidos, o cocô fede muito. Incrível como os outros felinos conseguem acabar
com o fedor lambendo. Por isso precisam de vermífugos, senão ficam contaminados
com vermes. E agente também precisa de vermífugos e uma higiene de tudo e de
todo mundo na casa.
Inclusive o equilíbrio espiritual
é fundamental para que a casa não adoeça com as situações de chegada de um filhotinho,
que no começo só dá preocupação e
despesa. Isto é real. Tive que abrir mão de várias coisas que precisava para
pagar as despesas do gatinho.
Também é importante
estudar para não cair nas armadilhas da onda de cobrar mais caro pelo cuidado
com os PETs do que com o cuidado com humanos. Um absurdo a fórmula do leite
para gatos custar mais caro do que o leite para humanos filhotes!
A minha preocupação era
muito intensa. Tanto quanto e preocupo com as outras vidas. No caso de
filhotinhos o coração da gente fica cheio de medos, como se fosse uma criança
mesmo. Os felinos em casa quase não miam.
Só para “conversar mesmo”. Eles não reclamam, porque a gente prevê suas
necessidades. Tem várias vasilhas com água espelhadas pela casa e no quintal. São
trocadas mais de uma vez por dia. As vasilhas de ração são muitas e ficam no
alto, onde os felinos podem comer sem a disputa com os cachorros, que adoram
comida de gato.
Cozinho comida com plantas
medicinais e carne e é raro que fiquem doentes. De maneira geral só quando
algum cachorro de rua ataca e precisam fugir. O Igbin pensa que todo bicho é
amigo e já levou alguns sustos e mordidas de cães em situação de rua. Ele é
muito manhoso e mia para ganhar colo ou para descer do telhado que ele sabe
muito bem como descer. Só mia para chamar a atenção e a gente colocar a escada
para pegá-lo no colo.
O Axé ganhou muita
atenção e ficou um gatinho muito seguro de si. Ele gosta de passear de carro e
fica chateado quando não posso sair com ele. Vai tomar sol na calçada, mas
passa a maior parte do tempo dentro do quintal. Gosta de brincar com a
cachorra. Não tem medo algum nem do galo índio que é muito bravo!!
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