sexta-feira, 27 de junho de 2025

 

Axé

Axé com um mês, a mãe e uma irmãzinha. A mãe não aceitou ele de volta. Tivemos que ficar com ele.

O Axé nasceu dia 22 de setembro de 2024, às duas da madrugada em Teodoro Sampaio no Assentamento Santa Zélia, numa ninhada de 3 filhotes. A mãe dele é daquelas gatinhas bem miúdas, por falta de cuidados adequados e uma fome quase constante. Do tipo animais do tempo antigo, onde sua função não era a de PETS. Gato seve pra caçar ratos e pronto. Daí se não estiverem com fome não vão caçar ratos.

Nós fomos visitar minha sogra e sogro que lá vivem com a família de minha cunhada. Estavam lá de visita de trabalho outra cunhada que reside em Campinas com seu filho mais novo, que tinha 5 anos.

O menino escondeu o gatinho recém nascido na lancheira no início da tarde e fico dentro do carro para vir conosco para Presidente Prudente. Dormiram. Ele n colo da mãe e o gatinho dentro da lancheira. No começo da noite eu até ouvi uns miadinhos, mas pensei que era de algum destes brinquedos que tocam. Perguntei, ele riu e não disse nada. Até que minha cunhada abriu a lancheira para trocar as frutas e encontrou o gatinho, já quase sem forças para miar.

Foi um desespero. Ela entrou em pânico. O menino esbugalhou os olhos, mas tinha certeza que fez a coisa certa. Ele queria um gato.  Pedia muito um gato e daí trouxe o gato!

Peguei o gatinho na mão e ele estava bem desidratado. Fraquinho. Com fome. Com sede e com frio. Aconcheguei no meu colo e fui cozinhar um ovo para preparar um leite com mais proteína. Eu já tinha cuidado de um gatinho abandonado, com os olhos fechados na rua tem mais de 25 anos e o gatinho era do mesmo padrão de cores do Axé, que naquele momento não tinha há nome.

Era domingo, de noite e o único leite que tínhamos era um em pó comum. De qualquer maneira teria que servir. Procurei uma seringa para dar o leite a ele, enquanto o ovo cozinhava. A proporção do leite é a mesma que se faz para crianças pequenas. Para 50 ml de água filtrada e fervida, uma colher de chá de leite em pó.

Usei um copinho daqueles bem pequenos para  fazer a mistura. Já nas primeiras mamadeiras coloquei uma pitadinha de pó de erva baleeira e outra pitadinha de pó de moringa oleífera. As partes vegetais promovem a formação do bolo fecal para que o gatinho não tenha prisão de ventre.


O Axé na Aldeia indígena




A  terceira mãe do Axé; o Ôgho que cuida dele até hoje. Brinca, dá banho, aquece nos dias frios.


Muito relacionada com a alimentação está o processo digestório. No colostro das fêmeas tem todos os anticorpos de proteção da ninhada e quando o mamífero não teve acesso a este leite rico é preciso substituir por ervas seguras, sempre em dosagens mínimas. Outra forma de dar acesso aos preventivos para os filhotinhos é através da massagem.

No caso de gatinhos eles precisam de estímulo para fazer cocô e xixi. É a mesma coisa com cachorrinhos filhotes. Por isso a mãe lambe tanto. A recomendação é de que se estimule o filhote para fazer cocô e xixi primeiro. Nunca deu certo aqui em casa. Então a gente alimenta primeiro e depois estimula o cocô e o xixi, higieniza e coloca pra dormir.


Os equipamentos que salvam!

Eu dou preferência para equipamentos de vidro, mas seringas e mamadeiras de vidro são difíceis de encontrar.


Seringa: usada para dar as mamadeiras. Não é o ideal, porque precisa de muito jeito. Caso aperte muito o êmbolo na hora de amamentar o bichinho, você pode fazer o bichinho engasgar. Assim que for possível compre uma mamadeira com bico de borracha e faça um furinho com uma agulha. O bichinho tem que aprender a conquistar a comida fazendo força para mamar.

Água limpa

Sempre usamos água de poço artesiano para beber, depois de filtrar a água em filtro de barro com velas a carvão.

É importante ter sementes de moringa oleífera para higienizar a água no caso de precisar de água pura. Mesmo com a filtragem, em casos de recuperação da saúde, a moringa faz o papel de purificar totalmente a água.

Outra alternativa é ferver a água e depois esfriar. deixe a água em vasilhas de vidro. plástico são prejudiciais. quanto menos usar é melhor.

 

Lâmpada para aquecer o animal

Animais muito pequeninos precisam de aquecimento externo. Podem morrer de frio. Então a lâmpada ajuda muito. Para regular a altura da lâmpada você coloca a mão e verifique se não está muito quente. Caso esteja com frio o bichinho se treme todo.

Tem alguns lugares que ainda existem as lâmpadas analógicas. Em casas de agropecuária ou cooperativas agrícolas dá pra encontrar. Enquanto  não encontra, use qualquer lâmpada ou abajur. O meu queimou depois de 15 horas ligado e tive que r atrás de um soquete para montar uma lâmpada, improvisando um aquecimento.

 


Aquecimento feito com uma lâmpada fluorescente . Axé com dois dias.

Plantas importantes para saúde animal

Mastruz: repele pulgas

Capim santo: inseticida de amplo aspecto. Calmante, relaxante muscular, sedativo, antisséptico, antibacteriano e analgésico

Pega pinto: cura doenças de pêlo. (Use em quantidades muito pequenas)

Banana de macaco: trata leishimaniose, anti-inflamatório.

Camomila: dá tranquilidade e acalma.

Erva doce: alivia cólicas.

Embaúba: é anti-inflamatória e alivia dor de garganta. Trata qualquer problema respiratório.

Assa peixe: fortalece o sistema imunológico do bichinho.

Titônia: trata distúrbios gástricos e hepáticos.

 

 Oleatos para massagem

Sempre tenho vários. Mas uso nos animais o de capim santo, manjericão, alfavaca, titônia, embaúba e erva de bicho. O de mastruz uso duas vezes ao ano para desvermifugar. Daí todos os seres vivos da casa usam também.


Aquecimento do filhote

Quando muito pequenos, como era o Axé eu uso uma cestinha de bambu, caixa de papelão ou cestinha produzida com palha de milho. Depois coloquei pedaços de um cobertor para ficar macio e trocar caso escape um pouco de xixi. Quando está muito frio o bichinho fica mais vulnerável. É preciso mantê-lo aquecido até durante o tempo de alimentação.

 

                                     Pérola com a cestinha com o Axé dentro

Intervalos das mamadas

O ideal seria a cada 3 ou 4 horas, mas nem sempre era possível. No período da noite ele mamava entre nove e dez horas e depois na madrugada, entre 4 e cinco da manhã. Então ele chegava a ficar 6 ou 7 horas sem mamar. Na verdade o importante era o acolhimento que ele recebia e daí ele dormia bastante. Algumas vezes eu ia amamenta-lo e ele estava dormindo. O sono alimenta tanto quanto a comida física.

 

Cuidados compartilhados

Tive  ajuda de algumas pessoas para cuidar dele em algumas ocasiões. Meu marido aprendeu a dar mamadeira para ele e a Tereza, vez ou outra limpava o ninho dele. Tive que carregar o Axé pra todo lugar onde fui em novembro de 2025. Dois eventos na FCT Unesp, um em Ourinhos e também em Garça ele foi comigo. Ficamos em um hotel em Ourinhos que tinha gatos. Foi muito legal chegar lá e já encontra felinos pelo espaço.


 


A preocupação com as prisões de ventre

Nestas saídas de casa ele ficou com prisão de ventre.  Eu levei as ervas para acrescentar no leite dele, mas mesmo assim era um drama para fazer cocô. O ambiente agidado dos lugares, o fato de não ter os cheiros que ele estava acostumado e muito estímulo na sua rotina alterava o funcionamento da digestão dele. Daí era um tal de massagem e nada. No fim ele ficou mais de um dia sem faze cocô. Quando estava na estrada indo de Ourinhos para Garça, na imineência de uma chuva intensa ele deve dor de barriga e comeou a reclamar. Parei o carro na beira da estrada, entrei em um cruzamento de terra porque a rodovia viscinal quase não tinha acostamento seguro. Foi muita bosta!

Então é preparar água limpa, sabonete, álcool gel e toalhas limpas para carregar. Uma malinha como se faz para os bebês humanos em tamanho menor.

Como eu estava sozinha eu arrumei uma caixa de papelão muito funda para colocar no carro. Ele já saia do ninho sozinho e é um perigo dirigir preocupada com um filhote. Mesmo reclamando  ele não poda sair da caixa sozinho.

Resposta do gato aos cuidados

Eu fiquei com o coração da mão no  segundo dia de vida do gatinho. Ele ainda não tinha nome. Deixei para nomeá-lo depois de 7 dias. Era preciso ver se ele iria sobreviver. Na segunda feira ele ficou muito molinho. Respirava com dificuldade e o abajur  que o aquecia deu curto circuito e não teve conserto. Eu já estava cuidando das galinhas, um parque, uma casa, um monte de trabalho com prazos para cumprir, um quintal com muitas árvores e um demanda enorme de editais para escrever, além de coordenação e produção de exposições e projetos para novembro.

E o gato mole, respirando com dificuldade. Fiz o  que sei fazer. Cantei pra ele. Fiz massagem. Soprei energia no ouvidinho dele e pedi ajuda aos guias espirituais. Quando meu marido chegou  da escola fomos atrás do leite especial. Que pancada no bolso. Muuuuito caro!! Cento e sessenta e seis reais, 400 gramas de leite. Só compramos desta vez, depois já compramos o leite para crianças humanas bem mais barato. Daí o Fase Um da fórmula humana serviu.

Assim que consegui arrumar a nova lâmpada para aquecê-lo e ele mamou a fórmula para felinos ele já melhorou. Parece que o fato de ficar sem aquecimento é determinante na sobrevivência dos filhotes.  Além, é claro de não ter recebido todas as defesas que o leite materno possui.

Assim, ele foi acostumado a ouvir música. Assim que melhorou e ficou mais espertinho ele foi apresentado aos outros gatos. Nós já tínhamos seis gatos em casa. Ôgho é um gato grande que tem vocação para mãe. Cuidou do Nédio, um amarelinho que veio embaixo de um caminhão de combustível que estaciona na rua do lado da nossa casa. Ficou lá miando feito um doido de madrugada e não resisti e fui atrás do choro. Ele demorou  pouco para se interessar pelo filhotinho, mas ficaram muito amigos depois.

Quem acabou cuidando do Axé foi o Ôgho mesmo. Por mais que a gente limpe, quando começam a comer sólidos, o cocô fede muito. Incrível como os outros felinos conseguem acabar com o fedor lambendo. Por isso precisam de vermífugos, senão ficam contaminados com vermes. E agente também precisa de vermífugos e uma higiene de tudo e de todo mundo na casa.

Inclusive o equilíbrio espiritual é fundamental para que a casa não adoeça com as situações de chegada de um filhotinho, que no começo  só dá preocupação e despesa. Isto é real. Tive que abrir mão de várias coisas que precisava para pagar as despesas do gatinho.

Também é importante estudar para não cair nas armadilhas da onda de cobrar mais caro pelo cuidado com os PETs do que com o cuidado com humanos. Um absurdo a fórmula do leite para gatos custar mais caro do que o leite para humanos filhotes!

A minha preocupação era muito intensa. Tanto quanto e preocupo com as outras vidas. No caso de filhotinhos o coração da gente fica cheio de medos, como se fosse uma criança mesmo.  Os felinos em casa quase não miam. Só para “conversar mesmo”. Eles não reclamam, porque a gente prevê suas necessidades. Tem várias vasilhas com água espelhadas pela casa e no quintal. São trocadas mais de uma vez por dia. As vasilhas de ração são muitas e ficam no alto, onde os felinos podem comer sem a disputa com os cachorros, que adoram comida de gato.

Cozinho comida com plantas medicinais e carne e é raro que fiquem doentes. De maneira geral só quando algum cachorro de rua ataca e precisam fugir. O Igbin pensa que todo bicho é amigo e já levou alguns sustos e mordidas de cães em situação de rua. Ele é muito manhoso e mia para ganhar colo ou para descer do telhado que ele sabe muito bem como descer. Só mia para chamar a atenção e a gente colocar a escada para pegá-lo no colo.

O Axé ganhou muita atenção e ficou um gatinho muito seguro de si. Ele gosta de passear de carro e fica chateado quando não posso sair com ele. Vai tomar sol na calçada, mas passa a maior parte do tempo dentro do quintal. Gosta de brincar com a cachorra. Não tem medo algum nem do galo índio que é muito bravo!!

 


 Ele foi castrado com três meses. A gente considera que existem já vários gatos e é muito complicado cuidar de tantos, mesmo a gente adorando! Enquanto escrevo ele dorme na caixa olhando para o Ôgho que hoje está dormindo sobre o baú. 

 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

 

Ciência Ativa na Produção das Bonecas Abayomis

Autora: Ivonete Aparecida Alves - Mocambo APNs Nzinga  Afrobrasil - Arte - Educação - Cultura

Encontro Precioso Com Lena Martins e Afropira – Piracicaba/São Paulo


 Boneca Abayomi produzida na oficina com Lena Martins na AFROPIRA  em 14 de junho de 2025


A genial imaginação de posicionar bonecas abayomis estruturadas em ambientes históricos no Rio de Janeiro - Obras de Lena Martins:


 




 “AFROPIRA - Coletivo que fomenta a Cultura Afro-Brasileira” na cidade de Piracicaba/São Paulo promoveu no sábado, dia 14 de junho de 2025, um encontro entre bonequeiras do estado de São Paulo, com a presença ilustre de Lena Martins, a criadora da boneca Abayomi.

Confesso que somente estando lá é que entendi a complexidade do encontro,  que acabou influenciando nas muitas dúvidas que tivemos antes do encontro. Um pequeno grupo de pessoas, na sua maioria mulheres com uma enormidade de tarefas para realizar. Literalmente elas cantam, dançam, tocam, limpam, cozinham, cuidam de filhos e outras crianças e adolescentes e ainda organizam os eventos, que são muitos e acontecendo no mesmo período de tempo.

Recepção calorosa  - Érica da Afropira


Eu daqui do Mocambo Nzinga precisei viajar duas noites seguidas, o que fica muito desgastante, levando em  consideração que Presidente Prudente está bem na rabeira do Estado de São Paulo, perto do Paraná e do Mato Grosso do Sul, no Pontal do Paranapanema e Piracicaba já na região de Campinas, bem mais próxima a capital do estado.

Ainda assim, mantive a alegria por compartilhar saberes com outras mulheres negras que mantém uma luta intensa em suas comunidades originais, além de se fazerem presentes em outras localidades fortalecendo a luta coletiva, sempre muito importante na nossa vida afrocentrada.

A metodologia do encontro teve forte influência da própria metodologia de Lena Martins ensinar as técnicas que aprendeu: convidando as pessoas a criarem suas bonecas enquanto narra a maneira como conseguiu criar a boneca abayomi, uma boneca sem cola e sem costura, que utiliza o mínimo de equipamentos.

Esta forma de ensinar e aprender está no bojo da ciência afrocentrada, pois há além da troca de saberes, um compartilhamento dos sentimentos e de uma ancestralidade em comum. A ancestralidade negra é tributária do Egito Antigo, das ciências ocultas de Ifá e demais culturas antigas que vieram sendo atualizadas, sankofando no presente através dos fazeres coletivos, com cada mulher contribuindo para novas formatações.

 

Um lugar acolhedor



Estamos no grupo de bonequeiras:  Érica, Nathy, Eliana, Eveline, Lúcia Makena, Maria de Sampa, Marcelo Domingos,  Professor Gafanhoto, Marisa Silva, Sandra Helena, Marisa Silva, Sandra Helena, Alice Miranda, ...

 

A Oficina com Lena Martins

Eu já tinha participado de duas Oficinas com a Lena Martins aqui em Presidente Prudente, no SESC Thermas da cidade. Ela trouxe os tecidos pretos e também coloridos para ensinar as bonecas de nós no sábado e no domingo os bebês abayomis.




Ela trouxe um tipo de boneca estruturada produzida com retalhos , mas não houve tempo para produzirmos. Fiquei encantada quando soube que seria esta boneca que ela iria ensinar a gente a produzir.

Material necessário

Malha preta, malha com elasteno, microfibra, malha com poliéster, etc.

Tecidos coloridos

Contas coloridas

Lãs em diversas gramaturas e composições

Produção

Corte muitas tiras de malha preta. Corte também tiras de outras malhas para fazer a parte interna da boneca.

 A Boneca Abayomi estruturada



    

Tocadora de tambor da produção de Lena Martins  

Tudo no trabalho artesanal depende. Então o tamanho de nossa boneca Abayomi também depende. Lena Martins nos mostra um tamanho de malha preta e também uma boneca abayomi já estruturada para que soubéssemos comparar e produzir nossa própria boneca.

Lembrando que Lena Martins apregoa que somente é Boneca Abayomi 

- se for produzida com tecido preto para a aparência d corpo;

2.    - usando poucos instrumentos, no caso somente uma tesoura e talvez um isqueiro para parar o desfio de tecidos de algodão;

3.     -  sem cola e sem costura.


A primeira etapa para fazer a boneca é estruturar a cabeça enrolando uma tira de malha que será o recheio da parte principal da boneca, compondo a cabeça.


Esta base deu origem a uma boneca com a medida de 12 cm de largura por 25 cm de comprimento.


Então começamos com um retalho de malha retangular de aproximadamente 30 centímetros de comprimento por 12 cm de largura. Basta uma régua para determinar o tamanho que você pode experimentar.

Separe também uma tira enroladinha para fazer o amarrio.

Dobre uma parte da base preta maior. Lembre que na dobra ficarão a cabeça. O pescoço e a estrutura dos braços. Para baixo sairão as pernas.

Coloque a bola interna para formar a cabeça e amarre com a tira, arrumando a malha para não ficar muito enrugada na parte da frente da cabeça.

 Aperte o amarrio e dê dois nós.


 

                          Bolinha que coloca dentro da parte correspondente à cabeça para dar o volume

Agora corte de baixo para cima a base preta do tecido para formar as pernas.

 

 


Corte também a parte para formar os braços. Começe o corte palas laterais do tecido. Como precisa de uma pouco mais de comprimento, reparta a parte de cima em dois triângulos e abra para deixar  parte dos braços mais compridas.

 Com as tiras coloridas de malha começe a enrolar pela parte central da estrutura da boneca abayomi apertando bem a base do braço até chegar na ponta. Retorne enrolando até chegar ao centro. Faça o outro braço.


Perceba que fiz um amarrio no joelho da base da boneca abayomi para que ela tomasse o formato de sentar-se

Caso termine a tira coloque outra tomando o cuidado de deixar as bordas bem apertadas na base da estrutura da boneca.

Quando mais grossa você quiser a boneca, mais terá que enrolar tecido na base. Lembre que a última etapa é o tecido preto. Então deixe a boneca com um espaço para usar a malha preta para o acabamento da boneca.

 

Há variações no momento de construir a boneca para dar movimento a ela. Com estas variações  é possível criar uma boneca abayomi capoeirista, tocadora de bumbo, musicista, dançarina, além de todas as Yabás e demais orixás.


Oxum produzida por Lena Martins

Finalizada esta parte é o momento de escolher o gênero da boneca ou a personagem que ela se constituirá.

 

Saias e blusas

No meu processo de elaboração de bonecas abayomis fui aprendendo a fazer saias e vestidos de vários formatos. Na finalização das bonecas que vi várias bonequeiras também usando estas técnicas de produção das vestimentas.

Uma técnica para produzir saias é fazer um círculo, cortando o centro e passando as pernas da base da boneca abayomi pelo orifício no tecido da saia.

Outra técnica é cortar um retângulo e fazer uma franja com as mãos e amarar na cintura. Depois de feito  o amarrio vai-se ajeitando a saia para ficar harmoniosa.

 


Vestidos

As técnicas são as mesmas com um tecido mais comprido.

 

Calças

As calças das bonecas Abyomis são produzidas com dois retângulos. Amarra-se no tornozelo e também abaixo da cintura. Para fazer calças pantalonas, deixa-se a parte da barra sem amarrio, ajeitando a barra na perna da boneca.

As vestimentas de luxo

As roupas dos povos negros  ancestrais e também dos povos de terreiro apresentam uma enorme variação. A roupa com a qual se apresenta em público é sempre uma roupa de festa. N caso dos países onde aconteceu a escravidão, a roupa de luxo é uma forma de resistência, um grito de liberdade e à favor da liberdade, pois o recado é ado pelo ato subversivo de usar o que nos foi proibido durante o processo escravocrata.

 

  


As vestimentas típicas

Representar as diversas manifestações culturais do povo negro estabelecido em diversas regiões das terras de Tupã ou pindorâmicas são também formas de resistência e valorização das ricas culturas existentes por aqui.

No evento em Piracicaba se fizeram presentes várias destas manifestações da cultura afro-brasileira, como o samba de lenço, a capoeira, o maculelê e o samba das escolas de samba.

 

       Que tal um duende negro?

                                   
           Dando mais vida ao amarelo

Muitas vivências ainda ficaram sem comentar aqui nesta postagem. Mas as boas lembranças poderão ser despertadas pelo encontro de tantas maravilhas que o dia nos proporcionou. No período da tarde a música e a dança imperou, com convites irresistíveis para a participação de todas as pessoas.


Grupo Samba de Lenço Piracicaba

Mestre: Antônio Carlos Ferraz

Coordenadora: Ediana Maria de Arruda Raetano

Mestre Ediana é uma mulher incrível, com uma voz maravilhosa e uma presença ancestral que acalenta o coração de quem a escuta.


 A mágica da Ana bailando nas rodas



Estavam presentes também bonequeiras de todo o estado com suas produções para Exposição e Vendas, além de peças afrocentradas com capulanas e estamparias africanas. Em nome e todas agradeço a Makena com um trabalho de muito tempo na caminhada com as bonecas pretas.


Grupo da diretoria do Afropira:

Elaine Teotonio

Erica Lima

Isabel Farias

Nathy Pezzato

Julio Rocha

Ariston Batista

Marcos Farias

 

Bonecas Abayomis – “História, Identidade e Resistência” é um projeto realizado através do Governo Federal, Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, contemplado no fomento CULTSP com recursos da PNAB “Política Nacional Aldir Blanc” de fomento à cultura - (lei nº 14.399/2022) no Edital Nº 39/2024 Fomento a Economia Criativa - Código do Projeto 39/2024-1725.0292.5100

APOIOS: @etcprodutora; @mvfprodutora;  

FICHA TÉCNICA: Coordenação - @nathy_pezzato; Produção Executiva - @caferlimaby; Produção Geral - @elaine_teotonio; Produção Artística - @mestre_marquinho

 AUXILIARES DE PRODUÇÃO: @julio_o_rocha; @aristonbatista; @isabelfariaspsi

 AUDIOVISUAL E FOTOGRAFIA

@paulopretofortunato

 DESIGN GRÁFICO

@rsdigitalagenci

 #Paratodosverem: A imagem captura uma cena dinâmica com um mural vibrante ao fundo cercada por elementos artísticos coloridos. A pessoa em primeiro plano, uma mulher negra, cabelo curto, vestindo uma cacharrel preta, uma camiseta verde, calça jeans e coturno preto, segura um microfone e gesticula como se estivesse falando ou se apresentando — talvez participando de um evento ou encontro cultural.

 #encontroprecioso #afropira #abayomi #cultura #bonecas

 Foto do perfil de lydiabazafro

 

sexta-feira, 30 de maio de 2025

 

pimenta rosa

Aroeira mansa, Aroeira da praia, Pimenta brasileira, Pimenta de sabiá

 



Àrvore que cresce nas áreas de Mata Atlântica em todo o Brasil. Pode chegar a 10m de altura, mas é comum encontrar exemplares menores. Seus frutos são a famosa Pimenta Rosa, hoje presente nos restaurantes mais conceituados. No Nordeste sua coleta e beneficiamento tem se tornado uma alternativa econômica para muitas famílias de baixa renda. Em regiões quilombolas é realizado o extrativismo dos galhos. Depois é realizado  as bolinhas com a pimenta são retiradas dos galhos para comercialização.

Popularmente é muito utilizada para lavar feridas, para problemas vaginais, como corrimento, inflamações e infecções, inclusive para tratamentos pós-parto, no controle de hemorragias uterinas. Também é muito utilizado para problemas urinários e do aparelho respiratório, como gripes e bronquites.

A planta pode causar processos alérgicos na mucosa de pessoas sensíveis a seus princípios ativos, por este motivo é sempre recomendado testar as preparações antes de seu uso interno. Apesar disso, sua utilização, tanto das folhas quanto da casca do tronco são consideradas seguras nas doses recomendadas. Mulheres grávidas devem sempre buscar orientação médica.

Se extrato foi testado como anticancerígeno, no controle do desenvolvimento de linhagens de câncer de mama e apresentou relevantes resultados. Um de seus princípios ativos testado isoladamente, (a-pineno) demonstrou excelente resultado no controle do melanoma (Câncer de pele), levando as células cancerígenas a apoptose. Em outro estudo com células de câncer da próstata resultado semelhante foi evidenciado com o uso do extrato de suas folhas.

 Como antimicrobiano, as folhas de Aroeira-vermelha demonstraram excelente ação contra vários tipos de bactérias. Outros estudos demonstram sua eficiência em combater fungos. Sua ação impediu que o fungo Candida albicans, causador da candidíase se fixasse e no caso das cáries dentárias, impediu a formação de filme pelo S. mutans. Num outro estudo com vaginose bacteriana, o uso da aroeira demonstrou excelentes resultados.

Seu efeito anti-inlflamatório também foi avaliado e comprovado. Nos casos de gengivite, a ação do extrato de aroeira foi bastante eficiente em reduzir a inflamação e o sangramento. Nos casos de estomatite gengival por conta de prótese dentária, os resultados também foram excelentes.

Como cicatrizante, os extratos das folhas de aroeira melhoraram muito a cicatrização em casos de cirurgia de bexiga. No caso de úlceras na boca, os extratos de aroeira vermelha aceleraram a cicatrização de maneira muito eficiente.

No combate a úlceras, os extrato de  Aroeira vermelha mostraram capacidade de reduzir a acidez estomacal e aumentar o volume de suco gástrico, melhorando a cicatrização, além de controlar hemorragias estomacais e acelerar a cicatrização da parede do estômago. Avaliada em comparação com Omeprazol no tratamento da gastrite, Aroeira Vermelha mostrou os mesmos resultados, comprovando mais uma vez sua ação benéfica ao estomago.

 

USO RELIGIOSO DAS CASCAS, FOLHAS E FRUTOS

Suas propriedades energéticas espirituais estão diretamente ligadas as questões de purificação e  aroeira é uma planta muito utilizada com fins espirituais, destacando-se pelo seu poder de descarrego. Quando há energias densas alojadas em seu corpo espiritual, o banho de aroeira pode ajudar a purificar e renovar suas energias.

Além disso, a aroeira-vermelha possui uma longa história de uso medicinal na medicina tradicional. Diversas partes da árvore são utilizadas para a produção de medicamentos naturais, devido às suas propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias, antifúngicas e a Analgésicas. Base de estudos :descarrego.

Possui poder de limpeza energética profunda retirando energias negativas, espíritos obssesores, inveja, olho gordo e feitiçarias.

A aroeira é uma planta muito utilizada com fins espirituais, especialmente pela umbanda. Entre as finalidades espirituais do banho de aroeira destaca-se principalmente o seu poder de descarrego.

O Banho de Descarrego com Aroeira tem um propósito muito específico: curar males provenientes do corpo e restaurar a imunidade.

Quando há energias densas alojadas em seu corpo espiritual, essa planta pode te ajudar.

Se há uma sensação de que a vida não caminha para frente, aposte no banho de aroeira. Além da limpeza espiritual, a planta também realiza uma abertura de caminhos, por isso está presente em banhos de amor e prosperidade. O banho com as folhas de aroeira pode ser feito sozinho ou junto com outras ervas, tudo depende da finalidade desejada. Se é um banho potente de descarrego, por exemplo, é possível fazer junto com o banho de sal grosso. Mas se é um banho para abertura de caminhos e prosperidade, então é possível fazer com alecrim, canela, entre outras plantas ligadas à prosperidade.

No Brasil, nos candomblés jeje-nagôs, onde é chamada ajobí (àjóbi), ajobí oilê (àjóbi oilé) e ajobí pupá (àjóbi pupa), a aroeira-vermelha é usada nos sacrifícios de animais quadrúpedes em ebós e sacudimentos, além do emprego medicinal como remédio antirreumático, contra feridas, inflamações, corrimentos e diarreias. Nestas crenças também é uma planta associada a orixá Oçânhim,  e aos orixás Ogum e Exu. Segundo os mitos do candomblé, pela manhã é atribuída a Ogum, e pela tarde a Exu, bem como é utilizada na vestimenta de Oçânhim.

Eu conheci a aroeira como uma árvore de Nanã. lá no município de Cacheira na Bahia. Isto significa que existe a tradição criada em cada casa de matriz africana, além de tradições que se complementam quando há junções ou troca de saberes entre uma casa e outra.

 TEMPERO DA ÀGBÀ


Criei uma fórmula de tempero, onde a pimenta rosa tem uma participação interessante. Os outros ingredentes são: sal marinho integral, urucum (extraído das sementes por mim), açafrão, orégan, pimenta do reino da minha amiga Madalena e coentro. Nas últimas formulações acrescentei pó de moringa oleífera e também erva baleeira desidratada em pó.

Assim, este tempero produz um efeito muito benéfico para a saúde, além de transformar pratos veganos em comida vibrante de sabor, facilitando o gosto das pessoas que apreciam o sabor africano nos alimentos: intenso e marcante. Vim de uma família de cozinheiras célebres e o sabor na comida sempre foi muito importante. Ao deixar de comer carne e peixes o desafio foi alimentar o paladar com comidas de excelência, sem o uso de carnes e  peixes, além de necessitar da complementação alimentar que tanto a erva baleeira como a moringa oleífera promovem.


CARATERIZAÇÃO TÉCNICA DA PLANTA

Engº Florestal: Paulo Hernani Carvalho - EMBRAPA

De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a taxonomia de Schinus terebinthifolius obedece à seguinte hierarquia: 

Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)

Classe: Magnoliopsida (Dicotiledonae)

Ordem: Sapindales

Família: Anacardiaceae

Espécie: Schinus terebinthifolius Raddi; Mem.

Soc. Ital. Sci., 18: 399, 1820.

Sinonímia botânica: Schinus aroeira Vellozo; Schinus terebinthifolius Raddi var. acutifolia

Engler; Schinus terebinthifolius var. pohlianus Engl.; Schinus terebinthifolius Raddi var. rhoifolia (Martius) Engler.

Nomes populares: abacaíba; aguaraíba; araguaraíba,  no Estado de São Paulo; aroeira; aroeira-braba e aroeira-precoce, no Rio Grande do Sul; aroeira-branca, aroeira-comum, aroeira-legítima, aroeira-de-remédio e aroeira-do-brejo, na Bahia; aroeira-corneíba; aroeira-mansa, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Estado de São Paulo; aroeira-negra; aroeira-pimenteira, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Estado de São Paulo; aroeira-preta, no Rio Grande do Sul e no Estado de São Paulo; aroeira-rasteira; aroeira-da-praia, em Alagoas, em Pernambuco, no Estado do Rio de Janeiro e em Sergipe; aroeira-de-minas; aroeira-de-sabiá; aroeira-do-campo, no Estado do Rio de Janeiro, em Santa Catarina e no Estado de São Paulo; aroeira-do-paraná; aroeira-do-sertão, no Ceará, na Bahia e em Pernambuco; aroeirinha, em Minas Gerais e no Estado de São Paulo; aroeirinha-do-campo; árvore-da-pimenta; arundeuva; bálsamo; cabuí; cambuí;  coração-de-bugre; coraciba; corneíba; fruta-de-cutia; fruta-de-sabiá; fruto-de-raposa, em Minas Gerais; fruto-de-sabiá; jejuíra; lentisco; pimenteira-do-peru.

Etimologia: Schinus vem de Schinos, nome usado pelos antigos gregos para a árvore do mástique. Pistacia lentiscus é também da família das anacardiáceas. A resina de algumas espécies de Schinus se assemelha ao mástique.

Por sua vez, o termo schinos provém do verbo grego schizein, que significa “cortar, fazer incisão”, por causa do corte que se faz na casca para fluir a resina. O termo terebinthifolius vem do latim (folia), porque as folhas assemelham-se às espécies do gênero Terebinthus P. Miller, da família das anacardiáceas (Fleig, 1989).

Semente: reniforme e única por fruto. O envoltório é liso, de coloração amarelo-clara,

sendo que a região da calaza e rafe assume uma coloração marrom-escura (Carmelo-Guerreiro & Paoli, 1995), com um funículo fibroso aderido ao tegumento de polpa oleosa. A micrópila não é visível e o endosperma é ausente.

Descrição

Forma biológica: de arbusto a árvore perenifólia, de porte variado. Comumente com 2 a 10 m de altura e 10 a 30 cm de DAP, podendo atingir até 15 m de altura e 60 cm de DAP, na idade adulta.

Tronco: reto a tortuoso, inclinado e curto. Fuste de até 11 m de comprimento na floresta. Ramificação: dicotômica, cimosa. Copa baixa, densifoliada a irregular, arredondada, densa e larga quando isolada.

Casca: com espessura de até 15 mm. A casca externa é cinza-escura e muitas vezes preta, áspera, sulcada, escamosa, desprendendo-se em placas irregulares. A casca interna é avermelhada, com textura fibrosa. Tem odor característico, com exsudação de terebintina (Ivanchechen, 1988).

Folhas: compostas imparipinadas, muito variáveis, alternas, com 9 a 11 folíolos. Os folíolos são sésseis, membranáceos, glabros, verdes a verde-escuros, oblongos a lanceolados, de ápice  agudo e base obtusa, com margem serreada a lisa. As primeiras folhas são trifolioladas. Apresentam,  como característica principal para identificação, a ráquis com ala estreita entre os pares de folíolos. Os brotos jovens são avermelhados. Flores: branco-amareladas a branco-esverdeadas, pequenas, numerosas, actinomorfas, reunidas em panículas axilares ou terminais, densas, multifloras, de 4 a 10 cm de comprimento, que surgem nos ramos (do ano). Fruto: drupáceo, globoso, pequeno, com 4 a 5,5 mm de diâmetro, levemente achatado no comprimento. O pericarpo é constituído por exocarpo friável, brilhante, semitransparente, de coloração vermelho-viva a purpúrea ou rosa forte, quando maduro, mesocarpo com grandes cavidades secretoras e endocarpo lignificado e pétreo (Kuniyoshi, 1983; Carmelo-Guerreiro & Paoli, 1995). O endocarpo contém óleo e, à semelhança do mesocarpo, quando macerado, exala um odor de fruto de manga imaturo (Kuniyoshi, 1983).

Frutificação: os frutos amadurecem de janeiro a fevereiro, no Estado do Rio de Janeiro; de janeiro a maio, no Paraná; em março, no Espírito Santo; de março a outubro, no Estado de São Paulo; de maio a junho, no Rio Grande do Sul e em julho, em Sergipe.

Os frutos persistem por um longo tempo na planta; ademais, há uma grande variação entre as

árvores, sendo impossível precisar épocas de floração e de frutificação. O processo reprodutivo inicia, precocemente, a partir do primeiro ano de idade, em plantio.

Dispersão de frutos e sementes: espécie amplamente disseminada por zoocoria, principalmente por aves. Todavia, Kuniyoshi (1983) observou mirmecoria (formigas) no chão.

Sementes

Colheita e beneficiamento: os frutos da aroeira-pimenteira devem ser colhidos quando

passam da coloração verde para róseo-vermelho-viva. A extração das sementes se faz por maceração dos frutos. Para remover a casca, lavar em água corrente.

Após a extração, as sementes devem ser postas em peneiras e secas em ambiente ventilado.

Número de sementes por quilo: 31 mil (Jesus & Rodrigues, 1991) a 42 mil (Durigan et al.,

1997).

Tratamento para superação da dormência: não apresentam dormência.

Longevidade e armazenamento: as sementes de aroeira-pimenteira apresentam comportamento não recalcitrante em relação ao armazenamento, podendo ser submetidas a processo de secagem, desde que as temperaturas utilizadas não sejam superiores a 40ºC (Barbosa et al., 1998). Sementes dessa espécie, com 7,8% de umidade, podem ser armazenadas em condições de câmara seca (14ºC ± 1ºC e 38ºC ± 2% UR), quando

embaladas em sacos de papel kraft permeável, por 360 dias, com perda de germinação em torno de 23% (Medeiros & Zanon, 1998a). Entretanto, as condições de câmara fria (4ºC ± 1ºC e 84ºC ± 2% UR), associadas com a embalagem de saco de plástico, não devem ser descartadas, porque podem ser utilizadas na conservação das sementes por até 180 dias, com perdas em torno de 33%, em relação à germinação inicial.

Germinação em laboratório: as sementes dessa espécie germinam tanto na luz como no escuro, sendo promovidas pela luz (Sardenberg & Lucas, 1991). A temperatura ótima está entre 25ºC e 30ºC.

 

Referências

PAULO ERNANI RAMALHO CARVALHO – EMBRAPA –

Possui graduação em Curso de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná(1971), mestrado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná(1978) e doutorado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná(1996). Atualmente é Pesquisador III da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Tem experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase em Silvicultura. Atuando principalmente nos seguintes temas: Silvicultura, Espécies florestais, Cabralea canjerana, Calophyllum brasiliense, Centrolobium robustum e Fisiologia vegetal.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

 


AGBÀ Ivonete Aparecida Alves – Coordenadora Geral

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COMIDA BOA É MATO:

OFICINA COMPLETA COM CARDÁPIO E RECEITAS

A primeira edição desta Oficina completa aconteceu no dia 22 de maio e 2025 no Jardim Cambuci, sede do Mocambo Nzinga em Presidente prudente/São Paulo.

A preparação dos ingredientes, no entanto foi um longo processo que exigiu muitas pesquisas, experimentação de ingredientes e combinações para que o sabor da comida fosse intensificado, sempre com temperos naturais com um mínimo de processamento.

Sucesso na degustação: casca da mandioca em formato de chips



Pratos principais para o almoço:


1. Bucha refogada 

2. Grão de bico com PANCs

3. Mandioca mil e uma – bolinhos incrementados com PANCs

4. Salada de flores com grão de bico

5. Cascas de abóbora assada e frita

6. Cascas de mandioca em chips

7. Arroz integral enriquecido

8. Arroz branco com flores

9. Feijões múltiplos vegano

10. Quibe in natura salada 11

11. Pepininho em conserva enriquecido com folhas de abacate

12. Folhas de batata doce 



Pratos doces:

1. Doce de abóbora com hibiscus – receita da Agbà

2. Abacaxi de  Yansã (As Frutas da Orixá Iansã: Abacaxi, Acerola, Ameixa Vermelha, Cajá, Caqui, Cereja, Framboesa, Figo, Goiaba Vermelha, Groselha, Jenipapo, Laranja Bahia, Maçã Vermelha, Mamão, Manga, Manga Espada, Manga Rosa, Melão, Melancia, Morango, Nespera, Obí, Pera, Pitanga, Romã, Tamarindo, Tangerina, Uva Rosa.)

3. Banana assada

4. Gelatina com líquido da banana assada

5. Farofa da casca de banana



Bebidas

1. Chá suco potência da Agbà

2. Água de Matali (trapoeraba  zebrina roxa - comum no México)

3. Chás de ervas

4. Café

5. Sucos de folhas de citrus


Complementos: 

Gelo colorido produzido com chás de hibiscos, com água de Matali, clitória e crajiru.


1.Molho natural de azeite

1/2 xícara de azeite extravirgem

4 colheres de sopa de suco de limão

3 colheres de sopa de mel

Pimenta do reino (a gosto)

Sal marinho (a gosto)


2.Molho de gengibre e azeite extravirgem

1/2 xícara de azeite extravirgem

2 colheres de sopa de vinagre de maçã (a gosto)

3 folhas novinhas de ora pro nobis

1 colher de sopa de mel (a gosto)

2 colheres de chá de gengibre fresco ralado

1/2 colher de chá de sal marinho fino

1/2 colher de chá de pimenta do reino moída na hora


3.Molho afro 1

2 colheres de sopa de azeite extravirgem

3 colheres de azeite de dendê

1/2 colher de chá de pimenta do reino (moída)

1/4 de xícara de alfavaca fresca (lavada e cortado em fatias finas)

1/4 de xícara de orégano fresco (lavado e cortado em fatias finas)

1/2 limão (suco)


4.Molho bahiano frio (sem pimenta ardida)

1/3 de xícara de azeite extra virgem

2/3 xícara de óleo de côco (derretido)

1/3 xícara de vinagre (o vinagre balsâmico dá um toque extra de sabor, mas o tradicional também funciona bem)

1/2 colher de sopa de mel

1 dente de alho picado

1/2 colher de chá de orégano seco

Sal marinho (a gosto)

Pimenta moída na hora (a gosto)


5.Molho com queijo fresco

1/3 de xícara de azeite extra virgem

100 gramas de queijo fresco

1/3 xícara de vinagre (o vinagre balsâmico dá um toque extra de sabor, mas o tradicional também funciona bem)

1/2 colher de sopa de mel

1 dente de alho picado

1/2 colher de chá de orégano seco ou fresco

Sal marinho (a gosto)

Pimenta moída na hora (a gosto)


6.Pimenta cumari ao molho de vinagre

Pimenta cumari e vinangre


Folhas de pinicilina vegetal: Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze



            

Conheci o uso alimentar desta planta com uma engenheiro ambienatal vegano, o Marcelo. Isto faz uns 15 anos. Ele colocava as folhas na água para servir como um tônico natural. Disse que também comia suas folhas em refogados. Desde então passei a incluir suas folhas como alimento. Nós fazemos na omelete, em caldos e sopas e também no feijão, além de ser utilizada como chá potência.  

Folhas de laranja; citrus - todas as folhas de citrus podem ser utilizadas em sucos e chás sucos.

Citros 


Fonte: https://www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura/cultivos/citros#


Laranja
Nome científico: Citrus sinensis L. Osbeck
Família: Rutáceas (Rutaceae)
Nome em inglês: Orange
Origem: Ásia (Indochina, Sul da China)

Lima
Nome científico: Citrus limettioides Tanaka
Família: Rutáceas (Rutaceae)    
Nome em inglês: Sweet lime
Origem: Nordeste da Índia

Lima ácida
Nome científico: Citrus aurantifolia Swingle
Família: Rutáceas (Rutaceae)
Nomes populares: Lima-ácida, limão
Nome em inglês: Lime
Origem: Índia

Limão
Nome científico: Citrus limon L. Burmann f.
Família: Rutáceas (Rutaceae)
Nome em inglês: Lemon
Origem: Golfo de Oman ou Itália

Pomelo
Nome científico: Citrus paradisi Macfadyen
Família: Rutáceas (Rutaceae)
Nome em inglês: Grapefruit
Origem: Barbados (Indias Ocidentais)

Tangerina
Nome científico: Citrus reticulata Blanco
Família: Rutáceas (Rutaceae)
Nomes populares: Tangerina, mandarina
Nome em inglês: Tangerine, mandarin
Origem: Ásia (Indochina e Sul da China)









Doce de abóbora com hibiscus:
Utilizamos o hibiscus que possui as sépalas robustas. 



FONTE: https://hortodidatico.ufsc.br/vinagreira/

SinonímiasSabdariffa rubra Kostel., Hibiscus cannabinus L., Hibiscus cruentus Bertol., Hibiscus fraternus L., Hibiscus palmatilobus Baill.

Nomes populares: Rosela, rosélia, azedinha, azeda-da-guiné, caruru-da-guiné, chá-da-jamaica, pampulha, papoula-de-duas-cores.

Origem ou Habitat: Sudeste da Ásia, Índia e seus vizinhos a leste e ao sul do Himalaia. Foi introduzido no Egito, Sri Lanka, Tailândia, Jamaica e México, e difundida para vários países de clima tropical.

Características botânicas: Existem muitas variedades de Hibiscus sabdariffa, segundo SILVA JUNIOR, 2003, e a variedade que vamos descrever é Hibiscus sabdariffa L. var. sabdariffa Wester f. ruber que apresenta cálices vermelhos e suculentos, próprios para consumo (Morton, 1987, apud SILVA JUNIOR, 2003); é um subarbusto anual, ereto, medindo cerca de 1,8 – 2,20 m de altura. Apresenta caule avermelhado, cilíndrico e ramoso. Folhas alternas, longo-pecioladas, verdes com nervuras vermelhas, sendo as inferiores inteiras e ovadas e as superiores palmatilobadas, com 3-5 lobos estreitos e agudos, 5-nervuras, denteados, com uma grande glândula na base da nervura mediana e medindo de 7 – 12 cm de comprimento.




RECEITAS


1. Bucha refogada (Nome científico: Luffa aegyptiaca, Luffa cyllindrica  Classe: Magnoliopsida; Espécie: L. aegyptiaca; Família: Cucurbitaceae; Ordem: Cucurbitales

Colher as buchas bem novinhas, quando ainda não formaram as sementes. Algumas ainda estarão com as flores na ponta.

Lave bem.

Corte em quadro e fatie como se fatia maxixe.

Tempere a gosto e refogue.

 

2. Grão de bico com PANCs

Coloque o grão de bico um dia antes no molho. Troque  água 3 vezes.

Coloque o grão de bico par cozinhar. Reserve.

Prepare as PANCs frescas. Você pode usar ora pro nobis, bertalha e penicilina. São PANCs que combinam bem o sabor. Tempere a gosto e refogue. Aqueça o grão de bico e misture as plantas refogadas. Sirva.


3. Mandioca mil e uma – palitos, bolinhos incrementados e caldo variado

Ingredientes: mandioca cozida, amido de milho, ovos, fermento, tempero a gosto, cheiro verde, nirrá, bredo, caruru, etc.

Nem sempre a mandioca cozinha bem. No período em que ela começa a ficar aguada, você pode fazer bolinhos ou palitos com  a mandioca cozida.

Cozinhe a mandioca e deixe um pouco firme.

Espere esfriar e amasse, retirando o fiapo central. Separe o que será o bolinho e o que será para o caldo.

Para o bolinho coloque a massa numa vasilha espaçosa. Vá colocando os ovos aos poucos e também o amido de milho. Corte as plantas higienizadas em pedaços pequenos e acrescente à massa aos poucos de maneira que todo bolinho tenha verde. Eu prefiro fazer de colher, mas algumas pessoas usam o saco de confeitar para formar palitos. 


4. Salada de flores com acelga

Colher flores de cana do brejo, critória, chanana, bucha, hibiscos, bougavile,etc

Cortar a acelga fininha e misturar com as flores compondo um arranjo em uma travessa aberta.

Temperar no prato já servido


5. Cascas de abóbora  (madura) assada e frita

LAVAR A ABÓBORA MUITO BEM COM UMA BUCHA. Enxague bem e depois seque.

Descascar a abóbora retirando cascas finas. Tempere com sal e outros temperos como alho amassado, orégano e deixe marinando. 

Asse ou frite em óleo bem quente.

Receita do doce de abóbora com hibiscos

Corte a abóbora em pedaços pequenos e leve ao fogo em uma panela bem grande. Acrescente acúçar mascavo, integral e orgânico. Coloque alguns dentes de cravo da índia. Acrescente na panela, com o doe ainda frio o hibiscos (Rosa sinensis).

O hibiscos rosa sinenses tem a flor em tons bege e quando forma seu cálice floral tem uma sépalas firmes que envolvem a baga da semente. É esta parte que a gente consome na produção do doce. Mas todas as folhas e caule também podem ser consumidos. As folhas refogadas e os caules em chás.

Leve ao fogo e cozinhe até o doce soltar do fundo da panela. Entre 50 minutos e uma hora e dez minutos. Espere esfriar e embale em potes  ou vasilha de vidro com tampa. Dura até uns 10 dias na geladeira lembre que não tem conservante.


6. Cascas de mandioca em chips

A mandioca deve estar inteira lave bem cada raiz, retirando toda a terra, lave uma segunda vez. Reserve.

Em uma superfície bem limpa vá retirando a pele marrom da raiz. Tenha um pouco de sal ou uma vasilha com vinagre para que a casca interna não escureça muito.

Depois corte a mandioca e retire a casca e reserve.

Tempere bem com alho, um pouco de azeite, orégano e outros temperos secos.

Deixe marinar por meia hora. Depois frite ou asse os pedaços.


7. Arroz integral enriquecido

A – Com cenoura, chuchu, abobrinha ralada e temperos variados.


8. Arroz branco com flores

A – colha as flores e higienize bem. Algumas flores precisam ser colhidas em determinadas horas do dia. Por exemplo a chanana só abre depois das 10 ou 11 horas e é quando deve ser colhida. A sépala da bougavile pode ser colhida qualquer hora. Algumas flores são para decoração, mas a maioria é comestível.


9. Feijões múltiplos vegano

Todos os feijões precisam ficar de olho por ao menos 12 horas trocando a água algumas vezes. 

Depois do molho, cozinhe e tempere. 

Você pode acrescentar no final do cozimento, após temperar: ora pro nóbis, trapoerabas, bertalha, cenoura cortada em pequenos pedaços, beterraba e outras combinações vegetais que darão uma sustância maior.

CALDO DE FEIJÃO

Depois de cozido o feijão pode ser batido no liquidificador e transformado em um delicioso caldo. Caso precise fazer o feijão render você pode colocar mandioca cozida em água enriquecida, batendo junto com o caldo de feijão. É possível dobrar a quantidade


10. Quibe in natura salada com PANCs

Coloque a farinha de trigo no molho por duas horas. Troque a água e deixe mais uma hora. Tempere bem com folhas verdes limpas e bem picadinhas. Acrescente tomates, cebolas, alho e pepino picadinho.


11. Pepininho em conserva enriquecido com folhas de abacate e trapoeraba zebrina

Nome científico: Coccinia grandis.

É uma planta trepadeira perene.  Tem ramos finos e estriados, revestidos por pelos claros e longos, providos de gavinhas não ramificadas, de 2 a 3m de comprimento [...], folhas simples, pecioladas, de lâmina membranácea, arredondada e superficialmente 3-lobada, glabra na face superior e esparso-pubescente na inferior, de 5-12cm de comprimento. Flores díclinas, axilares, as femininas solitárias em pequenos racemos, com flores amarelas. Frutos elipsoides, do tipo baga.

Os pepinos maduros dão para molho e os verdes para saladas cruas ou em conserva.

O nosso fizemos conversa. Ferva água e acrescente os pepinos por alguns minutos somente. Tempere a água do picles a gosto. Colocamos Tempero da Ágbà, sal,  folhas de manga e de trapoeraba zebrina.


12. Folhas de batata doce

As folhas de batata doce podem ser feitas como se faz a couve refogada Não precisa escaldar. Caso estejam muito fibrosas, daí é bom escaldar antes de picar para o refogado.



Matapa (https://www.youtube.com/watch?v=_W5hQ9fK0fo)

Como preparar folhas de mandioca - Prato Típico de Moçambique - África

A matapa é um prato moçambicano com folhas de mandioca mansa. Aqui no Brasil temos a maniçoba do Pará feito com folhas de mandioca brava. Leva 7 dias para preparar.

Optei por uma receita da zona rural e Moçambique que fica pronta no mesmo dia.

Retire as folhas da mandioca e lave bem.

Coloque para ferver em água por uns 15 minutos, depois de aberta a fervura.

Deixe esfriar. Retire esta água e jogue fora.

Coloque água limpa e ferva de novo por mais 15 minutos.

Espere esfriar e joque fora a água.

Faça de novo. 

Depois de três águas jogadas está pronto para temperar e finalizar o prato.